Manchester City Bernardo Silva a lateral? «Não estava à espera, agora respeito mais os defesas»

Bernardo Silva falou do percurso e da evolução enquanto jogador e assumiu que Pep Guardiola foi o treinador que maior impacto teve nesse processo.

«Não sou o mesmo jogador que era quando comecei, há dez anos. No Manchester City jogar em várias posições ajudou-me a perceber o que exigem outras funções e o meu entendimento é mais evoluído neste momento. (…) Quando comecei o jogo já era muito tático, mas ainda havia aqueles jogadores que não defendiam muito, mas hoje isso já não funciona. O jogo mudou muito e vai continuar a mudar. Pessoalmente, ajudou-me ter treinadores diferentes e experiências diferentes. Aprendi muito nestes anos e sinto-me um jogador mais completo», começou por dizer em entrevista à ESPN.

Uma formação que contou com contributo determinante de Pep Guardiola: «Foi o treinador com que mais tempo trabalhei, seis anos. Antes dele foi com Leonardo Jardim no Mónaco, por três anos. (Guardiola) Teve um grande impacto no jogador que sou hoje. Ele não pára, sabe que o jogo está sempre a evoluir. Não deixa que as outras equipas se adaptem a nós. Todos os anos tenta criar algo novo e diferente para que as outras equipas não se habituem à nossa forma de jogar. Mudamos a tática, a formação, a forma como atacamos e defendemos, e isso dificulta a vida dos adversários. Isso mudou a minha forma de ver o jogo porque acreditava que quando a equipa ganha, deve continuar a fazer as mesmas coisas. E ele prova todos os anos que estou errado. Porque ganhamos e ele muda para continuar a fazer ainda melhor. Isso teve um grande impacto no jogador que sou hoje.»

Exigências que Guardiola transforma em desafios para os jogadores: «Quando todos têm o mesmo objetivo é fácil perceber o que os outros têm de fazer. Ajuda estar com ele há muito tempo. Sabemos exatamente o que ele quer. Sei o que ele quer noutras posições, o que pede a um defesa-central ou a um avançado. Por isso, se um dia tiver de jogar nessa posição, sei o que ele quer. Ajuda jogar em posições diferentes. (…) Não fazemos trabalho tático extra. Com o tempo percebemos o que ele quer e o que espera de nós. Posso jogar de olhos fechados porque estou com ele há seis anos.»

A reação quando Guardiola lhe pediu para jogar a lateral-esquerdo: «Quando Cancelo saiu e ficámos sem muitos jogadores para essa posição ele deve ter pensado ‘vou experimentar o Bernardo porque pode resultar’. Chamou-me ao escritório, disse-me o que estava a pensar e perguntou ‘estás preparado?’ Disse ‘sim, vou dar o meu melhor’. Foi uma surpresa, não estava à espera. Mas foi um grande desafio porque nunca tinha jogado nessa posição.»

Experiência enriquecedora: «Foi difícil porque não sou um jogador rápido e tenho de proteger as minhas costas enquanto verifico a linha defensiva para não colocar um adversário em jogo. É muito difícil, agora respeito muito mais os defesas. Como extremo, médio ou avançado, vamos para o jogo concentrados, mas sabemos que se falharmos um passe ou perdermos a bola temos oito jogadores atrás de nós. Como defesa a preparação mental muda totalmente. Em vez de uma preparação mental criativa, é uma preparação mental para não cometer erros, sabendo que um erro pode dar um golo ao adversário. É difícil ser defesa.»