Atlético: reforçar ambição com  nova vista para o Tejo
Tapadinh vai ser alvo de remodelação (Foto Breno Barison)

Liga 3 Atlético: reforçar ambição com nova vista para o Tejo

NACIONAL13.02.202417:10

Tapadinha vão ser alvo de profunda remodelação* Investidor norte-americano injetará cerca de um milhão de euros por época

Vivem-se dias felizes na Tapadinha, com o Atlético a disputar a fase de subida à Liga 2, depois de atravessar o deserto, tendo em conta que em 2017 estava na III Divisão distrital.

Após uma mal sucedida experiência de SAD com investidores chineses – acabou na insolvência -- a 28 de janeiro os sócios aprovaram a constituição duma nova sociedade desportiva, cujo capital social será detido a 90 por cento pelo empresário norte-americano Gifford Miller.  

Ricardo Delgado preside ao Atlético desde 2017

O presidente do clube, Ricardo Delgado, explica porque defendeu a entrada dum investidor, que se prevê que injete mais de um milhão de euros para o orçamento de cada temporada. «Se o Atlético, financeiramente, fosse um clube com receitas altas, nunca iríamos precisar de investidor nem de constituir uma SAD, mas a verdade é que o desporto mudou e o que se precisa para manter uma equipa numa Liga3 – e a nossa equipa foi pensada para a manutenção – envolve valores muito altos e um clube como o Atlético não tem receitas próprias mensais nem anuais que consiga suportar isso. O que defendi foi que os sócios tinham de decidir porque os clubes são sempre o que os sócios decidirem. E se os sócios quiserem um clube que andará entre o Campeonato de Portugal e a I Distrital de Lisboa, não precisamos de SAD nem de investidor, se querem um clube na Liga 3 e querem sonhar com uma Liga2 ou uma I liga, só com investidores, porque o desporto mudou. Já ninguém joga por amor à camisola e bem, porque jogadores e equipas técnicas são profissionais e clubes como o Atlético não têm receitas para se manterem.

Em marcha está já um projeto para a remodelação total do mítico Estádio da Tapadinha que «será por fases». Desta forma, terá uma nova vista para o Rio Tejo. Aliás, Ricardo Delgado defende uma ambição sustentada, que até pode ter em mira a I Liga, na qual, após 24 presenças, não está há 47 anos.  «Eu acho que se as coisas forem bem pensadas e se a ideia do investidor for aquela que partilha comigo, acho que é possível. Tem é de haver pontos diferenciadores», sustenta.

O perigo de acontecer algo semelhante ao que sucedeu com os investidores chineses está afastada porque «acordos e um acordo parassocial que defende o clube». 

Quando pegou no clube, em 2017, além de reabilitar o clube desportivamente, teve também de ter especial atenção à financeira, pois «havia um problema com o bingo que poderia colocar em causa» o futuro do Atlético.

O exemplo Casa Pia

O Casa Pia tem uma massa crítica semelhante ao Atlético e está na I Liga. Poderá ser um bom ponto de comparação? «É um bom exemplo e é o que falamos para não se cometer erros que outros cometem. Não me faz sentido será o Atlético subir a uma Liga 2 e ter de ir jogar para Rio Maior. Mais importante do que uma subida à Liga 2 é a Tapadinha ter condições para receber esses jogos na aqui porque senão desvirtuamos as realidades dos clubes. O Casa Pia joga em Rio Maior; tivemos clubes que jogaram no Jamor e isto desvirtua a mística e a sua identidade. O que disse na AG foi mais do que sonharmos com uma subida à Liga 2, o objetivo num futuro próximo é termos uma Tapadinha atrativa para quem nos visita mas, também, para podermos receber os jogos aqui em casa», diz, em jeito de alerta. 

Como alguns bairros da zona central de Lisboa, Alcântara vive uma mistura entre a classe média-alta existente e a média-baixa e na Tapadinha, a cada jogo, vive-se essa mistura. «Tem muitas pessoas novas que vivem aqui e as pessoas históricas e essa mistura tem funcionado. Num jogo normal estão 1000 a 1200 pessoas tivemos aquela mobilização fantástica na final do Campeonato de Portugal, no Jamor, e é por aí que temos de ir.  Atlético tem de ser atrativo para as novas gentes de Alcântara. Está-se a construir um condomínio atrás do estádio que vai trazer muitas famílias novas e dum escalão económico elevado e o caminho vai ter se ser por aí, um clube atrativo, diferenciador. O Atlético pode marcar posições no panorama desportivo nacional e este é o momento de o fazer. Se for apenas mais um clube como há tantos, não vai ter essa diferenciação para conseguir trazer pessoas diferentes à Tapadinha. Tem de pensar diferente para ser diferente», reforça.

A SAD vai herdar, segundo Delgado, um legado pesado. «São sete anos com muitos mais sucessos que insucessos mas a SAD tem de se agarrar ao que me agarrei também que são essas pessoas, o que permitirá manter a alma alcantarense, o ter de lutar. Alcântara acordou um gigante que é o Atlético e agora é manter este gigante e melhorá-lo», desafia.

Ricardo Delgado está em final de mandato e ainda não sabe se se recandidatará a novo mandato, tendo em conta o desgaste acumulado. Mas a possibilidade de deixar o clube na Liga 2 deixa-lhe um brilhozinho nos olhos. «Vamos tentar. Não somos os principais candidatos mas estaremos lá na luta e, tal como no ano passado, se a mensagem era se nos for dado a oportunidade nós vamos querer lá estar a mesma é para este ano. Não somos os principais mas somos uns dos candidatos, se tivemos oportunidade, lá estaremos para colocar o Atlético na Liga 2», conclui.