Cerimónia marcada para esta tarde (18.30 horas) no Palácio Galveias, em Lisboa, com a presença também de Carlos Moedas, autarca lisboeta, que outorgará a Medalha de Mérito Municipal Desportivo ao antigo jogador do Benfica e da Seleção Nacional
António Simões 'As Minhas Memórias' é o título de um livro de Rui Miguel Tovar sobre a vida, e a carreira, do antigo jogador do Benfica e da Seleção Nacional, hoje com 80 anos.
O Prefácio, com o título 'O Grande Simões', é da autoria do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já confirmou a sua presença, através da casa civil, na cerimónia de apresentação da obra, agendada para esta terça-feira, às 18.30 horas, na Sala José Saramago, do Palácio Galveias, em Lisboa. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, também marcará presença e na ocasião outorgará a Medalha de Mérito Municipal Desportivo a António Simões.
A BOLA pediu a António Simões que sugerisse um de 80 capítulos para lançar a obra, antes da cerimónia, e a escolha recaiu sobre 'Expressão Máxima do Futebol', onde se encontra um triste momento de vida, raramente abordado em público, e onde se conta uma história de dor e glória para o homem e para o jogador.
«(...) De todos os golos da carreira, há um lavado em lágrimas. Foi em março de 1972, quando já era capitão de equipa como sucessor de Coluna. Fomos jogar a Tomar, com o União, e íamos entrar em campo sem uma série de estrelas porque gozávamos de um avanço considerável para outro bicampeonato e estávamos em poupanças para a segunda mão dos quartos de final da Taça dos Campeões, com o Feyenoord (...). Antes da partida para Tomar, fui pai. Pai de um filho. À quarta é de vez. Foi um momento de infinita alegria, como devem calcular, a minha mulher e eu, pais de um menino, as nossas três filhas babadas com um irmão bebé. Queríamos muito um rapaz e já tinha nome: Nuno Ricardo», pode ler-se.
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«(...) Na madrugada do jogo, às cinco da manhã, o telefone tocou-me no quarto do Hotel dos Templários. Era da clínica onde estava a minha mulher e deram-me conta da morte do meu filho. Minutos depois, poucos, recebo um segundo telefonema e era do presidente Borges Coutinho, desde Lisboa: 'O que quer fazer? Meto-me já num carro e vou ter consigo'. Pedi-lhe um tempo e liguei à minha mulher para decidirmos o próximo passo. Falámos e concluímos que eu devia continuar em estágio para ir a jogo. Assim foi. O Hagan meteu-me a braçadeira de capitão e entrei em campo a liderar a equipa desfalcada de dois goleadores ilustres. A essa hora, já toda a gente sabia. Até porque os altifalantes do estádio haviam dado a trágica notícia e eu ouvi-a. Não me caiu bem, foi um momento muito complicado e vi-me aflito para jogar», continuava.
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«A bola saiu nossa e eu, não me perguntem como nem de onde, marquei o único golo do jogo antes do primeiro minuto. A bola saiu-me bem do pé e entrou na baliza. Sabem o nome do guarda-redes? Nascimento. Vão ver, Nascimento. Que coincidência... Ganhámos, voltei para o conforto do lar, em Lisboa, à boleia do presidente Borges Coutinho e disse aos jornalistas: 'Deus tirou-me o filho, mas deu-me o golo'.» E o capítulo termina.