Análise: Benfica só fez um golo de livre indireto na Liga com Schmidt
João Neves marcou, em Alvalade, frente ao Sporting, o único golo de livre indireto na Liga na era Schmidt (Foto: Rui Raimundo/ASF)

Análise: Benfica só fez um golo de livre indireto na Liga com Schmidt

NACIONAL27.03.202418:42

Três golos no total de todas as provas, em 100 jogos com o treinador alemão

Fruto de intenso trabalho de preparação ou graças a particulares características dos jogadores que compõem o plantel, os lances de bola parada servem muitas vezes para ultrapassar defesas que se mostram dificilmente permeáveis de outra forma. Ora se são muitas as críticas ao modelo de jogo e futebol praticado pelo Benfica ao longo dos últimos meses, há um departamento no qual os encarnados têm notoriamente registado debilidades: os livres indiretos laterais. E tal até não constitui propriamente uma novidade, pois nos 100 jogos que Roger Schmidt fez ao comando do Benfica desde o arranque da temporada 2022/23, a equipa demonstra, como se constata no quadro à parte, uma flagrante inépcia neste tipo de lances de laboratório que tantas vezes desequilibram duelos renhidos e que, com o alemão, tão poucos dividendos têm rendido.

A equipa da Luz apenas marcou um golo de livre indireto (!) nas últimas duas Ligas (num total de 60 jogos, 34 de 2022/23 mais 26 desta temporada), através de João Neves, em Alvalade na penúltima jornada da época passada, e no lance que estabeleceu o 2-2 final, numa falta cobrada por Aursnes e que depois de três ou quatro carambolas chegou ao pé direito do jovem médio que fez desta forma o seu primeiro golo de águia ao peito.

Para lá deste, os encarnados marcaram em Milão ao Inter, nos quartos-de-final da passada Liga de Campeões (3-3), numa cabeçada de António Silva correspondendo a um cruzamento preciso de Álex Grimaldo. E nesta temporada, o empate caseiro diante do Rangers (2-2) na Liga Europa foi conseguido num autogolo do central Goldson, também num livre lateral cobrado por Di María.

Comparando com os números registados nas últimas temporadas (as cinco anteriores à chegada do técnico alemão a Portugal e as duas sob o seu comando) a diferença é significativa, com exceção de 2020/21, na qual as águias foram terceiras na Liga. Em quatro das cinco épocas transatas a equipa fez, no mínimo, quatro golos a partir deste tipo de livres laterais.

E comparando com os números dos três principais rivais desde agosto, verifica-se que todos têm melhor registo que os encarnados, com o Sporting a destacar-se com seis golos apontados de livre indireto – quatro na Liga e dois na Liga Europa, através de Paulinho (2), Coates (2), Gonçalo Inácio e Diomande –, o FC Porto tem três (Evanilson, Eustáquio e Fábio Cardoso) e o SC Braga soma dois livres indiretos com sucesso através de Simon Banza.

Já agora, acrescente-se que o Benfica apenas sofreu um golo neste tipo de lances apontado pelo axadrezado Bozeník logo na ronda inaugural da Liga.

Com um plantel carente de jogadores finalizadores peritos neste tipo de lances – contando até com um Di María exímio a cruzar bolas para a área (vidé o pontapé de canto milimetricamente cobrado para a cabeça de Romero e que abriu o ativo sábado, no triunfo por 3-0 da Argentina sobre El Salvador) – importaria que o laboratório do Seixal começasse finalmente a mostrar resultados. Até por que a exigente etapa final de 2023/24 pode obrigar a que sejam eles a decidir toda uma época.