Antevisão Casa Pia – Estrela: Dérbi da vizinhança com regresso aos triunfos como bónus
Muito próximos na geografia e também muito semelhantes no seu esquema tático e ideias. Casa Pia e Estrela da Amadora partilham muitos dos seus fundamentos e também a ambição de vencer o embate entre si, apelidado por ambos os clubes como dérbi da vizinhança em ação conjunta de promoção a este encontro pela 8.ª jornada da Liga.
É a nível de classificação que se encontram algumas diferenças entre Casa Pia e Estrela, vizinhos separados por cerca de quatro quilómetros – o Casa Pia ocupa um tranquilo 10.º lugar, depois de ter protagonizado um início de campeonato tranquilo, com apenas uma derrota nas primeiras seis jornadas. Voltou a ter essa indesejável sensação, é certo, com um desaire na passada segunda-feira frente ao Gil Vicente, mas os gansos têm sido um exemplo de consistência e regularidade. Caber-lhes-á voltar a prová-lo contra os tricolores.
A não muito distantes quatro pontos encontra-se o Estrela, mais apertado na tabela classificativa. Com apenas cinco pontos, fruto de apenas uma vitória em sete jornadas – sobre o Estoril, na Reboleira – os amadorense buscam pelo primeiro triunfo fora de portas para se afirmarem enquanto equipa e para deixar para trás a antepenútima posição (que lhe valeria o regresso ao play-off que ainda há uns meses lhes permitiram regressar ao convívio dos grandes), assim como Rio Ave e Estoril, os dois últimos.
Casa Pia
O emblema de Pina Manique – que por período indeterminado jogará enquanto visitado em Rio Maior – representa um exemplo de bem defender que até poderia ter tido maior expressão caso não tivesse sido derrotado por 2-0 em Barcelos e perdido, por isso, o estatuto de defesa menos batida da competição, que agora pertence ao Famalicão (apenas cinco golos concedidos). Por outro lado, o Gil Vicente provou que é possível marcar – e por mais de uma vez… - aos comandados de Filipe Martins.
À atenção do Estrela estará o facto de, em apenas um jogo, os casapianos terem sofrido metade dos golos (dois) que haviam sofrido até então em todo o campeonato (quatro), denotando debilidades que, até então, não haviam sido detetadas no último reduto formado por Ricardo Batista (guarda-redes) e o trio de centrais formado por Fernando Varela, Vasco Fernandes e Nermin Zolotic. Há, no entanto, que ter em atenção que o conjunto lisboeta encaixou os dois golos quando já se encontrava reduzido a dez unidades…
Residirá também na forma como o Casa Pia irá reagir à ausência de Pablo Roberto, médio ofensivo que acrescenta ainda predicados como a combatividade e capacidade de pressão ao seu portefólio, uma das dúvidas a responder para o encontro. As alternativas existem e foram elogiadas por Filipe Martins, que perderá uma das suas unidades mais preponderantes – Pablo contabiliza dois golos e duas assistências em oito jogos - mas que tem Samuel Justo, titular no último encontro realizado, e Beni Mukendi, que há mais de meio ano se encontra no clube e inspira confiança, como alternativas à primeira vista credíveis.
O Casa Pia pretenderá deixar clara a sua reação às adversidades. Na anterior ocasião em que não pontuou, frente ao Sporting pela 2.ª jornada da Liga, o emblema lisboeta respondeu à altura, somando cinco jogos de forma consecutiva sem perder e, em várias das ocasiões que venceu, fê-lo com golos em fases mais adiantadas dos encontros. Fruto de crença coletiva, mas também possível com homens-golo preparados como Clayton e Felippe Cardoso, que dão garantias na frente de ataque.
Sistema: 3x4x3
Onze provável: Ricardo Batista; Varela, Vasco Fernandes e Nermin Zolotic; Gaizka Larrazabal, Ângelo Neto, Beni Mukendi e Leonardo Lelo; Samuel Justo, Yuki Soma e Clayton.
Lesionados: Kiki Silva, Rafael Brito, Jajá e Fernando Andrade.
Castigado: Pablo Roberto.
Figura: Clayton. É verdade que, no que diz respeito à Liga, não marca há mais de um mês, quando marcou o Boavista para estabelecer uma sempre impressionante marca de cinco golos nas primeiras cinco partidas, juntando as duas eliminatórias inaugurais da Taça da Liga. No entanto, ainda que sem ter ultimamente conseguido marcar, o brasileiro não perde influência no seio da equipa, fazendo o trabalho de sapa que os seus colegas aproveitam para aparecer, marcar…e aproveitar o seu (bom) trabalho altruísta.
Filipe Martins (treinador do Casa Pia): «Foi uma semana na qual senti muita vontade de inverter esse resultado negativo e o que não podemos repetir. Acreditamos que fizemos as coisas bem, tentámos melhorar coisas no processo ofensivo e é também esse o nosso foco».
Estrela da Amadora
Na Reboleira reside uma equipa que tem alinhado a contragosto em relação ao que a fez retornar à I Liga – o Estrela era compêndio a defender na Liga 2, mas no escalão principal ainda procura o primeiro jogo sem sofrer golos desde o início do campeonato e, tal como o seu adversário, faz do seu trio de centrais uma das principais valências para o almejar.
Os resultados têm deixado expressas as consequências dos erros cometidos em todos os jogos, aos quais o próprio treinador, Sérgio Vieira, tem feito referência. Sem possuir um ataque especialmente profícuo, os golos sofridos pelo clube amadorense na Liga têm-se traduzido em empates (dois no total) e algumas derrotas (quatro), que impedem que a equipa alcance um lugar mais tranquilo na classificação.
Sistema: 3x4x3
Onze provável: António Filipe; Kialonda Gaspar, Miguel Lopes e Mansur; Hevertton Santos, Aloísio Souza, Pedro Sá e João Reis; Léo Jabá, Ronald Pereira e Ronaldo Tavares.
Lesionados: Bruno Brígido, Léo Cordeiro, Vitó e Gustavo Henrique.
Figura: Kialonda Gaspar. Apesar de o setor defensivo do Estrela ainda não vender a saúde que apresentava no segundo escalão na temporada transata, o internacional angolano é certamente uma das mais-valias da equipa. Fisicamente imponente e uma voz de liderança, Gaspar tem sido sinónimo de boas prestações individuais, inclusivamente perante vários dos melhores atacantes da Liga – os amadorenses já defrontaram adversários de topo como Benfica, FC Porto e SC Braga. O mercado está de olho em Gaspar e o Estrela não abdica do seu porto seguro.
Sérgio Vieira (treinador do Estrela da Amadora): «Este momento de lesões é triste e temos de o viver. O ano passado também tivemos a lesão prolongada do Gustavo Henrique, e isso só nos levou a sermos mais rigorosos. Acreditamos em todos os jogadores, à medida que assimilam as nossas ideias todos têm de estar preparados para dar o seu contributo».