Taremi, terceiro lugar, lesionados e o caso de Chico: tudo o que disse Conceição
Técnico do FC Porto projetou o encontro com o Casa Pia
Sérgio Conceição na sala de imprensa do Olival, na manhã deste sábado, na antevisão ao Casa Pia-FC Porto, relativo à 30.ª jornada da Liga
Análise ao Casa Pia
«É uma equipa que não faz muitos golos mas também não sofre. Defendem bem, são consistentes e, através da organização defensiva, tentam explorar o que têm de bom. Jogadores tecnicamente evoluídos, que partem rapidamente para o ataque e criam dificuldades aos adversários. Temos de ser inteligentes nesse sentido, perceber, com o pouco espaço que nos dão e defendendo de forma mais baixa, o que podemos e devemos explorar e como criar dificuldades a essa boa organização defensiva. Esse é o nosso trabalho, foi a nossa preparação para chegar a Rio Maior e ganhar o jogo.»
Capacidade defensiva do quarteto atacante
«É fundamental, esse equilíbrio é a base para se ganhar, o saber atacar mas perceber que temos uma baliza a defender. Depois, perceber em que não temos sido tão fortes este ano, nomeadamente na reação à perda. Temos muita largura no campo, o que, noutros anos, não acontecia. Os alas exploravam muito mais o espaço interior e nesse momento estávamos mais preparados. É perceber que, quem joga desta forma como estamos a jogar, e mesmo se não fosse desta forma, passamos muito tempo a correr sem bola, temos de ter soluções. O jogo é feito disso e os jogadores têm que perceber que é tão importante defender bem como atacar bem. É nesse equilíbrio e base que as equipas se montam.»
O regresso de Taremi à equipa
«Temos ainda o Danny (Namaso) e o Wendel que esteve no banco e entrou. O Taremi esteve sempre comprometido e foi profissional, como fui dizendo, não jogava porque outros estavam melhor. Agora está a trabalhar e competir bem, dentro do registo que queremos aqui e é opção para o jogo, mas não é o único. Até podemos jogar sem avançado – quero dizer referência no corredor central…»
Perigo de perder o 3.º lugar
«Não nos agarramos às estatísticas, temos de olhar para o que o Casa Pia tem feito. Não nos podemos esquecer que o Casa Pia fez quatro golos contra o Vizela, mais uns quantos contra o V. Guimarães... Isso vale o que vale. O jogo ganha vida própria de acordo com o que fizermos e da competência que colocarmos, através da estratégia definida e do trabalho realizado. É isso que nos leva para jogo. Olhar para o 3.º lugar... É uma realidade. Temos duas equipas muito próximas, uma inclusive com os mesmos pontos. Podemos entrar no jogo no 4.º lugar e isso não é, de todo, algo a que estamos habituados. É por isso que vamos lutar pelos três pontos, não vamos olhar para a tabela, os sócios, adeptos e simpatizantes preocupam-se é com os jogos que faltam, a começar por este, que vai ser um jogo difícil.»
Papel da formação e desempenho dos dragões na Youth League
«Acho que o futuro dos clubes passa exatamente por aí, pela formação. Mas não é só. Se olharmos para os campeonatos, para os tais campeonatos onde realmente existem os tubarões, há muitos jovens que aparecem das formações e isso é uma mais-valia. Nós temos aqui um leque de jogadores feitos na formação do FC Porto, que pertencem à formação. É verdade que na última convocatória eram mais de 50%, e eu vejo com muito bons olhos e vejo qualidade para que esses jovens que ainda ontem representaram tão bem o FC Porto, e na minha opinião mereciam mais, estejam na equipa principal. Até vos posso confidenciar que se calhar um ou dois vão diretamente para a convocatória amanhã. Pepe, Francisco Conceição e Gonçalo Borges não treinaram hoje e vamos ver qual é a evolução deles, e posso recorrer a dois ou três que estavam ontem em jogo. Isso, por si só, diz da qualidade que existe na formação, que tem sido trabalhada pelos treinadores. Aproveito para dar os meus parabéns ao Capucho e ao Folha, muitos daqueles jogadores estão constantemente a treinar e a jogar na equipa B e isso é de louvar, é fantástico. O futuro e o sucesso do clube será, com certeza, atuar dessa forma.»
Lesões de Pepe, Francisco Conceição e Gonçalo Borges
«O doutor hoje apareceu-me no gabinete e a cada 15 minutos trazia-me um caso diferente, sinceramente, temi não ter jogadores para treino hoje nem amanhã para o jogo. O Gonçalo foi um traumatismo, treinou medicado e sentiu que estava pior, o Pepe é uma ligeira inflamação no tendão de aquiles e o Francisco tinha uma dor no calcanhar forte, fez gelo e queimou o calcanhar. Hoje era impossível calçar uma simples sapatilha. Vamos ver como evoluem, estou a ser claro e direto. Mesmo não sendo, vocês vão acabar por saber o que se passa, têm informação privilegiada. Não sei como, mas têm.»
Trabalhar equipa habituada a ser campeã para lutar pelo 3.º lugar
«Agora veio-me à cabeça um treinador italiano que disse que nunca motivou a equipa, porque os jogadores têm de ter essa responsabilidade. Saber que estão a representar o clube em questão, que estão numa final de Taça de Portugal, que fizeram uma ótima Liga dos Campeões, que por algum demérito estão neste momento a lutar por lugares aos quais não estamos habituados. Falo de mim e da minha equipa técnica, estivemos nos últimos seis anos sempre acima dos 80 pontos, mas este ano o campeonato não correu tão bem por algo que já foi muito badalado. Têm de perceber que representam este clube, que tem de haver uma base sempre presente diariamente, onde tem de haver uma exigência e rigor muito grandes no que é o nosso trabalho e ambição diárias, para que nos jogos possam ir lá para dentro com essa motivação, focados naquilo que é o nosso objetivo de sempre: a vitória.»
Atitude dos jogadores e a época de Francisco Conceição na perspetiva de pai e não treinador
«Da forma como jogávamos, tendo dois médios, dois alas a jogar por dentro e dois avançados, num 4x4x2, se calhar é mais fácil nesse momento do jogo sermos eficazes do que da forma em que jogamos agora. Isso tem a ver com o modelo de jogo. A atitude é inegociável, tem de estar sempre presente. É preciso atitude em tudo na vida. Jogadores da formação? Estamos sempre a falar do mesmo, acho que não vale a pena. Francisco? Não estou aqui como pai, estou aqui como treinador. Está tudo? Muito obrigado, hoje falou-se de futebol, parabéns.»