«Com Franco Israel o Sporting pode ficar tranquilo»
Franco Israel deverá manter-se na baliza com o Estoril apesar do regresso de Kovacevic após lesão

EXCLUSIVO A BOLA «Com Franco Israel o Sporting pode ficar tranquilo»

Pierre Sarratia, que trabalhou 30 anos na federação francesa (orientou Didier Deschamps, atual selecionador, ou Lizarazu na formação), foi o mentor do uruguaio no Nacional. Deixa uma garantia a A BOLA para a baliza dos leões: «Franco Israel é o presente e o futuro»

Franco Israel agarrou a baliza dos leões. Partiu atrás de Kovacevic, um dos reforços e aposta forte para a nova época, mas uma lesão do bósnio contratado aos polacos do Raków, reabriu as portas da titularidade ao uruguaio que, para já, em três jogos (Arouca, Lille e Aves SAD), apresenta folha limpa: zero golos. Uma consistência como há muito não se via em Alvalade. O Sporting, de resto, igualou um registo de 10 anos (2014/2015), de cinco jogos consecutivos sem sofrer.

Com o regresso de Kovacevic – foi reintegrado esta semana após uma entorse no tornozelo esquerdo – Franco Israel voltou a ganhar concorrência, porém, mantém-se firme no onze para a visita à Amoreira, na próxima sexta-feira, com o Estoril.

Aos 24 anos, cumprindo a terceira época em Alvalade (contratado à Juventus em 2022/2023), saindo da sombra de Adán, será esta a época de afirmação? Uma questão que só terá resposta mais tarde, mas exista quem não tenha dúvidas. Como Pierre Sarratia, 76 anos, que trabalhou 30 anos na federação francesa, na área da metodologia de treino, e também no Nacional (Uruguai), clube onde Israel deu os primeiros passos. Ele, de resto, foi o mentor do guardião leonino quando este deu os primeiros passos como profissional.

Pierre Sarratia destaca personalidade de Franco Israel e mentalidade forte

Em conversa com A BOLA, Sarratia conta como conheceu Israel. Aquele tímido miúdo que chegou ao Nacional (Uruguai) e que fez o seu trajeto a pulso.

«Quando ganhou a Libertadores sub-20 com o Nacional tinha 18 anos e recordo a timidez que tinha com os seus companheiros, mas era ele que mandava em toda a defesa já na altura. Pensei logo que se a sorte o acompanhasse tinha futuro. O que gostei mais, logo no início, foi da sua personalidade: na vida, todos os dias, educado, sempre com um sorriso. No campo era um leão, com presença, bom jogo de pés e forte no jogo aéreo», começou por dizer Sarratia, que trabalhou com vários nomes de referência como Zubizarreta, Mandanda, entre outros.

«O que acontece é que os grandes clubes escolhem, por norma, guarda-redes experientes. Mas há casos de sucesso como Donarruma ou Restes que tem 18 anos e é titular do Toulouse. Depois, se pegam, duram muitos anos e torna-se complicado para um jovem aparecer. Com o Franco foi um pouco assim. É preciso confiar nele, pois é o presente e o futuro do Sporting», sublinhou.  

Pierre Sarratia (ao centro) com Didier Deschamps (atual selecionador francês) e Lizarazu, com quem trabalhou na formação

Portugal é um produtor de talento e Israel tomou uma boa decisão com o Sporting. É um dos grandes, luta por títulos, e por isso também já é internacional pelo Uruguai. Está numa fase de maturidade, no ponto para uma afirmação

Pierre Sarratia destaca, também, a mentalidade do uruguaio. Algo que por norma tem de estar sempre presente num guarda-redes.

«Os jogadores de campo têm 10 posições para jogar e os guarda-redes apenas uma. É preciso ter uma mentalidade forte para lutar apenas por um lugar. O Franco tem isso e é essa personalidade que faz um grande guarda-redes. A idade até passa para segundo plano», afirmou, dando uma outra certeza:

«Quando assinou pelo Sporting, um treinador português, no caso Álvaro Rodrigues [adjunto de Lamouchi no Al-Riyadh], perguntou-me se conhecia o Franco Israel, porque era do Sporting e disse-me que precisavam de um bom guarda-redes. Só lhe disse que podia ficar tranquilo. E digo o mesmo agora: com ele o Sporting pode ficar tranquilo.»     

Franco Israel somou três jogos após a lesão de Kovacevic e ainda não sofreu golos (IMAGO)

Pierre Sarratia, a terminar, um apaixonado pelo futebol português, destacou o trabalho feito pelos clubes lusos no aparecimento de jovens talentos. Ele que, entre outros chegou a ser treinador de nomes grandes em França como Didier Deschamps(atual selecionador) ou Lizarazu quando estes tinham 13 anos na formação.

«Portugal é um produtor de talento e Israel tomou uma boa decisão com o Sporting. É um dos grandes, luta por títulos, e por isso também já é internacional pelo Uruguai. Está numa fase de maturidade, no ponto para uma afirmação», finalizou.