Benfica «Aos 90 minutos é prego a fundo!»
Quando a 27 de setembro de 2018, ainda com 17 anos, Orkun Kokçu se estreou no Feyenoord marcou um golo e fez uma assistência. Nessa primeira época na equipa principal, somaria 12 jogos, quatro golos e quatro assistências e sentiu que «não era assim tão difícil» jogar ao mais alto nível.
«Pensar assim, deixou-me numa posição difícil. Pensei que seria demasiado fácil, mas o ano seguinte foi realmente difícil», contou o médio de 22 anos, contratação mais cara de sempre do Benfica, no documentário Capitão, produzido pelo Feyenoord. Em mais de uma hora, Kokçu revela como tudo começou e faz o percurso até à consagração como campeão dos Países Baixos. Da transferência para o Benfica não fala.
«Não posso esconder que estava sob muita pressão. Toda a gente falava de um novo talento e da nova pérola do Feyenoord. Isso faz-nos bem, mas não sabemos verdadeiramente a pressão que traz», puxa o filme atrás.
Está grato a Giovanni van Bronckhorst pela estreia, a Jaap Stam pela frontalidade, a Dick Advocaat, a quem trata por avô, pela frontalidade e carinho e, finalmente, a Arne Slot, que contribuiu para o desenvolvimento final. Kokçu reconhece que, a determinada altura, não conseguiu lidar «com a pressão e o trabalho duro», declara-se «emocional e sensível», mas partilha que deu o salto que a competição exige: «Antes o meu tanque [de gasolina] estava gasto aos 90 minutos, agora aos 90 minutos é prego a fundo. Isso motiva-me a treinar ainda mais e mais forte. Este processo nunca pára. Não podemos parar quando pensamos que estamos em forma.»
Kokçu diz que deve muito ao irmão Ozan, dois anos mais velho. «Andava sempre atrás dele e foi aí que nasceu o meu amor pelo futebol. Às escondidas, em casa, tentava fazer os truques e as fintas dele. Aos 18 anos foi para o Bursaspor e, quando cheguei a essa idade, também quis ir. O meu irmão impediu-me, disse-me que não progrediria como no Feyenoord. Viu que tinha feito a escolha errada, apesar de ter beneficiado financeiramente quando era novo», recorda.
Para trás tinham ficado os sacrifícios dos pais que se mudaram de Haarlem para Groningen, na esperança de que os filhos triunfassem no futebol. «O meu pai teve de trabalhar horas extra, a minha mãe levava-nos para todo o lado. Quando tínhamos 12/13 anos pensei: ‘Temos mesmo de ser profissionais para recompensá-los pelo esforço’».
Num passado mais recente, no começo da última temporada, ficou preocupado com tantas saídas do Feyenoord, entre as quais a de Aursnes, para o Benfica. Correu, como se sabe, tudo bem. «Nunca tinha sido campeão. No relvado vivi um momento especial. As celebrações foram excelentes, mas já estávamos mais relaxados e a emoção mais pura tinha passado. Ser capitão e campeão no Feyenoord é uma das melhores coisas que podemos viver», abre o coração, para partilhar a satisfação pelo reconhecimento: «No início as coisas não correram muito bem, mas, agora, mais e mais pessoas me dizem que sou um líder e isso é muito satisfatório, porque sou o tipo de pessoa que gosta de estar à frente das coisas.