«Tenho o apoio de Benfica e Sporting para ser presidente da AF Lisboa»
Rui Rodrigues quer ver mudanlças na AF Lisboa (Foto A BOLA)

Entrevista A BOLA «Tenho o apoio de Benfica e Sporting para ser presidente da AF Lisboa»

Ex-árbitro profissional Rui Rodrigues quer suceder a Nuno Lobo na presidência da AFL e vai concorrer contra o ex-conselheiro deste, Vítor Filipe. Tendo o lema «AFL de Todos para Todos», nesta entrevista com A BOLA fala sobre o que é preciso ser feito e revela já contar com o apoio relevante dos dois maiores clubes da associação

— O Rui vai concorrer com Vítor Filipe, que foi o braço direito de Nuno Lobo, presidente da AF Lisboa nos últimos 12 anos. Sente alguma desvantagem por causa isso?

— Pela primeira vez na história da AF Lisboa vai haver dois candidatos. Não me sinto com mais nem com menos vantagem. Não estamos a apresentar nenhuma candidatura contra Vítor Filipe ou o Dr. Nuno Lobo, mas sim aos órgãos sociais da AFL. Nuno Lobo vai sair pela limitação de mandatos e abre-se aqui uma janela em que os clubes, pela primeira vez, terão de decidir entre duas listas que vão concorrer aos órgãos sociais.

— Quais são as linhas mestras da sua candidatura?

— Criámos 10 ideias-chave. Temos muito trabalho por fazer. Pensamos em avançar com a construção da Vila do Futebol, a cidade desportiva da AFL, o maior projeto que a AFL vai ter nos próximos anos. Vai envolver uma verba superior a quatro milhões de euros, que estão nos cofres da AFL destinados a este projeto. Queremos uma construção de excelência para tirarmos no futuro o maior benefício do projeto.

— Portanto vai dar continuidade a esse projeto que já foi apresentado pela direção de Nuno Lobo?

— Será uma das nossas maiores apostas. É muito importante que a AFL tenha este património, porque hoje não tem instalações desportivas. A Vila do Futebol terá campos de futebol, um pavilhão, um campo de futebol de praia… será semelhante àquilo que existe na Cidade do Futebol.

Rui Rodrigues visitou a redação de A BOLA

— Vítor Filipe deu uma entrevista a A BOLA em agosto, onde falou da possibilidade de recuperar a Taça de Honra da AFL. Pensa em recuperar essa prova?

— É importante. A última Taça de Honra em futebol foi em 2014, eu fui o árbitro dessa final, um jogo no Estádio do Restelo entre Sporting e Benfica, também é daí que vem um bocadinho da minha ligação à AFL, que existe desde que tirei o curso de árbitro em 1997 até terminar a carreira em 2019. Faz todo o sentido voltarmos a ter essa competição, claro que depende da vontade dos clubes e também de termos visibilidade e um retorno financeiro para os clubes. Também queremos reativar esta prova no futsal.

«Nada me faz pensar que não serei o próximo presidente da AF Lisboa»

1 agosto 2024, 03:30

«Nada me faz pensar que não serei o próximo presidente da AF Lisboa»

Vítor Filipe foi conselheiro de Nuno Lobo ao longo de 12 anos de mandatos e decidiu que é tempo de assumir a liderança. Associação vai a votos dentro de meses e a candidatura é anunciada, e explicada, em exclusivo a A BOLA. Da importância do apoio de Benfica e Sporting aos projetos mais estruturantes

— Assumindo que apresenta esta candidatura porque não se revê na atual direção, quais são as principais medidas que quer implementar que esta direção não está a fazer?

— Temos alguns elementos da atual direção que farão parte da nossa lista, não queremos apresentar uma rotura de ideias contra ninguém em particular. Acreditamos que havendo agora uma mudança de ciclo, temos projetos importantes a quatro, oito e 12 anos aos quais temos de dar seguimentos, como o caso da Vila do Futebol. Tenho uma relação muito afetiva com a AFL há 27 anos e está na altura de retribuir um pouco daquilo que a Associação me deu. E sei que, pela minha experiência académica e profissional, posso ser uma mais-valia neste processo.

Rui Rodrigues num jogo da Liga em 2015 entre Moreirense e Estoril (ASF/PEDRO BENAVENTE)

— Qual é o plano de interação com os mais de 230 clubes que vão votar nestas eleições?

— Tenho feito reuniões presenciais com os clubes porque é muito importante a questão da proximidade. Não tenho tempo útil para conseguir reunir com todos os clubes até à data das eleições, mas espero que, se vencer estas eleições, o meu compromisso é conseguir reunir-me com todos os eles no mais breve prazo possível. Mesmo que o seu peso em termos eleitorais seja diferente, nem o próprio mediatismo, todos eles contam. Fazer este tipo campanha presencial é muito desgastante, mas ao mesmo tempo muito gratificante. Temos tido uma recetividade fantástica por parte dos clubes.

— Já se reuniu com o Benfica e o Sporting?

— Já.

— E como correram essas reuniões?

— Contamos com o apoio do Benfica e do Sporting desde o início da minha campanha e esperamos claro contar com a maioria do apoio dos clubes da AFL porque temos uma série de medidas que vão encontro das nossas reuniões de onde surgem as maiores dificuldades que os clubes enfrentam. Temos medidas que vão mais no sentido das competições distritais e que abrangem os clubes que as disputam e também é para esses que trabalhamos.

Queremos ter marcas que se associem à AFL para dar 'namings' às nossas competições que darão mais visibilidade às mesmas.

— Que mais clubes já lhe deram o apoio nas eleições?

— Como ainda não falei com todos, prefiro não estar a referenciar nenhum também para não me esquecer de alguém. Felizmente já são muitos, esperamos ter muito mais, porque acreditamos no nosso projeto e tem tudo para ser um sucesso.

— De que mudanças falava há pouco para as competições distritais?

— A AFL tem uma saúde financeira muito boa, um orçamento superior a quatro milhões de euros que tem de ser gerido com muito cuidado. Estas iniciativas ajudariam os clubes no sentido de aliviar as suas despesas. Queremos ter marcas que se associem à AFL para dar namings às nossas competições que darão mais visibilidade às mesmas, que é algo que queremos muito fazer. Por isso é que a AFL TV é algo em que queremos investir no futuro para que seja a cara da AFL para o exterior. Queremos transmitir mais jogos, agora só se transmite um jogo de futebol e um de futsal por semana e nós queremos transmitir mais jogos, ter mais programas, antevisões e rescaldos às jornadas, dar a conhecer o dia-a-dia dos clubes. E só conseguiremos fazer estes investimentos com os tais patrocínios e namings das competições.E quando falamos da AFL, falamos em transmitir jogos de futebol masculino, feminino, de formação, futsal e futebol de praia.

Rui Rodrigues falando com A BOLA

— Que ideias é que a sua candidatura apresenta em relação ao futebol feminino?

— Vamos ter uma senhora da nossa direção ligada ao futebol feminino, reconhecida no futebol português. Ainda não posso revelar quem é, posso dizer que é alguém perfeitamente conhecedora da realidade do futebol feminino português que pode trazer uma mais-valia no que toca a uma melhoria no futebol distrital, porque gostávamos de trazer mais equipas de futebol para os campeonatos distritais femininos da AFL.

Penso que o atual presidente da AFL não devia tomar partido por nenhuma lista em particular.

— E que medidas gostaria de implementar no futsal?

— A nossa direção será composta por nove pessoas, duas delas serão da área do futsal, que conhecem a realidade e as dificuldades dos clubes. Era importante reativar a Taça de Honra de futsal, mas também queremos dar mais visibilidade às competições distritais e transmitirmos mais jogos.

— Olhando para o seu passado no futebol enquanto árbitro, como vai tirar proveito dessa carreira nesta candidatura?

— Conheço melhor alguns clubes do que outros. Felizmente nunca tive problemas com ninguém. Não é o facto de ter sido árbitro que me leva a concorrer a estas eleições, eu acredito que posso acrescentar valor no processo, porque acho que os clubes da AFL merecem ter alguém que dê a cara por eles. O que me leva a avançar tem mais a ver com aquilo que sou enquanto pessoa. O facto de ter sido árbitro ajuda porque tive de ser um mediador muitas vezes e uma pessoa que candidata à AF tem de ter esta capacidade de conseguir dialogar e mediar eventuais conflitos.

— No que toca às eleições, já falou com o seu adversário, Vítor Filipe?

— Não.

— Isto porque numa entrevista de Vítor Filipe a A BOLA, no passado mês de julho, Filipe disse que não ainda conhecia o Rui; acha que, entretanto, já sabe quem é o Rui?

— Nunca estive com ele e não o conheço pessoalmente, portanto não posso adjetivar nada sobre o senhor.

Se o Sr. Vítor Filipe esteve nas AG’s foi porque alguém o convidou porque, enquanto pessoa particular, eu não tenho assento na AG.

— Nessa entrevista, Vítor Filipe disse: «Quanto a Rui Rodrigues, nunca o vi em qualquer Assembleia Geral, nem em qualquer projeto estruturante na Associação. Estou lá porque quero estar, não estou lá porque me pedem para estar lá.» Como é que comenta esta afirmação?

— A única coisa que posso dizer é que quem tem assento nas Assembleias Gerais são os sócios da AFL, que são os clubes. Se o Sr. Vítor Filipe esteve nas AG’s foi porque alguém o convidou porque, enquanto pessoa particular, eu não tenho assento na AG. Respeito as suas declarações, mas não fazia sentido eu estar numa AG, quem deve estar presente são os clubes e isso é que é o importante.

— Quero só recordar outra citação de Vítor Filipe: «Nada me faz pensar que não serei o próximo presidente da AFL.» Tem tanta confiança quanto o seu adversário?

— Estou muito confiante na nossa vitória. Temos tido uma recetividade muito boa, as pessoas ficam felizes por existir esta lista, sei que a lista de Vítor Filipe é apoiada pelo Dr. Nuno Lobo, mas nós queremos é ter o apoio dos clubes. Estamos a fazer um bom trabalho porque várias pessoas da nossa lista foram convidadas para fazerem parte da lista do Sr. Vítor Filipe, mas acreditaram mais em mim e no nosso projeto. Faz-me acreditar que estamos no bom caminho.

Já estive em muitos clubes que não sentem uma proximidade da AFL, sentem que esse aspeto se desligou. E queremos que aconteça o contrário, que os clubes estejam mais envolvidos no dia-a-dia da AFL.

— Falou sobre o apoio de Nuno Lobo a Vítor Filipe, tem-se falado de uma possível candidatura de Nuno Lobo à presidência da Federação Portuguesa de Futebol, assim como de Pedro Proença. Se estes fossem os dois candidatos à liderança da FPF, qual é que apoiaria?

— Podia responder de uma forma muito direta se fosse o presidente atual [da AFL]. Posso dizer que o presidente atual venceu as eleições em 2012, eu já era árbitro, conheço-o de uma forma institucional, da mesma forma que conheço Pedro Proença, até há mais anos, quando vim para a arbitragem tive logo o privilégio de o conhecer. Posso apenas emitir esta opinião pessoal porque sou apenas um candidato. Penso que o atual presidente da AFL não devia tomar partido por nenhuma lista em particular, esteve lá 12 anos e devia-se de abster de apoiar eventuais candidatos da mesma forma que Fernando Gomes, na FPF, disse que não ia apoiar nenhuma candidatura. Mas o Dr. Nuno Lobo é que sabe a posição que quer tomar e eu respeito. Eu conto ter o apoio dos clubes, é para esses que temos de olhar e para os quais temos uma série de iniciativas que queríamos implementar. Só gostaria de dar umas ideias que temos partilhado com os clubes.

— Diga.

— Temos de ter uma bola oficial das competições, temos de ter uma capacidade que a FPF e outras Associações já têm. Queremos também reativar a Supertaça e dar mais importância à Taça da AFL, premiando os clubes, porque esta não é uma competição de caráter obrigatório, a cada eliminatória que passem. A AFL também precisa de ter um delegado ao jogo, tal como existe no futebol profissional, para haver um elo entre todos os agentes envolvidos em cada jogo.

— Há mais alguma medida que queira divulgar?

— A formação é muito importante para nós, a todas as categorias do futebol e olhando para os árbitros, os treinadores, os jogadores, dirigentes. A AFL já tem uma academia de formação, mas essa tem de ser dotada dos recursos certos para formarmos mais e melhor.

— Falou bastante sobre a importância de haver uma aproximação aos clubes, sente que isso é algo que agora não está muito presente?

— Podemos dizer muitas vezes que somos próximos, mas temos de praticar essa proximidade. Já estive em muitos clubes que não sentem essa proximidade da AFL, sentem que esse aspeto se desligou. E queremos que aconteça o contrário, que os clubes estivessem mais envolvidos no dia-a-dia da AFL. Também gostava de falar da certificação dos clubes, que é importante para o desenvolvimento dos clubes e teremos na nossa lista uma pessoa conhecida que será uma mais-valia para este processo.

— Um antigo jogador?

— Já foi jogador, treinador, uma pessoa extremamente conhecida que a seu tempo iremos divulgar. No mês de outubro faremos uma apresentação pública da nossa lista para divulgarmos a nossa candidatura.