Destaques de Inglaterra: os deuses do futebol não querem nada contigo, Harry Kane
Uma imagem habitual: Harry Kane e troféus de costas voltadas...
Foto: IMAGO

Espanha-Inglaterra, 2-1 Destaques de Inglaterra: os deuses do futebol não querem nada contigo, Harry Kane

Avançado do Bayern protagonista pela negativa numa final desapontante e continua sem tocar num troféu; gigante Pickford foi adiando e Bellingham apareceu a espaços; alguém consegue explicar como Palmer só jogou 146 minutos em todo o Europeu?

UM SEGURO DE MÁXIMA FIABILIDADE

8 PICKFORD - Extremamente atento nas saídas aos muitos cruzamentos, sobretudo na primeira parte, e fiável com os pés na primeira fase de construção, o guarda-redes manteve Inglaterra agarrada à final na segunda parte com duas grandes defesas a remates de Lamine Yamal. Com apurados reflexos, ganhou o 'mano a mano' ao menino do Barcelona e ficou totalmente isento de culpas nos golos sofridos, já que os desequilíbrios da defesa começaram mais lá à frente: no primeiro por deficiente transição defensiva e com culpas de Bellingham, no segundo pelos atrasos de Walker e Guéhi a atacarem os lances. Aos 30 anos, Pickford está no auge da carreira, fez um torneio imaculado e já justifica voos maiores do que o Everton e a luta pela manutenção na Premier League.

Um dos dois duelos a Yamal que o guarda-redes do Everton ganhou. Foto IMAGO

5 WALKER — A tarefa de parar o endiabrado Nico Williams não se adivinhava fácil, mas também no ataque se revelou francamente desinspirado e com vários cruzamentos mal medidos. O meio segundo de atraso para chegar a Cucurella e impedir o cruzamento que deu o 2-1 a Oyarzabal vai, certamente, tirar-lhe o sono durante muito tempo... Também o golo de Nico Williams apareceu pelo lado direito, embora aí sem culpas diretas.

7 STONES — A exibição quase irrepreensível começou com corte soberbo aos 18' a tirar o golo a Nico Williams e daí foi sempre em crescendo. Controlou bem os movimentos de rutura de Morata e foi o patrão lá atrás.

5 GUÉHI — Bem aos 43' quando ganhou o 1x1 a Morata e impediu o avançado de ficar cara a cara com Pickford. Aos 55', esteve mal e originou lance de perigo ao perder na velocidade para o avançado espanhol e foi a mesma velocidade que lhe faltou para acompanhar a corrida gloriosa de Oyarzabal para o 2-1. Pouco depois, viu Dani Olmo fazer de guarda-redes e, em cima da linha, tirar-lhe o golo que daria prolongamento. Muito esforçado, passou com nota bastante positiva no Euro e mostrou que faz parte do futuro imediato dos três leões.

5 SHAW — Surpreendeu a chamada do lateral, que não era titular na seleção há mais de um ano, numa clara tentativa de Southgate de se precaver para o perigo de Lamine Yamal. E se na primeira parte Shaw cumpriu como mandam as regras, na segunda viu o talento do extremo do Barcelona soltar-se em terrenos mais interiores e nunca mais o viu, culminando no 1-0 de Nico. Tentou dar profundidade no ataque mas do outro lado estava um muro chamado Carvajal que não lhe permitiu grandes brilharetes.

4 MAINOO — Exibição desapontante do muito promissor médio do Man. United, que se tornou no inglês mais novo de sempre a jogar uma final. À semelhança do companheiro de setor, perdeu vários duelos para os três espanhóis que pisavam os mesmos terrenos e com bola foram raras as boas decisões. Saiu aos 70' e já justificava a substituição há mais tempo.

5 RICE — O médio do Arsenal costuma ser um porto seguro mas pareceu algo limitado fisicamente ao longo de todo o torneio, mas Southgate nunca abdicou dele. Mais lento do que o normal nas ações mas com a habitual qualidade com bola e em saltar a primeira pressão espanhola.

6 SAKA — Na primeira parte, o jogo ofensivo inglês caiu quase sempre para o lado dele e colocou problemas a Cucurella de todas as formas e feitios com a sua 'ginga'. Na segunda parte já não teve a mesma frescura e preocupou-se mais em ajudar Walker na missão de travar Nico Williams, mas ainda foi a tempo de ter papel preponderante para o 1-1, servindo Bellingham para a assistência para Palmer.

5 FODEN — Europeu desapontante do criativo do Manchester City. Na primeira parte não se viu a não ser pela abnegação sem bola, apesar de ter sido dele o primeiro remate à baliza dos ingleses, aos 45', de primeira, com algum perigo mas à figura de Unai Simón. Sem Rodri do outro lado na segunda parte a tapar-lhe os caminhos, tentou levar a equipa para a frente, mas nem sempre com o necessário discernimento.

7 BELLINGHAM — Preso ao lado esquerdo na primeira parte não conseguiu aparecer e foi facilmente controlado por Carvajal. Não é extremo para para fechar a linha e isso mesmo ficou exposto no golo de Nico Williams, já que deixou Shaw desamparado e daí surgiu o desequilíbrio. Lá na frente, começou a aparecer aos 64', quando, com uma bela rotação de corpo, tirou três do caminho e rematou com perigo e, mais tarde, fez a primorosa assistência para o golo de Cole Palmer. Termina uma época extenuante com um Europeu inconstante, onde foi aparecendo e desaparecendo dos jogos.

Bellingham pediu desculpa aos adeptos por mais uma derrota numa final. Foto IMAGO

3 KANE — Foi homem só lá na frente, presa fácil para os centrais espanhóis e raramente servido da melhor forma. Foi por demais evidente o extremo cansaço que, ao longo do Europeu, o impediu de ser o Harry Kane que conhecemos. Saiu aos 60', esgotado, depois de uma hora a lutar sozinho. Prestes a fazer 31 anos anos, o avançado, dono de uma carreira invejável a título individual, continua sem conseguir saborear um único troféu coletivo. Injusto.

5 WATKINS — Na meia-final contra os Países Baixos foi herói, na final entrou para a derradeira meia-hora mas não teve capacidade para ganhar os duelos a Le Normand e Laporte.

7 PALMER — O porquê de só ter jogado 146 minutos em todo o torneio é um dos maiores mistérios futebolísticos dos últimos tempos e que talvez nem Southgate conseguirá explicar. Depois de uma temporada brilhante no Chelsea, o avançado mostrou que merecia muito maior consideração por parte do selecionador. Cheio de 'ganas', só precisou de três minutos em campo para dar outras soluções lá na frente e encontrar o caminho para um grande golo.

(-) TONEY — Lançado no desespero inglês de, no 'chuveirinho', se chegar ao 2-2. Limitou-se a vê-las passar.