Antes mascarados que ausentes... (artigo de José Manuel Delgado)

CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Antes mascarados que ausentes... (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL25.04.202014:21

A Federação Holandesa de Futebol decidiu que a Eredivisie não seria retomada e que não haveria campeão em 2019/20, nem promoções ou despromoções, e que os lugares na UEFA seriam reportados à última classificação.

Sabendo-se que (ainda?) não partiu do Governo da Holanda nenhuma proibição, por razões sanitárias, ao retorno das competições, caberá agora à Federação do país das túlipas provar que as consequências financeiras de acabar o campeonato seriam de tal forma desastrosas que comprometeriam o equilíbrio nos anos vindouros. Se não se cumprirem nenhum destes dois requisitos, o futebol holandês ficará sujeita a sanções da UEFA.

Acresce, para adensar a narrativa, que há clubes do principal escalão que estão contra esta decisão e já anunciaram que recorreriam aos tribunais comuns e do futebol. Sendo verdade que a Holanda está a ser muito afetada pela Covid-19 – há no país 250 mortes por milhão de habitantes, enquanto que, por exemplo, em Portugal esse valor é de 84 – dá que pensar esta vontade de andar em contra-corrente, quando o mais prudente seria aguardar, pelo menos, pelos pareceres das autoridades sanitárias.
 

Na Alemanha, onde se percebe uma vontade firme de entrar em campo já em maio, foi colocada em cima da mesa a possibilidade dos jogadores atuarem de máscara, que seria trocada a cada 15 minutos. É estranho? Claro que sim. Como estranho é, também, proibir as celebrações de golos ou a ausência de público. Mas o que deve ser colocado nos pratos da balança é, de um lado, essa estranheza e muito incómodo por as coisas não serem como eram; do outro, a possibilidade de não haver, num horizonte que irá até termos vacina para o novo coronavírus, nenhuma competição.

or mim, não tenho qualquer dúvida: antes futebol mascarado do que futebol ausente (e estes princípios sanitários deverão ser aplicados às restantes modalidades, para além da especificidade de cada uma...).
 

Os próximos dias, um pouco por toda a parte, vão ser intensos, até que da Alemanha, que está a servir de guia, nos cheguem, mais do que propostas concretas, a aplicação prática das mesmas.

A todos, um bom 25 de Abril.