Austrália-Inglaterra: muito mais do que futebol

Mundial Feminino-2023 Austrália-Inglaterra: muito mais do que futebol

INTERNACIONAL15.08.202309:00

Ainda com Espanha e Suécia a secarem lágrimas de alegria ou drama, conforme o desfecho da primeira meia-final da manhã desta terça-feira (9 horas portuguesas) em Auckland, na Nova Zelândia, entre, relembre-se, a seleção ibérica estreante nesta fase do Campeonato do Mundo feminino, e a escandinava tomba campeãs, ouvir-se-á o apito inicial no Austrália-Inglaterra.

A segunda semifinal acontece amanhã (11 horas), no palco maior do torneio, o Stadium Austrália, estádio olímpico de Sydney, por este jogo ter significado muito maior do que o futebol.

Desde logo por constituir o mais recente capítulo da eterna e amarga rivalidade entre os dois países insulares de ligação secular, desde 1788, ano em que a anfitriã Austrália começou a ser colonizada para servir de prisão a condenados da colonizadora Inglaterra.

Resquícios históricos ou não, o certo é que o maior desejo da seleção visitada, 10.ª no 'ranking' do futebol, é selar a também para ela inédita meia-final com a eliminação das 'Lionesses' inglesas, campeãs europeias e quartas na mesma tabela FIFA.

À imagem da nova nota de 5 dólares (€2,97) a circular no país, na qual a efígie do pai da federação australiana, Sir Henry Parkes, já ganhou à do rei Carlos III e à da falecida mãe, Isabel II, por na Austrália, tal como em muitas ex-colónias britânicas, a manutenção dos laços constitucionais com a Grã-Bretanha serem tema de amplo debate.

A enchente nas bancadas é garantida, com os cerca de 80 mil lugares há muitos meses esgotados.

Assim como a audiência, depois dos 7,2 milhões que assistiram, nos quartos de final, à vitória das australianas frente à França (7-6) com número recorde de penáltis, 20, no que constituiu um novo máximo televisivo na transmissão de um  evento desportivo em mais de 20 anos.

Isto numa nação onde râguebi e o futebol australiano (um misto de jogo da oval com as ferozes placagens do futebol americano, porém jogado sem qualquer equipamento de proteção) dominam o panorama desportivo, mas com o primeiro-ministro, Anthony Albanese, já a admitir um eventual feriado nacional caso as 'Matildas' conquistem  o Mundial no próximo domingo, também em Sydney.

«Será um jogo muito importante. Pela quantidade de vezes que já mo perguntaram, se calhar mais até do que imagino. Vou falar com as minhas jogadoras e adjuntas para perceber melhor essa rivalidade», admitiu a selecionadora das inglesas, Sarina Wiegman, neerlandesa. Faz bem. E se calhar, também apostar uns 5 dólares…