«Amdouni não é tão bom como Seferovic»

NACIONAL10.09.202411:15

Tim Guillemin, jornalista suíço que conhece o novo número 7 do Benfica desde as camadas jovens, traça o perfil de Amdouni a A BOLA

Zeki Amdouni chegou ao Benfica este verão para reforçar o ataque e, embora ainda não tenha tido oportunidade para se estrear de águia ao peito, os adeptos encarnados que tenham assistido ao encontro entre Suíça e Espanha no domingo já puderam assistir a um pouco do seu charme futebolístico. Autor do golo de honra na derrota por 4-1, para Tim Guillemin, jornalista desportivo do jornal suíço Blick, Amdouni foi «o melhor jogador da Suíça».

«É um futebolista muito forte mentalmente. Basta olhar para o jogo contra a Espanha para o perceber. Toda a gente dizia que ele estava sem ritmo e que não conseguia fazer a diferença, porque foi para o Benfica muito tarde no mercado e não fez pré-época, mas foi o melhor em campo pela Suíça», começou por dizer ao nosso jornal.

Benfica é algo diferente, é um clube gigante. Tenho receio que seja um clube demasiado grande para ele.

Guillemin considera mesmo que «a mentalidade é o seu principal atributo». E explica: «Quando ele era miúdo, foi rejeitado pelo Servette, a maior equipa de Géneva. Tinha cerca de 15 anos e disseram-lhe ‘ok, está bom, adeus’. Seguiu para o Etoile Carouge, que na altura jogava na quarta divisão suíça. Marcou dois golos logo no primeiro jogo e marcava um golo em quase todas as partidas. Nessa época, a equipa foi até à final da competição muito graças a ele. Acabou por percorrer o seu caminho até ao futebol sénior. Eventualmente mudou-se para o Stade-Lausanne, que disputava a segunda divisão, e depois para o Basileia. Revelou-se um rapaz que esteve sempre à altura do desafio.»

Ainda assim, o jornalista suíço acredita que a transferência para o Benfica poderá revelar-se um passo maior que a perna. «Benfica é algo diferente, é um clube gigante», começa por dizer, quando questionado se Amdouni conseguirá lidar com a pressão de jogar num clube com a dimensão dos encarnados. «Tenho receio de que seja um clube demasiado grande para ele, mas deixa-me dizer-te, sempre que eu e outras pessoas pensámos que ele estava a dar um passo demasiado grande, ele provou-nos errados», explicou, frisando que também pensou que o novo atacante do Benfica não estaria à altura do desafio do Basileia ou do Burnley, apenas para se revelar enganado.

Tim Guillemin, jornalista suíço do 'Blick'. Foto: D.R.

«Seferovic é um número 9 puro, Zeki pode jogar em mais posições no ataque. Não como 10, não é um Maradona ou um Rui Costa, mas pode jogar nas costas do ponta de lança, como segundo avançado

Não resiste, no entanto, a estabelecer uma comparação com outro conhecido suíço que alinhou no Benfica. «Por exemplo, acho que o Seferovic é muito melhor», revelou. «Melhor futebolista, melhor finalizador, mais habilidoso», acrescentou, reiterando, porém, que Amdouni tem algo que o diferencia dos outros: «Confiança.»

Seferovic desperta sentimentos mistos entre os adeptos benfiquistas, uma vez que muitos julgam que nunca teve qualidade suficiente para representar as águias, ao passo que outros garantem que, desde a sua saída, excetuando a época em que Gonçalo Ramos se afirmou, o Benfica ficou órfão de um avançado que marcasse quando a equipa mais precisava. Mas Tim Guillemin mete água na fervura: «Seferovic é um número 9 puro, Zeki pode jogar em mais posições no ataque. Não como 10, não é um Maradona ou um Rui Costa, mas pode jogar nas costas do ponta de lança, como segundo avançado. Não é um futebolista tecnicamente impressionante, mas tem um bom primeiro toque e finaliza bem.»

Não obstante, o jornalista da Blick acredita que a mudança poderá fazer bem ao novo número 7 do Benfica. «Penso que lhe faltou fisicalidade no Burnely. A Liga portuguesa poderá ser boa para ele, pois é uma boa Liga, mas não está ao nível da Premier League. O problema é que, como disse, o Benfica é um clube massivo, tem sempre grande pressão, joga competições europeias e poderá ser demasiado para ele. Ele não é o Gonçalo Ramos, está longe do nível do Gonçalo Ramos», concluiu.