A ideia que valeu alguns assobios ao Benfica: «É um risco...»

NACIONAL08.12.202421:30

João Alves comenta a estratégia que envolveu Trubin no 1-0 frente ao V. Guimarães de sábado, na 13.ª jornada da Liga

O Benfica venceu o Vitória de Guimarães por 1-0 no sábado, no Estádio da Luz, para a 13.ª jornada do campeonato. A equipa foi aplaudida, mas também se ouviram alguns assobios no estádio, quando a bola passou mais tempo do que os adeptos gostariam entre os defesas e o guarda-redes. «A equipa tinha de ser inteligente a circular, sair pelos centrais e se não tivesse espaço era preciso voltar a procurar o guarda-redes», explicou Bruno Lage na conferência de imprensa a seguir ao jogo. O treinador, nesses momentos em que se ouviram assobios, chegou a levantar-se do banco e a pedir mais apoio.

A BOLA procurou uma segunda opinião sobre a estratégia do Benfica. João Alves, antigo jogador do Benfica, internacional português e treinador, encara a procura do guarda-redes como fenómeno normal, mas que tem vantagens e riscos.

«O que vi foi um Vitória de Guimarães a jogar bem, muito organizado e que falhou essencialmente no último terço do campo. Vi um Vitória que arranhou, arranhou, mas não conseguiu verdadeiramente ferir o Benfica», começou por analisar o treinador, que depois olhou para o pormenor de maior interação com o jogo de pés de Anatoliy Trubin: «Evidentemente, a equipa deve jogar com o guarda-redes quando pode. Quando não é possível não deve forçar. Não pode ser de outra maneira. Também vi Trubin colocar várias vezes a bola na frente com os pés em vez de a jogar perto. Não vou colocar em causa a estratégia de Bruno Lage.»

João Alves lembra, porém, que tentar sair a jogar desde o guarda-redes, sob pressão, representa muitas vezes um risco acrescido. «Além do golo, o Benfica teve outras duas boas oportunidades para fazer golo, uma na primeira e outra na segunda parte [primeiro por Akturkoglu e depois por Pavlidis], mas a grande situação do V. Guimarães para empatar o jogo surge de um erro do Florentino cometido ali à entrada da área do Benfica. A situação de jogar tão perto da área, de chamar o adversário, tem prós e contras; e esse lance poderia ter alterado muita coisa. Mas a estratégia correu bem porque o Benfica ganhou», conclui.

Os assobios surgem, para João Alves, como naturais. «O público não compreendeu a estratégia e isso é normal. Tem a ver com os pensamentos dos treinadores e que muitas vezes não vão ao encontro do que querem ver os adeptos, que sempre desejam ver a equipa a jogar mais no meio-campo do adversário. Não é fácil, faz parte do futebol e do papel do treinador.»

A estratégia correu bem porque o Benfica ganhou.

Uma visão que encontra sintonia nas palavras de Bruno Lage sobre os assobios: «Faz parte da nossa natureza querermos sempre mais.» Ainda sobre as dificuldades encontradas pelo Benfica frente ao Vitória, Alves assinala a «falta» que Kokçu fez no meio-campo dos encarnados, setor que, considera, «não jogou ao mesmo nível».