FC Porto-E. Amadora, 2-0 Ainda faz muito frio no Dragão, mas os pontos lá vão chegando (crónica)
O tempo não ajuda, as assistências decaem e o FC Porto não deslumbra, mas a verdade é que soma pontos de forma justa e assume o segundo lugar por pelo menos três dias
Tem feito muito frio por todo o País, nos últimos dias. A tendência agrava-se no Estádio do Dragão: além do incómodo atmosférico, tem-se assistido a uma queda no número de espectadores nas bancadas (novo recorde negativo atingido neste jogo frente ao Estrela) e, é inegável, no futebol apresentado pela equipa. Ainda assim, o FC Porto mantém a casa invicta e dorme no segundo lugar pelo menos durante mais três noites, a dois pontos de um líder que há poucas semanas parecia inalcançável.
A vitória conseguida esta segunda-feira diante do Estrela da Amadora foi inequívoca, apesar da excelente réplica do adversário até ficar reduzido a dez jogadores por expulsão de Danilo Veiga. E se a estreia de Gonçalo Borges a marcar com a camisola da equipa principal fez descansar definitivamente o conjunto de Vítor Bruno, já no período de compensação, a verdade é que a chave mestra da noite foi o golo mais ou menos madrugador de Nico González, que aos 13 minutos colocou o FC Porto em vantagem e a gerir a confiança que daí adveio.
Ainda não tinha sido jogado um minuto e o Estrela mostrou ao que vinha, com Léo Cordeiro a ameaçar na área portista. Arrumado em 5x3x2, desdobrável num 3x4x3 a atacar, a equipa visitante esteve presente no jogo, já se disse, até se ver reduzida a dez unidades. Mas o FC Porto, organizado no seu 4x2x3x1, não acusou o toque do primeiro lance da partida e foi tomando conta das operações, como esperado. Foi mais incisivo sobre a bola, apoderou-se do meio-campo estrelista, atacou e ganhou pontapés de canto, até que ao terceiro (nem sequer especialmente bem batido), Nico González aproveitou a apatia de todos e marcou de pé direito ao segundo poste. Estavam jogados 13 minutos. O Dragão aqueceu um pouco, gritou o golo, mas foi-se mantendo desconfiado.
No relvado, porém, a equipa parece ter serenado. Se calhar até serenou de mais, visto que nunca conseguiu incutir no jogo a velocidade que poderia, eventualmente, ter trazido mais calor à noite. O jogo foi correndo até ao intervalo com os donos da casa a dominar e os forasteiros a quererem jogar, mas sem apresentarem grandes soluções. E verdadeiras oportunidades de golo são fator que não entram nesta conversa.
Após o descanso, a toada manteve-se. Mais bola do lado azul e branco, embora em velocidade baixa e por isso fria, com um Estrela a querer igualmente atrever-se mas a esbarrar numa organização defensiva sólida, liderada por um renascido imperador Otávio. Ora, foi preciso Otávio ter um lapso para os amadorenses criarem a única verdadeira oportunidade de golo, com Léo Cordeiro, em boa posição, a ver o remate intercetado para canto.
Jogava-se o minuto 60 e pouco depois os treinadores começaram a operar as substituições a que têm direito. José Faria (que acabaria expulso do banco) mexeu em três peças sem mexer no sistema aos 64 minutos. Dois minutos depois Bruno Brígido negou de forma soberba o 2-0 a Fábio Vieira, numa prova de que, apesar da frieza geral da noite, o FC Porto continuava a ser a melhor equipa.
Aos 74 minutos a partida teve a sua segunda chave. Se ainda era possível acreditar num lance que repusesse o Estrela no jogo, Danilo Veiga cometeu falta para segundo amarelo e deixou a equipa com dez. Se apesar das intenções já não estava fácil criar reais situações de perigo, a partir daí a intenção tornou-se uma quimera.
O FC Porto ainda obrigou Brígido a mais uma excelente defesa (teria sido herói da noite caso o Estrela tivesse pontuado) e teve mais duas bolas de golo claro. Numa delas Gonçalo Borges marcou e o Dragão, finalmente, aqueceu um pouco. Mas falta algo (que não pontos) para voltar a ser o Dragão habitual.