Áustria-Turquia: reconquistar a Europa
Áustria derrotou a Turquia por 6-1 em março, num jogo de preparação. Foto: IMAGO/Andreas Stroh

ANTEVISÃO Áustria-Turquia: reconquistar a Europa

INTERNACIONAL02.07.202408:00

Vencedor do duelo enfrentará Países Baixos ou Roménia nos quartos de final

Áustria e Turquia preparam-se para protagonizar mais um duelo apaixonante nos oitavos de final. Os dois conjuntos defrontam-se esta terça-feira, às 20 horas, na Red Bull Arena em Leipzig.

Será a primeira vez que os herdeiros de dois dos mais proeminentes impérios que pisaram o planeta se encontram num Euro. Ainda assim, as duas seleções não são desconhecidas, tendo-se enfrentado um total de 17 vezes, com o balanço estatístico muito equilibrado: nove vitórias para os austríacos, sete vitórias para os turcos e um empate. Também no capítulo dos golos as duas equipas se equiparam, com a Áustria a ter marcado 24 golos nos confrontos entre ambos e a Turquia 23. Nota para o último encontro entre as duas formações em março deste ano, em que a Áustria esmagou a Turquia por expressivos 6-1.

Os ânimos aqueceram no último encontro entre as duas seleções. Foto: IMAGO/Andreas Stroh

Depois de conquistarem meia Europa no século XX, as duas seleções vão tentar honrar o passado, desta vez conquistando a Europa através do desporto-rei.

O duelo terá participação portuguesa: Artur Soares Dias é o escolhido para arbitrar o encontro e terá a ajuda de Paulo Soares e Pedro Ribeiro como árbitros assistentes, bem como Tiago Martins no VAR.

Áustria

Não será exagero dizer que a Áustria é uma das equipas-sensação deste torneio. Se por um lado a Geórgia surpreendeu ao derrotar Portugal e chegar aos oitavos de final na primeira participação na competição, por outro, o conjunto austríaco puxou as atenções para si ao terminar na liderança do Grupo D, à frente de França, Países Baixos e Polónia.

A disputar um campeonato europeu apenas pela quinta vez, a Áustria espera chegar aos quartos de final pela primeira vez, tendo chegado aos oitavos apenas em uma ocasião (Euro 2020). Com Ralf Rangnick, o arquiteto do Gegenpressing, os austríacos têm apresentado um futebol de alta qualidade, vertical, rápido e dinâmico, tendo aqui uma grande oportunidade para continuar a dar cartas no futebol europeu.

Na antevisão, Baumgartner destacou os «arranques rápidos» como um dos pontos fortes da Áustria. E acrescentou: «Queremos pressionar os nossos adversários de imediato, não queremos estar à espera do passe perfeito. O nosso jogo é sobre ser enérgico e não acho que seja uma coincidência que estejamos a começar os jogos tão bem. Não é por acaso que estamos a começar tão bem os jogos.»

O médio do Leipzig sublinhou que a equipa vai ter de «dar tudo», mas mostrou-se confiante em como vão vencer o jogo. Sobre chegar aos quartos de final, considerou que «seria um momento muito especial para o futebol na Áustria», mas frisou que «o importante agora são os 90 minutos — ou talvez os 120 minutos». «O que importa é o jogo e não o que pode acontecer depois», concluiu.

Esquema tático: 4x2x3x1

Onze provável: Patrick Pentz; Stefan Posch, Max Wober, Kevin Danso, Alexander Prass; Nicolas Seiwald, Florian Grillitsch; Chirs Baumgartner, Marcel Sabitzer, Romano Schmid; Marko Arnautovic.

Em dúvida: Gernot Trauner, Leopol Querfeld, Philipp Lienhart, Phillipp Mwene.

Castigados: Patrick Wimmer.

A figura: Marcel Sabitzer. Um dos pulmões e criativos desta equipa que, na verdade, vale pelo todo, pela pressão que exercem no adversário quando não têm bola e a forma como se organizam com o esférico em posse. Ainda assim, Sabitzer é um dos futebolistas em destaque e com maior responsabilidade na execução do que Rangnick pede.

O que disse Ralf Rangnick, selecionador da Áustria: «Seria muito importante conseguir algo que a Áustria nunca conseguiu antes [chegar ao quartos de final]. Poucas pessoas esperavam que passássemos do nosso grupo, quanto mais que terminássemos no topo do grupo mais difícil. Não é por acaso que estamos nos oitavos de final. Agora estamos aqui em Leipzig, onde trabalhei durante oito anos e onde muitos dos meus jogadores jogaram ou ainda jogam. Estamos entusiasmados e esperamos que, além dos adeptos austríacos, haja também alguns adeptos de Leipzig.»

Turquia

O conjunto turco tem protagonizado um ano de 2024 algo inconstante no que toca a resultados. A equipa treinada por Vincenzo Montella entrou no Euro sem qualquer vitória no ano civil, embora se tenha redimido ao bater a Geórgia (3-1) e a Chéquia (2-1) no Grupo F, tendo acabado em segundo lugar, apenas atrás de Portugal, contra quem perdeu o jogo (0-3).

Destaque para o encontro entre turcos e checos, que se tornou o jogo com mais cartões da história do Euro: 18 amarelos e dois vermelhos. Como consequência, Hakan Calhanoglu e Samet Akaydin estão castigados e não vão a jogo, com vários outros jogadores a precisarem de ter cuidado caso a equipa passe para os quartos de final.

Na antevisão, Mert Muldur garantiu que a equipa estudou o adversário e está prontos para chegar à próxima fase do torneio: «Há um bilhete para os quartos de final em jogo e ambas as equipas o querem. Analisámos muito bem o nosso adversário. Não achamos que será como o nosso último encontro. Estamos a pensar em como vai ser bom entrar em campo. A paixão dos nossos adeptos nos jogos que ganhámos deixou-nos muito felizes. Espero que volte a acontecer o mesmo.»

O lateral, que curiosamente nasceu na Áustria, destacou a qualidade da formação austríaca como um todo: «A Áustria é uma equipa muito sólida. Não gostaria de destacar nenhum jogador. Jogam muito bem e conhecem muito bem os seus pontos fracos e fortes. Cresci na Áustria, por isso tenho uma certa relação com o local. Muitos amigos de Viena telefonaram-me e vão estar cá. É claro que vai ser diferente para mim, mas nunca pensei em jogar pela Áustria.»

Esquema tático: 4x2x3x1

Onze provável: Mert Gunok; Mert Muldur, Merih Demiral, Abdulkerim Bardakci, Ferdi Kadioglu; Salih Ozcan, Kaan Ayhan; Arda Guller, Orkun Kokçu, Kenan Yildiz; Baris Yilmaz.

Em dúvida: Nada a acrescentar.

Castigados: Samet Akaydin, Hakan Çalhanoglu.

A figura: Arda Guller. Depois de uma época marcada por lesões ao serviço do Real Madrid, o médio/atacante turco está a mostrar o porquê de os merengues o terem contratado no verão passado. Já leva um golo no torneio e a bola sorri sempre que lhe toca nos pés. Com Çalhanoglu ausente por castigo, a Turquia estará sempre mais próxima de se qualificar se o prodígio de 19 anos estiver em boa forma.

O que disse Vincenzo Montella, selecionador da Turquia: Não podemos deixar-nos levar pelas emoções, não podemos pensar em vingança [pela derrota por 6-1 em março]. Sabemos o que a Áustria pode fazer, mas também sabemos o que nós podemos fazer. Espero um público cheio de bandeiras vermelhas e brancas nas arquibancadas. Os nossos adeptos têm-nos apoiado muito bem até agora. Isso vai dar-nos uma vantagem.»

Vincenzo Montella, selecionador da Turquia. Foto: IMAGO/Sports Press Photo