Bruno Lage: tudo o que o treinador do Benfica disse sobre o clássico

NACIONAL09.11.202415:21

A antevisão do jogo com o FC Porto, ainda Bayern, como defender Samu e a eventual partida de Otamendi

— Como decorreu a recuperação depois de um jogo europeu e como vai abordar o clássico?

— Equipa fez trabalho normal, de recuperação e preparação, sinto a equipa confiante, vai jogar em casa perante adversário difícil, mais importante é a nossa preparação. Percebemos bem que adversário temos pela frente, equipa com boa dinâmica, alas por dentro e por fora, laterais também, saídas a três com médios pelos corredores, tudo perfeitamente identificado. Sabemos o que temos de fazer no momento defensivo e ofensivo, mais importante é reagir à Benfica perante nossos adeptos, em jogo que todos anseiam jogar, queremos fazer boa exibição e conseguir uma boa resposta.

— Pensa manter aposta nos três centrais ou voltar a jogar da forma habitual?

— Jogo de Munique já é passado e não interessa olhar para trás, mas para a frente, questão dos três centrais é falsa questão, o mais importante é a dinâmica da equipa em campo independentemente do sistema. Temos de perceber que quando temos a bola temos de atacar todos e quando não temos a bola temos de defender todos, isso é o mais importante.

— Quer explicar o que se passou com o assessor de Imprensa em Munique? [Bruno Lage falava na sala de Imprensa após o jogo e disse que assumia a responsabilidade, mas imediatamente após intervenção de Ricardo Lemos na sua direção]

— Entendo a questão, mas para mim é um não assunto. Com a minha chegada ao Benfica, quando me apresentaram pessoas da estrutura e percebi que o Ricardo [Lemos] continuava como assessor fiquei feliz, porque vi um excelente profissional, pessoa dedicada e com a qual tenho relação muito boa. Trabalhei com ele e com Nuno Farinha, entretanto com outros assessores em Inglaterra e no Brasil. O mais importante foi alinharmos ideias, Ricardo faz o trabalho de assessor, sabe como gosto de receber informações, conhece-me perfeitamente, a partir daí deixa de ser o trabalho dele e passa a ser a minha voz e a minha cabeça de chegar aqui, falar para vocês, e decidir o onze, a estratégia, as substituições. É a minha forma de liderar, não é estar a aqui a dizer que mando ou não, gosto de liderar pelo exemplo, pelo trabalho, pela competência. Interessa é falar do jogo, os protagonistas são os jogadores e não o que se passou na conferência.

— António Simões disse em declarações à Rádio Renascença que o Benfica se apresentou em Munique «num tamanho tão pequeno que fere história do clube» e que por isso não chegará ao clássico com confiança. Como analisa estas palavras?

— Já assumimos a responsabilidade e todos ficámos com o sentimento de que poderíamos ter feito melhor, sobretudo no momento ofensivo. Tenho relação muito boa com António Simões, falamos frequentemente e trocamos muitas mensagens, respeito muito o senhor António Simões, sei o que representa para o Benfica, sei o que fez quer enquanto jogador nos anos 60, quer enquanto diretor, cabe-me respeitá-lo, ouvir, aceitar, aprender e projetar o futuro.

— É um jogo decisivo, face à desvantagem pontual e quando estamos a chegar ao terço de campeonato?

— Apesar de um terço de Liga, ainda nos falta um jogo para realizar [Nacional, adiado por causa do nevoeiro na Choupana]. Acho que à 11.ª jornada nenhum jogo é decisivo, é importante e é esse grau de importância que temos de levar a jogo, perante os nossos adeptos fazer grande jogo, isso é que nos entusiasma. Jogar bem, criar oportunidades, marcar golos, e ficar com os três pontos.

— Vítor Bruno, treinador do FC Porto, falou de injustiça para a equipa no jogo da Liga Europa [perdeu com a Lazio, 1-2]. Do seu lado sentiu também injustiça e raiva dos seus jogadores após a derrota em Munique?

— Não me deixa feliz, porque perdemos o jogo, mas olhar para o sentimento dos jogadores no final, quando falei com eles após o apito do árbitro e quando voltámos ao balneário… Havia o sentimento de que poderíamos ter feito mais perante o Bayern. E isso deixa-nos realmente com perspetivas de fazer um grande jogo. Vi-o nos olhos dos jogadores e é essa energia que temos de canalizar para o jogo, sentir que podemos fazer mais sobretudo no momento ofensivo e é isso que está projetado.

— Poder entrar em campo a 11 pontos do Sporting, como aconteceu em Faro, na jornada passada, é fator extra de stress? [Sporting joga antes em Braga e Benfica terá 2 jogos a menos quando iniciar o clássico]

— Penso que não, vamos olhar simplesmente para aquilo que vai acontecer no jogo. Já aconteceu no passado o Sporting jogar sempre primeiro do que nós e nós estarmos completamente focados no jogo. Há variáveis em jogo, aquilo que eu e a equipa controlamos é aquilo que vamos fazer neste jogo, é o mais importante.

— Bah tem condições para ir a jogo?

— Bah treinou-se bem e está disponível para o jogo.

Beste não estará adaptado e pretenderá sair em janeiro [noticia o jornal Record]. Que comentário pode fazer?

— Em relação a Beste, sinto que é um jogador muito focado no Benfica e perfeitamente adaptado, já disse que não há jogadores de Roger Schmidt ou de Bruno Lage, há, isso sim, jogadores do Benfica. Sinto que é um jogador feliz e completamente integrado, especialmente agora que chegou o frio. Tem tido boas prestações a começar os jogos ou a sair do banco, com assistências e golos.

— Da Argentina chegam notícias de que Otamendi pode sair em janeiro para o River Plate, confirma?

— Sobre o Nico, o que posso dizer? Sentimos orgulho enorme quando ouvimos falar o Bernardo, o Cancelo, Ederson, Rúben Dias a dizer que gostariam de voltar [ao Benfica]. É uma coisa que temos de aceitar, um dia vai querer regressar ao seu país, mas não vamos saber quando é que sai. Ainda hoje se preparou da melhor forma possível, é um exemplo para os mais jovens, sinto-o focado no Benfica e no jogo.

— De que forma pode tentar travar Samu, o poderoso ponta de lança do FC Porto? Algum cuidado especial?

— Preocupam-me sempre a forma e o espaço para ter a bola e jogar de forma ofensiva, é a forma como trabalho sempre, olho sempre para o jogo de forma ofensiva, depois então penso como defender determinado adversário. FC Porto tem características muito interessantes, tem ponta de lança muito forte na área, tem dinâmicas muito boas nas alas, especialmente na direita, com Pêpê, a vir dentro e a tentar jogar entrelinhas, a aproveitar o espaço à frente dos nossos centrais, depois há Galeno mais aberto. Os laterais por dentro, jogando também entrelinhas. Mas o que mais nos preocupa é o que temos de fazer com bola e depois perceber como o FC Porto se posiciona e como pressionar.