Duarte Gomes analisa arbitragem do Sporting-Casa Pia

Trabalho sem qualquer influência no marcador

Hélder Carvalho, árbitro da AF Santarém, viajou até Lisboa para dirigir o duelo entre Sporting e Casa Pia, que se disputou no Estádio de Alvalade. 

Na Cidade do Futebol, em Oeiras, esteve o setubalense Bruno Esteves, que exerceu a função de vídeo árbitro. 

O jovem árbitro escalabitano tem apenas 30 anos de idade. Subiu à 1ª Categoria Nacional há duas épocas. Em 2023/24 tinha dirigido, até aqui, seis jogos da Liga.

Hélder Carvalho mostra ser um árbitro sereno, diplomático, que toma decisões de forma calma e personalizada. Não esteve isento de erros (nenhum árbitro está), mas mostrou potencial para crescer e valor para singrar. 

Segue análise técnica aos lances mais determinantes da partida:

13' Foi bem exibido o primeiro cartão amarelo do encontro a João Nunes. O defesa do Casa Pia derrubou Gyokeres de forma apenas imprudente, mas a infração que cometeu anulou um ataque prometedor conduzido pelo avançado sueco (a bola já tinha sido desviada para o interior da área da equipa visitante).

20' Leonardo Lelo colocou o braço esquerdo em Marcus Edwards, com o jogador inglês a usar o direito para manter a sua posição. Foi um daqueles contactos mútuos de marcação (com risco maior para o defesa), na luta acesa pela posse de bola. Esteve bem o árbitro da AF Santarém ao não assinalar infração passível de pontapé de penálti. 

30' Rúben Lameiras perdeu o lance de forma legal: Gonçalo Inácio tocou na bola primeiro, o contacto posterior no pé do adversário foi decorrente dessa ação. Foi na sequência dessa jogada que surgiu, instantes depois e pelos pés de Nuno Santos, o pontapé de penálti assinalado a favor da equipa da casa.

30' Pontapé de penálti bem assinalado por infração clara de João Nunes sobre Gyokeres. Tecnicamente a decisão de Hélder Carvalho foi indiscutível. A dúvida que existiu relacionou-se com a gestão disciplinar do lance, que em nossa opinião não foi a mais adequada: o defesa do Casa Pia, que já tinha sido advertido em lance anterior, colocou o braço esquerdo no ombro direito do adversário, puxando-o. Em simultâneo atingiu, com o joelho esquerdo, a perna direita (e depois o pé esquerdo) daquele. Ou seja, ao nível do trem inferior, tentou disputar a bola. A questão é que Gyokeres estava na cara do golo, direcionado para a baliza adversária e a pouquíssimos metros de Ricardo Batista. A possibilidade de finalizar com sucesso era muito elevada. Neste caso, a 'clara oportunidade de golo' irregularmente anulada não seria sancionável com cartão vermelho direto, mas devia ter valido o (segundo) amarelo ao infrator.

38' Hjulmand pisou o pé de Clayton de forma intempestiva, fruto de abordagem tardia e francamente negligente à jogada. Esteve muito bem o árbitro da partida ao advertir o médio dinamarquês.

39' Gonçalo Inácio atingiu, com o braço direito, o rosto de Clayton. A infração não foi violenta mas foi evitável e negligente (a bola estava a ser disputada em baixo, na zona dos pés). A equipa de arbitragem não puniu o lance nem técnica nem disciplinarmente. 

45+1' Clayton pisou o pé de Marcus Edwards, lesionando momentanemente o inglês.Na nossa opinião, a infração foi negligente e justificava o cartão amarelo. 

61' Gyokeres caiu na área adversária sem sofrer falta de Leonardo Lelo. O defesa português tocou apenas na bola, não incorrendo em ação irregular. Esteve bem a equipa de arbitragem ao nada assinalar. 

81' Sétimo golo do Sporting CP, marcado por Coates, após assistência bem sucedida de Geni Catamo. A dúvida sobre a legalidade da jogada surgiu no início do lance, em relação à intervenção de Daniel Bragança, mas o médio estava em posição regular. Foi correta a avaliação efetuada em campo pelo árbitro assistente, depois confirmada pela tecnologia (51 cms).

Nota - 6