Agonia, sintonia com AVB, mérito do Sporting, Fábio Vieira e Arouca: tudo o que disse Vítor Bruno

Treinador do FC Porto fez a projeção ao encontro com o Arouca, agendado para amanhã, às 18 horas, no Dragão

— Que comentário lhe merece os 131 anos do FC Porto?

— É uma honra estar associado a estes últimos oito anos de história do clube. O FC Porto é um clube muito titulado e amplamente reconhecido. No fundo, é uma forma de manter a história mais recente do clube. Os adeptos desempenham um papel crucial na marca que é o FC Porto. Este é um momento significativo na vida ativa do clube e isso será sempre um motivo de orgulho para mim, pertencer a uma instituição com tanta história no futebol mundial.

— De que Arouca está à espera?

— Este Arouca é uma equipa em construção, com um novo treinador e muitas entradas e saídas. Nos últimos dois jogos fora, apenas sofreu um golo. É preciso ter essa noção. No ano passado, enfrentamos muitos problemas em Arouca, isso deve ser um sério aviso para nós. A equipa está recheada de jogadores com muito talento, alguns deles já bem conhecidos na Liga. Temos que estar muito atentos aos jogadores que podem fazer a diferença, como o David Simão, Fukui, Jason, Ivo Rodrigues... que têm muita experiência e conhecem a realidade do futebol português. O segredo é mantermo-nos focados em nós, no que temos de fazer. É importante voltar a ter esse apetite voraz pela vitória e saborear novamente o sucesso. Devemos atacar este jogo com energia total, recuperando o sabor da vitória.

— Como sentiu grupo após derrota?

— Há jogos que se tornam complexos por olhar para ele de forma quase desinteressada, aqui no Porto não há adversários fáceis ou difíceis, é preciso ganhar, atalhar caminhos e ganhar, ganhar e ganhar. Jogo menos conseguido, não nego isso, é verdade, mas há momentos impactantes: Samu falha 2-0, já com empatado temos lance de João Mário para 2-1… A equipa está bem, obviamente que sentiu. Temos um lema e não fugimos dele e acredito muito. Quando há algum jogo que perdemos, de maior significado como este, estreia em prova europeia, faço questão naqueles 5 minutos após jogo e dia seguinte é logo atacar, com gestos, palavras e redirecionar jogadores para o que é importante, desconstruir algum tipo de estigma que possa ter ficado criado. A agonia durou até atacarmos o jogo em análise vídeo. A partir daí é direcionar baterias ao jogo de amanhã e jogadores deram resposta brutal no ataque ao treino. Isso dá confiança ilimitada nos meus jogadores, confiança total para jogo de amanhã, estar muito atentos, o que temos sido na maioria dos casos. Atacar o jogo e atacá-lo bem, com a mentalidade certa.

— Face ao que se passou na Noruega, admite mexer muito no onze? E como vê o facto de o selecionador espanhol estar atento a Samu?

— É um sinal de que selecionador tem bom gosto e que não nos enganámos na escolha. Sempre disse que Samu vinha acrescentar valor, é dar tempo ao tempo, não chegam totalmente maturados, nem fisicamente totalmente aptos, é preciso tempo para se adaptarem a culturas, colegas e clubes novos. Mexidas, não penso que foi feita revolução na Noruega. Não foi feita revolução. Entraram 3, deram o contributo, não foi por eles que perdemos, também foi por minha culpa, também por minha culpa, não só pelos jogadores, também tenho o meu grau e grande pelo resultado na Noruega. Tenho confiança ilimitada nos jogadores. O que eles me dão é total compromisso. Muito muito satisfeito com todos eles e queremos sempre ser fortes.

— Considera que o Francisco Moura e o Samu deviam ser chamados às seleções?

— Não me compete a mim, há pessoas competentes para esse trabalho. São jogadores de muita valia. Os selecionadores é que decidem o que devem decidir.

— Parece que houve um desencontro comunicacional sobre Liga Europa entre o que disse no final do jogo e o que tinha dito antes o presidente Villas-Boas…

— Não. Cada ser humano é livre de expressar o que bem entende, estou perfeitamente alinhado com o presidente, presidente tem função muito diferente da minha, quer tanto ganhar Liga Europa como eu quero, como quer ganhar a Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga… Quero muito ganhar. Sou muito ambicioso, gosto da exigência diária do trabalho, a vontade viciante dos jogadores e da equipa técnica em ganhar, queremos que isso fique enraizado. Não quero pequenos labirintos gramaticais ou conceptuais para poderem colocar uma pessoa contra outra. Não façam isso, não serão bem-sucedidos. O que disse é que queria atacar jogo com Bodo/Glimt e concentrar-me no imediato. Para chegar a uma final temos de fazer 14 jogos, ou 16 com lay-off. Há muito caminho para fazer. A partir daí, alinhamento total, total, com as pessoas que lideram, com muita ambição de chegar lá. Tem de ser um passo de cada vez, se calhar somos menos candidatos que os outros 23 ou 24 que vão à frente. Perdemos primeiro jogo e a seu tempo voltar à Liga Europa.

— Fábio Vieira já pode ir para o banco com o Arouca?

— Há essa possibilidade.

— Depois do clássico de Alvalade, o Vasco Sousa tem de fora ficou por opção técnica?

— Opções técnicas. Em Guimarães apostámos no Stephen [Eustáquio] e fez um jogo gigante. Aí ninguém perguntou pelo Vasco. O Vasco pode entrar amanhã diretamente no onze. É uma questão de dimensão tática e o que é o adversário. O Vasco é um daqueles que pode claramente estar no onze amanhã.

— O embalo do Sporting gera alguma preocupação?

— Teremos sempre de fazer o nosso caminho, se olharmos muito para o lado, desviaremos do caminho principal e tropeçaremos na primeira dificuldade que tivermos. Sporting está em primeiro com mérito. Temos de ganhar os nossos jogos, importante é ganhar o de amanhã com o Arouca. Uma equipa que vem jogar sem abdicar da sua identidade. Teremos de fazer o nosso trabalho. Sporting está em primeiro com mérito. No fim fazem-se as contas.

— A rápida adaptação do Samu surpreendeu-o?

— É o que é. Há jogadores que se adaptam mais rapidamente, outros que demoram mais tempo. O Samu, ajudou-o muito ter ido à seleção na paragem, e isso é importante face ao estado em que chegou cá. Colegas têm sido incansáveis no apoio. Balneário coeso ajuda também na integração do jogador. O Gül é diferente e tem handicap da língua ser diferente, Samu tem facilidade por também termos outros espanhóis. Jogadores quando têm qualidade, rapidamente se adaptam e têm capacidade de se plastificar e perceber de que forma se devem integrar numa equipa. Samu tendo qualidade rapidamente se integrou. Não fará golos sempre em todos os jogos, se não fizer contribuirá de outra forma e ele sabe. Há muito espaço para Samu e Gül crescerem, espaço ainda grande, perante a exigência do nosso jogo. E não é por ter feito 4 golos que está tudo bem. Tem espaço para melhorar e potencial gigante.