«A minha camisola simboliza Best e Simões, Manchester United e Benfica»
António Simões conta em exclusivo a A BOLA episódio da final de Wembley em 1968; ofereceu recordação à lenda dos 'red devils' em pleno relvado e agora emociona-se ao recordar o momento; espera poder ajudar a família do antigo jogador
António Simões ainda se emociona e ainda sente vaidade com o episódio da camisola do Benfica que ofereceu a George Best, a lenda do Manchester United, que nasceu na Irlanda do Norte em 1946 e faleceu em 2005, depois de uma carreira, e uma vida, marcada por excessos.
A camisola, oferecida após o termo da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1968, disputada em Wembley, e que o Manchester United venceu, por 4-1, após prolongamento, tem uma história bonita, que o antigo jogador do Benfica recorda a A BOLA, agora que o artigo vai a leilão.
«Best quis ficar com a minha camisola e dirigiu-se a mim, mas pedindo desculpa, porque tinha assumido o compromisso de dar a camisola dele a outro jogador. Tinha, no entanto, o desejo de ter a minha camisola e era o que faltava eu não a dar. Não levei, pois, a mal não poder ficar com a dele e posso dizer que estive há uns anos no museu do Manchester United e fiquei muito sensibilizado, pois vi a minha camisola toda bem posta e arranjada naqueles cabides altos», recorda Simões, de 80 anos.
«Tomei conhecimento de que irá a leilão e fico com pena que a camisola não esteja já no museu de um dos melhores clubes do mundo. Ainda por cima, simboliza Best, simboliza Simões, simboliza Benfica e Manchester United. Espero que possa ser uma ajuda para a família de George Best. Ficaria bem comigo próprio se pudesse contribuir para a felicidade da família», acrescenta a glória do Benfica e da Seleção Nacional.
Simões, conta ainda, não esquece a forma educada como Best lhe pediu a recordação, em pleno relvado e numa altura em que os red devils faziam a festa: «Quando me pediu a camisola já sabia que teria de entregar a dele a outro jogador. Mas dirigiu-se a mim e disse algo como isto: 'Simões, quero a tua camisola'. Eu perguntei: 'E a tua?' E ele: 'Não te posso dar a minha camisola, mas quero a tua'. E foi mesmo assim. Por esta história, e por outras, tive sempre grande ligação ao Manchester United. E ao Real Madrid. Eu e Eusébio.»
A camisola com o número 11, refira-se, foi vestida por George Best durante a festa. Vestida ao contrário, mas usada durante desfile com o troféu perante os mais de 92 mil espectadores que assistiram a um jogo espetacular: Bobby Charlton bisou, Brian Kidd e George Best fizeram os outros golos do United, ao passo que Jaime Graça marcou para o Benfica. A final ficou ainda marcada por uma defesa fantástica de Alex Stepney a disparo de Eusébio. O king foi cumprimentá-lo.
O leilão, organizado pela Graham Budd Auctions, decorre esta semana e a camisola oferecida por António Simões a Best pode superar os €20 mil euros.