Triunfo do SC Braga diante do Vizela 'atirou' os azuis e brancos para o 4.º lugar da tabela; poderá a série portista na Liga ficar ainda mais negativa?; é que (logo) atrás segue o Vitória de Guimarães...; vencendo, gansos arrumam praticamente a questão da permanência; tantos desafios num só... desafio
O que está a acontecer não é normal. E não é normal, entenda-se, na sequência do que diz a história. Porque a história diz que não é normal o FC Porto entrar em campo na 30.ª jornada do campeonato fora dos três lugares do pódio. Porém, ao dia de hoje, a história é esta. E os azuis e brancos querem, naturalmente, escrever outra história.
Se matematicamente já é impossível os dragões conquistarem ao título - o Sporting tem 77 pontos, o FC Porto 59, e já só há 15 em disputa -, a chegada ao segundo lugar ainda é possível, mas... (muito) pouco provável: o Benfica tem uma vantagem de 11 pontos.
E voltando à história, porque a história existe para ser contada, é ainda mais estranho ver o FC Porto fora do pódio. Só para se ter uma ideia do poderio azul e branco nas décadas passadas, a última vez que o clube não ficou nos primeiros três lugares do campeonato foi na longínqua época de 1975/1976. Nessa altura, o Benfica foi campeão, o Boavista foi vice-campeão, o Belenenses completou o pódio. O FC Porto, acrescente-se, ficou no 4.º posto.
Mas aprofundando ainda mais a história, é (muito) importante realçar que o FC Porto não só ficou, daí para cá, sempre no pódio, como nas últimas sete temporadas conseguiu sempre uma das duas primeiras posições da tabela. Desde 2016/2017, inclusive, foi campeão por três ocasiões e nas outras quatro foi vice-campeão. Com Sérgio Conceição ao leme (desde 2017/2018), o FC Porto conquistou três títulos de campeão nacional e nos outros três anos do reinado do técnico ficou no 2.º lugar.
Agora, quase meio século depois, o FC Porto vê-se na contingência de ter de dar a vida para evitar repetir o cenário de terminar o campeonato fora do pódio. E se Sérgio Conceição tanto tem feito por pintar com um azul ainda mais intenso a já de si riquíssima história do clube, não quererá, por certo, nela ficar inscrito ao igualar um registo negativo que, porventura, já poucos se lembram e que só a história permite recordar.
Serve o (extenso) preâmbulo - mas que a... história obrigava a fazer - para dar conta de que o FC Porto entrará em campo esta tarde fora dos três primeiros lugares da tabela classificativa. Esse dado advém do triunfo alcançado ontem à noite pelo SC Braga diante do Vizela (2-1) e que guiou os guerreiros do Minho, ainda que à condição, à terceira posição. Os arsenalistas somam, agora, 62 pontos, mais três que os portistas.
O encontro marcado para o Estádio Municipal de Rio Maior - casa emprestada ao emblema lisboeta em virtude das obras que decorrem em Pina Manique - já tem, por si só, mais do que motivos para ser... escaldante. Mas há mais!
É que o Casa Pia ainda não tem a permanência na Liga garantida, pelo que precisa de continuar a somar pontos para alcançar esse objetivo. E o FC Porto, além de querer voltar a minimizar estragos e regressar ao 3.º lugar, não pode baixar (ainda) mais a guarda porque no retrovisor surge o Vitória de Guimarães. Que está só a dois pontos de distância...
Mas ainda há mais: também não é nada normal o FC Porto estar há três jogos consecutivos sem vencer na Liga. Mas está. E há mais: o Casa Pia pontua há... três jogos seguidos. Os dados estão lançados...
Um triunfo sobre o FC Porto fará com que o Casa Pia chegue aos 35 pontos e, por consequência, a permanência entre os grandes do futebol português praticamente garantida. Só uma hecatombe e uma extraordinária conjugação de resultados (negativa, na ótica dos casapianos) nas últimas rondas colocariam os lisboetas na rota da descida.
E além desse facto, os gansos entrarão nesta partida com outro dado motivacional: vêm de três jogos consecutivos a pontuar. Nas últimas jornadas, a equipa orientada por Gonçalo Santos venceu o Vizela (4-0) e empatou diante de Estoril (0-0) e Portimonense (2-2).
Sendo que, acrescente-se, a tudo isto há também a juntar o estado psicológico dos jogadores quando defrontam um dos chamados grandes. Estão, pois, reunidas todas as condições para que a formação casapiana faça das tripas coração para bater o pé ao todo poderosoFC Porto.
No plano meramente teórico, é através da veia goleadora do ponta de lança que o Casa Pia mais probabilidade terá de ferir o dragão. Porque o brasileiro assumiu-se em definitivo como a referência ofensiva dos gansos - especialmente depois da saída de Clayton, no mercado de transferências de janeiro - e os números elevam-no ao patamar de destaque: 7 golos em 30 jogos. O jogo desta tarde terá, à partida, especificidades táticas que não favorecem as caraterísticas de Felippe Cardoso - é provável que o FC Porto seja a equipa mais dominadora e que o Casa Pia tente explorar as transições ofensivas -, mas, mesmo sem que os gansos tenham a quantidade de posse de bola que é habitual, o canarinho pode ser uma arma importantíssima para os casapianos. E até nas bolas paradas...
Antevisão de Gonçalo Santos (treinador do Casa Pia):
Gonçalo Santos reconhece o poderio dos dragões, mas acredita nas armas dos lisboetas para alcançarem um resultado positivo; deseja repetir boas prestações frente a Sporting e Benfica...mas desta feita com pontos
Voltando à normalidade... ou à falta dela. Não é, de todo, normal o FC Porto estar três jogos consecutivos sem vencer. Especialmente no consulado de Sérgio Conceição, em que os dragões têm sempre rápidas e eficazes respostas aos desaires sofridos.
Mas a verdade é que, neste momento, os dragões não vencem para a Liga há mais de um mês. O último triunfo foi a 16 de março, frente ao Vizela (4-1), na 26.ª jornada.
Depois disso, os azuis e brancos entraram numa espiral negativa e perderam diante de Estoril (0-1) e Vitória de Guimarães (1-2), tendo, na ronda anterior, empatado com o Famalicão (2-2).
Pelo meio, refira-se, os dragões voltaram a sorrir, mas para a Taça de Portugal: dois triunfos sobre o Vitória de Guimarães (1-0 e 3-1) e consequente apuramento para a final da prova rainha - vão disputar o troféu frente ao Sporting, na final do Jamor.
Sexta final entre leões e dragões. Muito equilíbrio em todas (e com prolongamentos)
Chegou, pois, a altura de sarar as feridas (na ótica dos portistas, claro está) e fazer (de) tudo para minimizar os estragos que, por si só, já são bastantes na época em curso. O FC Porto quer voltar às vitórias, voltar ao 3.º lugar e evitar um cenário que em nada se coaduna com a dimensão e com a... história do clube. E Sérgio Conceição, como tão bem se conhece, será o primeiro a incutir esta mensagem aos jogadores. Porque o técnico, já se sabe, coloca sempre exigência máxima em tudo o que faz e sente o FC Porto como poucos. E, se pudesse, ele mesmo faria parte do onze inicial para ajudar a equipa. Porque vitória é o seu nome do meio...
O criativo brasileiro é, tão só, o jogador com mais minutos nas pernas na presente temporada dos dragões: 3653. Participou em 44 jogos e também lidera este ranking. Leva 7 golos marcados em todas as competições - tantos quantos Francisco Conceição e apenas superado por Taremi (8), Galeno (14) e Evanilson (22). Além disso, o camisola 11 possui uma versatilidade a todos os títulos notável e adapta-se a vários esquemas táticos e a diversas posições no terreno de jogo, qualquer que seja a estratégia adotada por Sérgio Conceição. Esta tarde, em condições normais - entenda-se, a titularidade de Francisco Conceição e Galeno nas alas do ataque -, Pepê deverá alinhar nas costas de Taremi (o iraniano deve ser o escolhido para jogar no lugar do habitualmente titular Evanilson, que está castigado). Mas caso Conceição opte por alguma mudança no figurino da equipa, Pepê poderá alinhar num dos corredores e Romário Baró ou Danny Namaso entrarem diretamente no onze. Sendo que nunca é de excluir a hipótese do brasileiro poder aparecer (mais uma vez) como lateral direito... Pepê dá tudo isto e (muito) mais a Sérgio Conceição. E ao FC Porto.
Antevisão de Sérgio Conceição (treinador do FC Porto):
Técnico do FC Porto projetou o encontro com o Casa Pia
O FC Porto está proibido de voltar a falhar. Se o título já é impossível de alcançar e a chegada ao segundo lugar altamente improvável de acontecer, os dragões estão (historicamente) obrigados a lutar pela melhor classificação possível. Que, nesta altura, é o terceiro posto. Para isso, têm mesmo de vencer o Casa Pia. Porque, caso isso aconteça, voltam a ultrapassar o SC Braga, mesmo que ficando em igualdado pontual com os arsenalistas - as duas equipas ainda vão medir forças na 34.ª e última jornada da Liga, mas, os azuis e brancos têm, neste momento, melhor diferença entre golos marcados e sofridos: 53/23 contra os 63/41 dos minhotos. E ao abrigo dos regulamentos, o confronto direto só será o primeiro fator de desempate quando os dois contendores realizarem as duas partidas entre si no campeonato - na primeira volta, recorde-se, o FC Porto recebeu e venceu o SC Braga por 2-0.