Benfica-Moreirense, 3-0 Destaques do Benfica: Kokçu falou em campo e os outros foram atrás dele
Primeiro jogo após a polémica entrevista mostrou um 10 que não perde o espírito do ‘box to box’; Tomás Araújo e Tiago Gouveia aproveitaram o oportunidade, Rollheiser é reforço
O melhor em campo: Kokçu (nota 7)
No primeiro jogo a titular depois da polémica entrevista a resposta foi em modo de revolta, muito embora já deu para perceber que Kokçu gosta de vestir a pele de lutador, mesmo que por vezes pareça que esteja a lutar apenas contra si mesmo. Jogou onde e como gosta, um 10 que não perde o espírito do box to box, com passada rápida no momento de sair da pressão (a forma como galgou metros no 1-0 foi decisiva) mas uma capacidade de pôr a equipa a jogar à base de toque e passe, tudo isto em progressão e sempre próximo dos colegas, de modo a manter as linhas próximas nos momentos de perda de bola. Esta foi a mensagem que deu: com ele o Benfica pode ser mais compacto. E desta vez não precisou de palavras.
Samuel Soares (5) - Não jogava na equipa principal há mais de sete meses e parece ter acusado algum nervosismo no modo pouco expedito como jogou com os pés. Assistiu, de joelhos, ao único remate perigoso do Moreirense mas foi destemido na reação à recarga de Alan.
Bah (6) - A soma de jogos consecutivos está a fazer-lhe bem: está mais solto e sólido, com boa reação à perda da bola e agressividade ofensiva. Nem sempre definiu bem, mas percebe-se que se aproxima dos níveis exibidos na época passada.
Tomás Araújo (7) - O excesso de confiança podia ter tramado Samuel Soares numa saída de bola na pequena área, mas este foi o único erro de um central que aproveitou muito bem a oportunidade para mostrar o que tem de bom: rapidez, passe preciso e bom timing nos duelos, sem necessidade de recorrer à falta. E um extra que só enriquece o currículo: a estreia a marcar pela equipa principal, cujo golo revelou uma codícia de avançado: cabeceamento defendido para a barra e recarga de ângulo apertado. Aentorse contraída aos 33’ obrigou-o a ficar no balneário ao intervalo.
Morato (6) - Regresso a uma função que há muito desejava desempenhar. Sereno, seguro e jogando de forma muito prática.
Carreras (6) - Outro que mereceu a oportunidade para se mostrar à corte de uma forma mais expansiva, com tempo e espaço para mostrar o que sabe, mas também para exibir algumas fragilidades. O pendor ofensivo esteve lá, o futebol em tabelas também, especialmente em movimentos de fora para dentro e só a espaços em ações por fora, embora das poucas ocasiões em que chegou à linha tentou ser objetivo. Ainda perde alguns duelos defensivos por falta de corpo e as perdas de bola em zonas críticas mostram que ainda há muito para melhorar.
João Neves (6) - Pegou muitas vezes no jogo a partir da zona dos centrais numa partida de maior tração atrás para permitir o balanceamento de João Mário, tentando assim garantir o equilíbrio possível aos encarnados. Poupado ao intervalo a pensar em Marselha.
João Mário (5) - Demorou a estabelecer o seu raio de ação na zona central entre João Neves e Kokçu, melhorando substancialmente na segunda parte após a entrada de Florentino, período em que pegou mais vezes na batuta.
Neres (4) - Longe do jogador explosivo, irrequieto e que assume o um para um com a confiança de que vai ser bem sucedido. Com bola inconsequente, sem bola pouco se deu ao jogo. Saiu ao intervalo.
Tiago Gouveia (7) - Outro que justificou a titularidade. Foi dele o primeiro remate da equipa, aos 11’. Otiro saiu torto, é certo, mas foi um sinal de agitação necessário para tirar as águias das águas calmas. Participou decisivamente no golo de Kokçu e foi dele a assistência para a estreia a marcar de Rollheiser, além de ter estado envolvido nas jogadas mais perigosas da equipa no segundo tempo.
Arthur Cabral (6) - Não será por acaso que, de todos os três avançados atuais do Benfica, o brasileiro parece ser aquele que mais carinho recebe do terceiro anel. Do ponto de vista da técnica individual voltou a mostrar indicadores muito interessantes, especialmente nas situações em que jogou de costas (a rotação e o disparo fora da área à barra, aos 38’ é de ponta de lança) e na atitude também foi inexcedível. Talvez por isso o público lhe tenha perdoado alguns erros na definição.
António Silva (6) - Sem falhas frente a um Moreirense que pouco atacou na segunda parte.
Florentino (6) - A equipa cresceu com ele, conseguindo ganhar mais bolas em zonas subidas.
Rollheiser (7) - Estreia a marcar, após excelente desmarcação e remate em vólei. Agressivo na pressão e na procura de linhas de passe, outra das razões para a melhoria do Benfica na segunda parte. Quem disse que seria reforço só para a próxima época?
Tengstedt (-) - Entrou para que a Luz aplaudisse de pé Kokçu.
Diogo Spencer (-) - Estreia do menino pela equipa principal com um remate tão alto quanto são provavelmente os seus sonhos.