Reportagem A BOLA, em Riade «A seleção brasileira é uma ambição, não nego»

FUTEBOL26.09.202407:40

A BOLA foi até Riade a convite da liga saudita e no estádio do AL Hilal Jorge Jesus mostrou-se rendido ao futebol saudita, confessou as saudades de Portugal e um sonho chamado seleção brasileira

Quando saiu da Turquia e veio para cá disse que queria cumprir um sonho. Esse sonho era o de treinar grandes jogadores?

Não. Eu estive aqui na Arábia Saudita há cinco anos. Saí daqui e era para ir para o Benfica, mas acabei por ir para o Flamengo. Isso é outra história… [Risos] Quando eu saí, o Al Hilal estava em primeiro. E estava em todas as frentes. Não tínhamos sido eliminados de nenhuma competição. Estávamos em primeiro com seis pontos de avanço, já não me recordo, mas acho que eram seis à 26ª jornada, e só tinha perdido uma vez. E, fui-me embora por várias coisas que, quando eu não gosto, independentemente do dinheiro, vou-me embora. E fui-me embora. E, este meu regresso foi exatamente o sentir que ia voltar com vontade de ser campeão da Arábia Saudita, de querer ganhar os títulos que há na Arábia Saudita. Foi por esse motivo é que eu voltei, e felizmente consegui.

Sair daqui está nos planos nos próximos tempos?

No futebol não faço muitos projetos, por isso é que eu só assino contratos de um ano em todos os clubes. Este clube queria que eu assinasse por três, depois por dois e eu disse que não quero. Só quero um ano porque o futebol é momento. Agora estou bem, mas daqui a duas ou três semanas se tu não ganhas, tudo muda. É assim em todo o mundo. Não faço projetos para o futuro. Faço projetos para o presente. E para o presente é tentar que esta equipa cresça ainda mais. Tentar que o Al Hilal cada vez esteja mais forte. Porque este ano o campeonato e a Champions da Ásia são muito mais fortes. Tal como na Europa, aqui também há um novo modelo das Champions, e, portanto, tudo é muito mais forte. Hoje as equipas da Champions podem ter, como na Europa, se quiserem, onze estrangeiros. O ano passado não, só podiam jogar cinco. Portanto isso também é um desafio para todos. Mas não, não projeto que o meu futuro de treinador vai passar pela Arábia Saudita durante estes anos todos. Não sei o que é que vai acontecer. Aquilo que eu tenho a certeza é que quando deixar de treinar, onde eu quero viver é no meu país. Isto eu não tenho dúvida nenhuma.

Não projeto que o meu futuro de treinador vai passar pela Arábia Saudita durante estes anos todos. Não sei o que é que vai acontecer. Aquilo que eu tenho a certeza é que quando deixar de treinar, onde eu quero viver é no meu país. Isto eu não tenho dúvida nenhuma.

Mas antes de ir viver para Portugal, até porque imagino que não esteja nos seus horizontes regressar a Portugal para treinar, o que lhe pergunto é se o sonho de treinar uma seleção continua bem vivo em si?

Continua, mas é também numa perspetiva do que faço como os clubes. Eu só gosto de trabalhar em clubes que ganhem títulos. Por exemplo, eu nunca fui para a Inglaterra treinar, não porque não tivesse convites. Nunca tive foi um convite dos Top 5 e os outros que eu tive… E, agora cada vez menos.

Mas, uma seleção brasileira já é diferente.

A seleção brasileira é diferente, claro que é uma ambição, não nego. Mas será difícil. No Brasil, dificilmente um treinador estrangeiro entra na seleção do Brasil.  Acho eu. Pode ser que mude, mas dificilmente acontecerá. Eles não estão muito para aí, que um treinador estrangeiro, seja quem for, treine a seleção do Brasil. Se for um estrangeiro penso que serei aquele que poderei estar mais perto. Porque só adeptos, fãs do Flamengo, são 50 milhões. Mas, não quero fazer um cenário com aquilo que possa acontecer na minha carreira. Porque foi sempre assim que eu pautei a minha carreira: o futebol é dia-a-dia. Digo isto aos meus jogadores. No ano passado ganhámos tudo. Fizemos à volta de 70 jogos e só perdemos um. Um! Mas isso não quer dizer que agora tudo seja igual. Temos de fazer melhor. Este ano é o dia-a-dia, o trabalho. Agora, tenho a sorte de trabalhar com um grande grupo de trabalho, com jogadores que querem ganhar. Porque se não trabalhares com jogadores que querem ganhar, é mais complicado.