Crónica do FC Porto-Gil Vicente: sofrimento, descontos e vitória, a trilogia do Dragão
Golo de Iván Jaime no FC Porto-Gil Vicente
Foto: IMAGO

Crónica do FC Porto-Gil Vicente: sofrimento, descontos e vitória, a trilogia do Dragão

NACIONAL23.09.202323:50

Tal como na Reboleira, FC Porto viajou em económica, mas arrecadou três pontos; Gil Vicente tanto e tão bem nadou para morrer na praia...

Não há adepto portista que arrede pé do Dragão, porque se há coisa que o universo azul-e-branco tem aprendido este ano, à custa de muitas unhas roídas, é que até ao lavar dos cestos é vindima, e a sua equipa, por mais vulgar que seja a exibição, nunca se rende. Ontem a história já vista noutras ocasiões repetiu-se, e foi já em tempo de compensação que a equipa de Sérgio Conceição garantiu os três pontos, numa bela cabeçada de Eustáquio a livre batido da direita por Wendell. Nessa altura, já o treinador do FC Porto lançara a jogo todos os atacantes de que dispunha - os dragões procuravam a vitória com Francisco Conceição, Gonçalo Borges, Taremi, Fran Navarro e Toni Martinez - e quis o destino que a bola fosse metida na baliza à guarda de Andrew pelo único elemento que assegurava algum equilíbrio na equipa. 

Não será demasiado falar-se em reconstrução da equipa? Não, não é

Pode dizer-se que este golo ao cair do pano premiou, sobretudo, a atitude dos portistas, que em noite de assinalável desinspiração nunca baixaram os braços. E como com mais ou menos nota artística as vitórias valem todas o mesmo, o FC Porto está a reconstruir-se com perdas pontuais mínimas. Mas não será demasiado falar-se em reconstrução da equipa? Não, não é. Se a Uribe e Otávio, já noutras paragens, juntarmos Pepe, Marcano e Zaidu, indisponíveis, percebe-se que os dragões ainda andam à procura de entrosamento, valendo-lhes a manutenção dos princípios de jogo das últimas épocas. Se assim não fosse, em vez de uma crise de bom futebol, estaríamos perante uma crise de identidade, o que seria muito mais grave. 

Marcar cedo e adormecer Na noite de ontem, um FC Porto armado em 4x2x3x1, com Iván Jaime a dar o primeiro apoio a Taremi, até começou por marcar cedo (8), com o espanhol ex-Famalicão a concretizar uma passe de calcanhar do goleador iraniano. Pelo estádio passou a ideia de que, para os dragões, o mais difícil estava feito, e a partir daquele momento o Gil Vicente teria de correr riscos que iriam custar-lhe caro. Porém, a pouco e pouco os donos da casa foram perdendo intensidade, emergindo a turma forasteira, que com um elástico 4x5x1 que passava com grande facilidade a 4x3x3, não se atemorizou, empatou aos 37 minutos por Depu após um mau passe de David Carmo para Eustáquio, e só não foi para o intervalo em vantagem porque o mesmo Depu falhou um golo que parecia certo (45+1). 

Ataque e contra-ataque 
No segundo tempo, a entrada forte do FCPorto pôs a nu o facto de escassear presença azul-e-branca na área contrária, e aos 52 minutos Conceição tirou um cinzento Varela e mandou o ex-gilista Fran Navarro a jogo. Aumentou a pressão, em duas ocasiões o FC Porto esteve muito perto de marcar e Vítor Campelos refrescou o meio-campo e as alas com Gbane e Marlon Douglas, ajudando a sua equipa a respirar melhor. Foi então a vez, aos 70 minutos, de Sérgio Conceição jogar uma tripla cartada (Francisco Conceição, Pepê e Gonçalo Borges), mas a mexida não foi o que o treinador portista pretendia e quem teve, a seguir duas grandes ocasiões foi o Gil Vicente, a primeira por Félix Correia (74) e a segunda por Dominguez (82), ambas superiormente negadas por Diogo Costa. Para a reta final da partida, Vítor Campelos ainda passou a uma defesa a cinco, com a entrada de Wilson, Conceição chamou Martinez, Campelos lançou Fujimoto e Baturina, mas acabou por prevalecer o golo de Eustáquio, que selou mais uma vitória arrancada a ferros.