Destaques do FC Porto: Pepê foi um verdadeiro enganador
Pepê num disparo à baliza de Trubin aos 40 minutos. Sérgio Miguel Santos/ASF

Destaques do FC Porto: Pepê foi um verdadeiro enganador

FUTEBOL30.09.202301:00

Foi falso avançado, falso médio e jogou por dois após a expulsão

Pepê (7) - Ilusionismo enquanto pôde

Fantástica primeira parte do brasileiro. Avançado no papel, mas jogador sem posição, enganando as marcações da águia. Criterioso no passe, criador de jogo para Taremi e explosivo na hora romper linhas em progressão com bola. Com a equipa reduzida a dez, o brasileiro conseguiu fazer de médio ala e segundo avançado em simultâneo, numa capacidade de desdobramento notável. Enquanto teve pulmão, iludiu o adversário, porque em muitos momentos pareceu que as duas equipas estavam em igualdade numérica. Culpa, e muito, de Pepê. Quando saiu, a equipa perdeu-se.

Diogo Costa 7 — No primeiro minuto de jogo quase ofereceu o golo a Di María num passe de pé esquerdo sob pressão. Nada que o tenha perturbado: a partir daí não mais falhou um arremesso curtou ou longo e no decorrer do jogo demonstrou uma panóplia de reflexos que adiaram o golo benfiquista. Um dos melhores da equipa.

João Mário 5  — Jogo feito de irregularidades: por vezes assertivo nas saídas ofensivas, por outras revelando menor confiança, influenciando negativamente os azuis e brancos. O Benfica aproveitou o lado dele para criar jogadas (algumas a papel químico) semelhantes às do golo de Di María.

Fábio Cardoso (2) — Quis resolver o assunto à queima, isto é, recorreu ao carrinho numa bola dividida com Neres em zona proibida. O problema não está na falta, antes na abordagem inicial, dando demasiado o flanco para depois ficar exposto. Pagou pelo erro num jogo em que detalhes como este pagam-se caro. 

David Carmo (6) — A partir da expulsão tornou-se no comandante da defesa e não tremeu. Com a equipa a baixar linhas, acabou por ficar numa situação até mais confortável porque passou a ter muito menos espaço nas costas e jogar mais de frente. Não deu espaços a Musa ou Rafa, não foi por ele que o dragão vacilou.

Wendell (5) — Infeliz no golo, embora pouco se possa dizer da abordagem ao remate de Di María: foi na queima, tentou dar o corpo ao manifesto, mas a noite não estava para caprichos. Foi, ainda assim, dos que mais correu em inferioridade numérica.

Romário Baró (4) — O elo mais fraco na hora de sair alguém para entrar Zé Pedro após a expulsão de Fábio Cardoso. Aqui e ali experimentou a explosão na hora de furar linhas, mas sem dar certezas de conclusão feliz.

Varela (6) — Se o FC Porto controlou o meio-campo na primeira parte deve-se à boa leitura dos espaços deste médio que já parece estar totalmente adaptado às ideias de Sérgio Conceição. Passou para central naqueles minutos entre a expulsão de Fábio Cardoso e a entrada de Zé Pedro. Tirou um golo cantado a Neres (62’).

Eustaquio (6) — Exibição de alta rotatividade, na linha de Varela. Agressivo no pressing e prático nas transições, sempre à procura de Galeno ou Pepê no passe em profundidade e boas dinâmicas com Varela. Estoirou na segunda parte à medida que via o Benfica jogar. 

Galeno (5)Alexander Bah não subiu muito no flanco direito na primeira parte porque ter um jogador como Galeno obriga-o a pensar duas vezes em arriscar aquele jogo do gato e do rato. O brasileiro com passaporte português perdeu o duelo porque, em bom rigor, não foi o acelerador de partículas que tantas explosões provoca. Foi, ainda assim, importante na defesa da zona.  

Taremi (5) — Jogo de muito sacrifício a partir da expulsão de Fábio Cardoso: muitas bolas recebidas de costas para tentar, muitas vezes ele próprio, rodar e avançar por entre a muralha defensiva encarnada. Ainda esteve perto de marcar na primeira parte, mas Trubin negou-lhe o protagonismo. 

Zé Pedro (6) — Entrada a frio e num contexto inimaginável, mas mostrou estar à altura, sem revelar nervosismo, o que só pode merecer elogios. Forte dos duelos, bom jogo aéreo. Esteve perto da expulsão, porém, com uma entrada dura sobre João Neves.  

Gonçalo Borges (-) — Responsabilidade de tentar fazer a diferença num momento em que o campoo estava inclinado a favor do adversário face à superioridade numérica e aeróbia. Não teve, sequer, muita bola para tentar os desequilíbrios individuais. 

Francisco Conceição (-)  — Outro jovem lançado para a fase do imposssível. Destacou-se mais pela entrada agressiva sobre Otamendi do que por qualquer situação de jogo em bola corrida. Também não teve tempo para tal.

Iván Jaime (-) — Só por milagre entraria no ritmo certo para impor o seu futebol criterioso. Isso terá de ficar para outras oportunidades, àquela hora o clássico já estava perdido.