Destaques do Benfica: Di María e Neres, a prova de que incompatível é a falta de talento
Di Maria, IMAGO
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Destaques do Benfica: Di María e Neres, a prova de que incompatível é a falta de talento

NACIONAL29.09.202323:51

Argentino e brasileiro jogaram juntos e foram decisivos na vitória das águias

Di María (8) - a arte de fazer diferente

Os equipamentos ainda não tinham pingas de suor quando o argentino já cheirava o golo, aproveitando o único deslize de Diogo Costa ao permitir que a bola ali caísse no pé esquerdo, a saltitar, à mercê de um franco-atirador. O tiro, de precisão, apesar de ter passado perto do alvo, provou que a especialidade de Di María é outra: o gosto pelo requinte, seja o passe para uma zona onde só ele vê um destinatário ou um golo enganador como aquele que marcou a Diogo Costa, beneficiando do desvio de Wendell, na conclusão de várias combinações entre o argentino e Neres, o grande cúmplice nas maldades infligidas ao dragão.

Trubin (7) — Se o ucraniano precisava de uma boa exibição para ganhar confiança, o clássico deu-lha em doses redobradas. Seguro no ar, nas saídas aos pés (tirou um golo a Taremi, aos 29’), e entre os postes, respondendo com defesa ágil em zona alta ao potente remate de Pepê (40’). Numa primeira parte do Benfica com muitos períodos sem nexo, foi Trubin a dar à equipa as tais doses de autodomínio que precisava para se afirmar. A ovação aos 90+3’ do Terceiro Anel a remate de cabeça de Taremi foi a forma de o público lhe dizer (pelo menos para já): ‘Estás aprovado.’ 

Bah  (6) —  Cresceu na segunda parte, tal como a restante equipa, galgando metros em zonas ofensivas à medida que Galeno ia perdendo capacidade física de tanto correr para trás e para a frente. Foi num dos momentos de afirmação do dinamarquês que o Benfica mostrou ao que ia, mal regressou ao intervalo: um cruzamento tenso para Musa. Não deu em nada, mas foi o primeiro sinal do que aí vinha.

António Silva (7) —  De regresso à titularidade após o erro frente ao Salzburgo e o regresso de uma atitude que contagia a equipa, mas, mais importante, dos cortes no tempo certo, principalmente na primeira parte, quando os centrais tiveram de apagar vários fogos criados por um dragão que cuspia labaredas de todo o lado. 

Otamendi (7) —  Tal como o colega no eixo central, autor de exibição segura, apanhando muitos adversários de frente. O grande corte aos 14’ a Romário Baró é apenas representativo de um todo e de um quadro que esteve para ser emoldurado com talha de ouro caso tivesse marcado à antiga equipa em dois lances de bola parada. 

Aursnes (7) —  Se o Benfica cresceu na segunda parte foi porque a equipa passou a jogar muito melhor pelo lado esquerdo e naquele flanco estava este norueguês que não sabe jogar mal. Participou na jogada do golo e em tantas outras ,fosse no passe curto ou nas variações longas de flanco, coisas que fazem dele um jogador imprevisível mesmo sem fazer uma finta.

João Neves (7) — Outra das razões para a subida da águia na segunda parte. Se nos primeiros 45’ deixou-se enredar na teia do adversário, sem conseguir a coordenação certa com Kokçu, na segunda parte emergiu aquele jogador de amplo raio de ação, dividindo o protagonismo com o turco na arte de girar a equipa e dominar os tempos de jogo.

Kokçu (7) — Nunca joga mal, mas na primeira parte pareceu ainda andar à procura do seu verdadeiro espaço, não apenas no campo mas também no protagonismo e liderança. Cresceu na segunda parte, afirmando um futebol mais prático e veloz, obrigando o FC Porto a desgastar-se mais no carrossel que a águia finalmente conseguiu criar tendo como eixo giratório a visão de jogo do seu número 10. O poste roubou-lhe o golo (53’). 

Rafa (5) —  Não foi o desequilibrador de que Schmidt tanto gosta. Perdeu-se muitas vezes entre as linhas defensivas, sem se dar ao jogo. Mas foi graças aos seus piques de velocidade que o Benfica esticou o jogo para sair das zonas de pressão.  

Neres (8) —  Primeiro, os factos: foi ele a causar a expulsão de Fábio Cardoso, com aquele vai não vai que enganou o central, levando-o a fazer falta para vermelho. Depois, é dele que sai o passe para Di María fazer o 1-0. E agora a subjetividade: são virtuosos como ele que desequilibram jogos divididos, vencendo a tática e prevalecendo a capacidade individual nos lances de um para um. Se havia dúvidas sobre a compatibilidade entre Neres e Di María, o lance do golo (como muitos outros) mostra que dois pés esquerdos desequilibram, sim, mas para o lado contrário. 

Musa (5) —  O lance mais exuberante do croata foi um grande corte a Galeno na área encarnada, aos 13’. Fez tudo bem no papel, mas nunca soube sair das marcações para impor o respeito dos matadores

Arthur Cabral  (5) — Não tirou qualquer coelho da cartola, mas trouxe ao jogo do Benfica mais capacidade de choque e referências na profundidade a merecer novas réplicas.

Jurásek (-)  Fechou o corredor, dando a Aursnes a oportunidade de subir no terreno e libertar-se do fardo de estar sempre a construir a partir de trás.  

João Mário  (-)  Por pouco não deixou Aursnes na cara de Diogo Costa com um passe longo soberbo.

Tengstedt (-)  Para o prémio de jogo.