Conceição fala em «mentira» no relatório: «Se me chamarem artista fico contente…»

FC Porto Conceição fala em «mentira» no relatório: «Se me chamarem artista fico contente…»

NACIONAL07.05.202314:15

Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, fez a antevisão ao encontro de segunda-feira (21.15 horas) com o Arouca, referente à 31.ª jornada da Liga.

Jogo esperado contra o Arouca: «Um jogo difícil, uma boa equipa, que ultrapassou as expetativas que as pessoas pudessem ter no início da época. Já defrontámos o Arouca, mas são alturas diferentes e histórias diferentes».

Evolução do Arouca: «Vejo um Arouca consistente como equipa, já não perdia há muito tempo e perdeu no último jogo, mas acho que é uma equipa que se organiza de forma interessante nos diferentes momentos do jogo, pode acrescentar alguns elementos à linha defensiva, o que dificulta o adversário. Uma equipa com uma coesão interessante, um futebol positivo e com jogadores que sabem o que fazem».

«Na frente, o Antony dá velocidade ao jogo e Mujica posiciona-se bem, que percebe quais são os momentos a atacar e quando deve ser um apoio à linha média. É uma equipa muito interessante, que tem feito um campeonato de acordo com o futebol que tem praticado. Uma evolução constante, que é admirável e estamos à espera de um jogo difícil entre o segundo classificado da tabela e o quinto».

Impacto da vitória do Benfica: «Muito sinceramente, estamos atentos ao campeonato. Não me compete a mim analisar os jogos dos adversários e sim preparar a minha equipa para amanhã. Estamos atentos a quem está à frente, Benfica, e atrás, SC Braga, mas não interferem na nossa caminhada. Ao treinar a equipa, tive a sensação de que estamos totalmente confiantes daquilo que temos pela frente. Uma equipa madura, que fez um treino com a mesma alegria de sempre e com dedicação máxima. Ninguém nos desarma, estamos firmes até ao fim do campeonato e aí, fazem-se as contas».

Cansaço da equipa: «O cansaço não será desculpa, caso as coisas corram mal amanhã».

Festejo polémico que resultou em expulsão: «Eu fui expulso por festejar o golo. Aquilo que vem no relatório não é verdade. Eu só invadi a área técnica depois de ser expulso, há imagens disso. A palavra ‘artista’ [dita ao árbitro] teve a ver com a expulsão injusta».

Chamar artista ao árbitro: «Se me chamarem 'artista' fico contente… Já fui expulso antes por ter festejado um golo, contra o UD Leiria, onde o banco dos suplentes era quase em cima da linha lateral. Ganhámos por 3-1 e o árbitro expulsou-me por festejar efusivamente um golo. Noutras situações fui bem expulso, como já assumi, mas o que vem no relatório é mentira».

Se achou expulsão exagerada: «O que é que acha? Por exemplo, ontem [Benfica – SC Braga] vi treinadores a invadir as áreas técnicas do adversário e houve bom-senso, não aconteceu absolutamente nada. Depois de ser expulso, dirigi-me ao João Pedro Sousa (treinador do Famalicão) e falei-lhe sobre perdas de tempo, um jogador dele a festejar na cara dos Super Dragões, que não fica bem, o que se passou com o nosso capitão, enfim… Uma quantidade de situações. Há um golo aos 90 minutos e, como devem compreender, num jogo que não nos estava a correr tão bem eu fui festejar a correr atrás dos meus jogadores».

Suposto insulto racista a Pepe: «Eles tentam falar sobre um jogador que tem três Ligas dos Campeões, é dos jogadores mais titulados em Portugal e no Mundo, é o profissional que conhecem e dá o que dá ao clube e à Seleção com 40 anos. Há uns que nascem para ser campeões, como o Pepe, e há outros que nascem para ser comentadores e fazerem análises emocionais. Não tenho mais nada a comentar».

Dinâmica de jogo e posse de bola do FC Porto: «A forma como desmontamos a linha defensiva do adversário pode ser feito de várias maneiras: de uma forma mais direta, mais ligada, através dos corredores laterais, do jogo interior, há variadíssimas formas. Depois depende muito do nosso modelo tático e das características dos vários jogadores. A partir daí, eu defino como podemos chegar à baliza adversária».

«No ano passado, tivemos um jogo elogiado por toda a gente, pela forma como brilhantemente chegámos à baliza do adversário. Tudo depende da capacidade dos treinadores de decidir com base nos jogadores que temos à disposição, de forma a atingir um objetivo muito simples: marcar golos e não sofrer, o futebol é isto».

«Acho que nos tem faltado sermos mais incisivos no último terço do jogo, mais agressividade de movimentos, duelo ofensivo, remates à baliza, passes, etc. A boa agressividade tem faltado ao FC Porto. É nossa obrigação ter mais posse de bola como equipa grande que somos. Nós criamos muito, mas é preciso pôr a bola lá dentro, falta alguma inspiração e frescura naqueles momentos».

Jogadores em último ano de contacto, especialmente Uribe: «Eles têm de ter qualidade, talento e vontade de se desafiarem a eles próprios. É sermos sempre uns eternos insatisfeitos no nosso trabalho diário, achar que o que conquistámos hoje é pouco para a nossa qualidade. Nós tentamos ajudá-los a evoluir, eles estão dispostos a sofrer um bocadinho e a partir daí a evolução é normal. Em relação ao Matheus [Uribe], que está há quatro anos comigo, é um profissionalão e a evolução dele tem sido fabulosa. Se tem mais um mês ou uma hora de contrato, não importa. Se trabalha bem e é estrategicamente importante, vai a jogo. O mais importante é a equipa».

Estratégia do Arouca: «Temos de perceber como é que o Arouca poderá pensar em condicionar o jogo do FC Porto, mas quanto a adivinhar, ainda não tenho esse dom. É observar o padrão e o comportamento, os jogos que têm feito».

FC Porto faz melhor jogo quando adversário cresce e desafia: «Se vocês todos se meterem à frente da porta quando eu sair, vai ser difícil passar. Ainda assim, o FC Porto não tem nove títulos porque jogou sempre com equipas que assumiram o jogo. Temos estes títulos porque assumimos 80% dos jogos e fomos das equipas nos últimos anos que teve maior percentagem de posse de bola, apesar de não parecer. Defensivamente também somos muito fortes e permitimos muito pouco ao adversário ter a bola. Agora puxei aqui dos galões...».