Já se pode comparar Gyokeres com Harder ou ainda é cedo?

NACIONAL24.09.202406:30

Primeiro ensaio da sociedade nórdica com nota positiva. Há mais pontos que os unem do que os que os separam segundo vários técnicos do futebol português. Sueco imparável soma 40 golos em 40 jogos em 2024. É figura maior deste arranque de 2024/2025 e os números confirmam todo o protagonismo

Imparável. Já não sobram muitos adjetivos para o arranque de temporada de Gyokeres. É o sueco que lidera quase todos os rankings do campeonato até ao momento. Sem oposição à vista. Com o recente bis que apontou na vitória dos leões sobre o Aves SAD, o avançado atingiu número redondo em 2024: 40 jogos, 40 golos. Ninguém festejou mais no... mundo do que o avançado dos leões, o máximo goleador leonino deste milénio à passagem da 6.ª jornada.

Para encontrar, na história do Sporting, o último avançado dos leões a somar 10 golos após seis jogos na Liga teríamos de recuar até 1985/1986, época em que Manuel Fernandes, uma das maiores referências leoninas, que também chegou a esse registo de duas mãos cheias de golos nas primeiras jornadas.

O duelo com a equipa avense teve, porém, um outro atrativo. A entrada de Conrad Harder, o investimento mais avultado do leão para esta época — avançado de 19 anos contratado aos dinamarqueses do Nordsjaelland custou €19 milhões aos cofres leoninos. Visto muitas vezes como alternativa ao sueco, o sucessor natural, Conrad Harder foi lançado no onze numa sociedade nórdica inédita com estatuto de titular (tinham coabitado dois minutos no recente jogo europeu com o Lille).

Conrad Harder e Viktor Gyokeres fizeram furor em Alvalade frente ao Aves SAD (IMAGO)

Um ensaio que confirmou as melhores expectativas. O sueco bisou e o dinamarquês (que aproveitou as ausências dos lesionados Pedro Gonçalves e Marcus Edwards) teve uma estreia de sonho a marcar e assistir o goleador leonino naquela que foi a impressionante 20.ª vitória consecutiva em Alvalade para a Liga.

Após este teste superado — e com a garantia de mais alguns jogos de ausência de Pedro Gonçalves — surge a questão: passará este a ser o plano A do leão? Mesmo contrariando a retórica de que esta dupla, até pelas semelhanças físicas, não seria compatível no ataque? A BOLA contactou alguns treinadores do futebol português e, para já, não restam dúvidas: podem funcionar juntos e até fazem sentido... Para o tormento de muitos adversários...

Paulo Alves: «Se Gyokeres sozinho já era um terror...»

Treinador, que passou por Alvalade enquanto jogador, destaca potencial de Harder

«É claro que é complicado comparar alguém como Gyokeres. Mas é um jogador que na sua essência tem bastantes semelhanças, desde logo pelo poderio físico, a capacidade de finalização, tecnicamente com algo para evoluir, mas esse é um fator a ser trabalhado com o tempo. Está ali um jogador com potencial para poder ser um jogador à semelhança de Gyokeres. Mas só o futuro e a evolução dele o dirá. Os adversários? Se Gyokeres, por ele próprio, já aterrorizava qualquer defesa, em termos de força física, condução de bola, é jogador terrível no deslocamento para as faixas laterais, é muito complicado para os defesas. Ele sozinho já era um terror… com dois as coisas podem complicar-se muito mais. Aperfeiçoando os movimentos, maior conhecimento entre os jogadores, a evolução for positiva, está aqui uma frente de ataque explosiva nos próximos tempos em Alvalade.»

Daniel Ramos: «Juntos são dores de cabeça a dobrar, triplicar…»

Daniel Ramos acredita que esta dupla será utilizada com frequência

«Claro que podem jogar juntos. Principalmente pela forma de jogar do Sporting. Os dois avançados encaixam. São semelhantes e da forma como joga o Sporting isso faz muito sentido. Porque é preciso jogadores que joguem bem por dentro e que tenham baliza. São os falsos alas do Sporting que jogam por dentro, onde jogam Trincão e o Pote, o Sporting quer ter nessas posições um jogador com caraterísticas de ponta de lança com chegada na área, capacidade de finalização, com verticalidade, faz muito sentido poder jogar com um segundo avançado. O Sporting já o fazia quando tinha Paulinho. Para os adversários são dores de cabeça a dobrar ou triplicar… porque não são apenas os dois. São muitas dores de cabeça para o adversário. E vai trazer também nuances diferentes ao jogo do Sporting porque têm mais um avançado possante para jogar nessa posição e vai permitir que o Rúben Amorim possa fazer essa gestão. E mais importante: perceber em que jogos em que isso pode acontecer.»

Litos: «Harder fez um bom jogo e demonstrou qualidade»

Litos, treinador e antigo jogador do Sporting (Rui Raimundo)

«Harder fez um bom jogo e demonstrou qualidade e que tem todas as condições para jogar, mas percebemos para aquilo que é a forma de jogar do Sporting e que o Rúben Amorim pretende dos jogadores que estão mais próximos de Gyokeres, se calhar não é ainda o jogador que se adapte melhor a essas posições, nitidamente que o Pedro Gonçalves está uns furos acima, para aquilo que são as rotinas adquiridas de há muito tempo, agora não temos dúvidas de que o Harder vai melhorar muito esta forma de jogar, esta contratação também serve para quando Gyokeres necessitar de descansar ou ser substituído. Um golo, uma assistência e bons pormenores técnicos, foi uma boa contratação para o Sporting.»

Carlos Pereira: «Mostraram que se completam»

Carlos Pereira gostou do que viu de Harder frente ao Aves (A BOLA)

«No jogo com o Aves SAD mostraram que se completam, querem assistências, querem finalização, qualquer deles consegue individualmente criar oportunidades para ambas as partes. Portanto, a vantagem de um ser esquerdino e outro ser direito também pode pesar nas decisões. E acho que é uma dupla que poderá realmente rentabilizar bastantes golos como ontem demonstraram. A curiosidade de ser canhoto e outro direito tem muita influência na finalização, quer de um lado, quer de outro. Especialmente em bolas de profundidade, Gyokeres atrasando para um pé esquerdo e vice-versa, atrasando também para um pé direito de Gyokeres é uma combinação perfeita. Deixou um bom cartão de visita. E foi muito frio naquela finalização.»