A BOLA FORA «Ia fazer parte do plantel do Benfica, mas depois contrataram o Bebé»

Daniel Candeias foi formado no FC Porto, estreou-se pela equipa principal e anos mais tarde assinou pelo clube da Luz. Ainda assim, em Portugal, fez sobretudo carreira no Nacional e depois passou por vários países da Europa. Joga agora na Oliveirense. (PARTE 2)

Ainda ligado ao Porto tu vives ali uma série de empréstimos. Foi difícil gerir essa instabilidade, sobretudo por seres jovem?
Às vezes não é fácil porque chegas à equipa principal e chegaste onde tu querias. Por algum motivo as coisas não correm como tu queres e eu tive um problema de anemia na altura, o que não ajudou. Estive sem jogar vários meses para recuperar e depois fui sucessivamente emprestado até chegar à parte que fui no negócio do Ruben Micael para o Nacional e acho que foi importante para mim porque foram 3 anos na Madeira que me deram mais estabilidade e consegui atingir os meus objetivos.

Esses 3 anos na Madeira são se calhar os teus melhores.
Quando tens essa estabilidade tudo fica mais fácil para mostrares o teu futebol e o Nacional foi realmente na primeira liga o clube em que estabilizei e que demonstrei o meu futebol. Consegui jogar Liga Europa com o Nacional deixámos o clube na Liga Europa quando foi o meu último ano. Essa estabilidade foi o que me fez subir mais na carreira.

Gostaste de viver na Madeira?
Sim, gostei, foram 3 anos muito bons, é uma ilha bonita onde a vida é tranquila e então depois com a Liliana nós começámos quando eu ainda estava na Madeira e ela começou a viver comigo, então foi tudo mais fácil.

 A seguir surge a oportunidade de assinares pelo Benfica mas segue-se nova fase de empréstimos. O que é que foi dito quando tu assinaste pelo Benfica?
No início, claro que era um sonho para qualquer jogador voltar a uma equipa grande. Tinha feito uma época muito boa no Nacional, tinha algumas portas abertas, mas decidi pelo Benfica. O que me foi transmitido é que ia fazer parte do plantel até porque a meio da pré-temporada tive uma proposta do Granada. Disseram que não e passadas duas semanas contrataram o Bebé, na altura vinha do Paços, e foi-me dito que se calhar o meu espaço não ia ser fácil. Fiquei um pouco desiludido porque no meu pensamento eu sabia que tinha grandes jogadores na minha posição mas que eu sabia aquilo que eu faço em termos de trabalho, aquilo que me dedico e que poderia não ser titular do Benfica, mas podia lutar pelo meu lugar. Foi decidido assim, fiquei um pouco desiludido porque 15 dias antes podia ter uma oportunidade de jogar a Liga Espanhola e foi-me dito que não e depois fui emprestado para a Alemanha para o Nuremberga.

Mas correu bem?
Sim, os primeiros seis meses foram fantásticos. Tinha um treinador que confiava muito em mim e fiz seis meses muito bons até que depois chegou novamente o Granada e eu queria experimentar a Liga Espanhola, que é das melhores do mundo e não pensei duas vezes quando recebi esse convite.

Desde que estás ligado ao Benfica andas ali sempre com a casa às costas, primeiro Alemanha, depois surge-te Espanha e depois vais para o Metz e tens um papel muito importante um papel crucial na subida à primeira Liga Francesa.
Ninguém gosta de andar sempre a saltar e eu quando saio do Granada e volto para o Benfica entro para a equipa B. Tive hipótese de ir para o Krilya Sovetov, estive na Rússia durante três ou quatro dias, mas as coisas não chegaram a bom porto, nem comigo nem com o Benfica.

Não gostaste?
Disseram-me uma coisa antes de sair de Portugal cheguei lá e encontrei outra. Da parte deles em termos de salários e em termos de dinheiro de transferência para o Benfica e ao terceiro dia o presidente do Benfica mandou-me regressar a Portugal. As coisas não se fizeram e depois com o Carlos Freitas como diretor desportivo do Metz ligou-me e disse que era um projeto para subir. Não queria ir para a segunda Liga Francesa mas depois de ver mais portugueses lá fizemos uma mini comunidade. Tínhamos o André Santos, o Tiago Gomes o Nuno Reis e depois o Baliu que jogou também no Arouca e hoje está no Rayo Vallecano. Mantemos uma relação de amizade muito grande. Arrisquei e acho que bem porque conseguimos a subida à Liga e isso foi importante também para o meu currículo.

Quando chegaste ao Benfica qual é que foi a tua primeira impressão? Já tinhas estado no Porto, notaste alguma diferença?
Estando 3 anos depois no Nacional e chegas a um clube como o Benfica a diferença é gigante em termos de infraestruturas. O Benfica é um grande clube e dá tudo para só se pensar no futebol. Isso foi a maior diferença porque em Portugal, em termos de academias acho que o Benfica está muito superior a todos e isso surpreendeu-me.

Alguma vez ouviste algum comentário desagradável por teres estado ligado ao Porto?
Nunca, porque, lá está, nunca joguei muito no Porto, fiz acho que 9 jogos e era miúdo. Claro que houve gente que se calhar não estava à espera que eu fosse para o Benfica por ter a ligação que tenho com o Porto. Hoje em dia ainda há essa rivalidade mas, já é uma coisa que se calhar é normal.