Liga • Round 25Estádio Municipal de Braga
Tiago Sá
90'
Ricardo Horta
17'
Treinador do FC Porto analisou a derrota em Braga e o lance polémico no final da partida
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SC Braga-FC Porto, 1-0 Um grande banho tático de Carvalhal a Anselmi (crónica)

NACIONAL08.03.202523:44

Na hora da verdade, as soluções encontradas pelo português, apesar de ter um banco mais pobre, superaram as do argentino, que com mais alternativas acabou a jogar de pontapé para a frente, à procura de um milagre

Afinal, de vez em quando, a tradição ainda é o que era. Como A BOLA já tinha escrito, sempre que Ricardo Horta marca ao FC Porto, os arsenalistas ganham; e Carvalhal, na Pedreira, vai em três vitórias e um empate com os dragões.

Mas este triunfo do SC Braga sobre os azuis e brancos foi muito diferente de outros, mais sofridos, já que os minhotos, que só sentiram dificuldades no último quarto de hora da primeira parte, apresentaram-se mais bem organizados, com um futebol tecnicamente mais refinado, e tiveram um treinador que deixou o adversário queimar todos os cartuchos para a seguir, cirurgicamente, colocar a sua equipa a salvo de quaisquer percalços.

Nestas coisas não há muito a enganar, e se André Villas-Boas precisou de se desfazer de Nico González e Galeno, para fazer face a problemas financeiros, e não os substituiu por elementos de maior valia, é de La Palice que a equipa tinha de ficar mais fraca. E se a isto juntarmos as ausências de Fábio Vieira e Pepê, o quadro de vulgaridade agudiza-se ainda mais, explicando a pobreza franciscana, em termos de ideias, alternativas e até de intensidade, apresentada pela equipa de Anselmi.

Chegado há pouco, por certo a culpa não será só dele, já que encontrou condições limitadas. Mas, de qualquer forma, haverá lugar a uma pergunta pertinente: este FC Porto joga melhor, é mais perigoso e traz maior satisfação aos adeptos do que o anterior, de Vítor Bruno? O FC Porto, nesta altura, tem um plantel vulgar, que joga um futebol vulgar, e encontrou um treinador que, em Braga, não passou também de soluções vulgares, permitindo a Hornicek uma noite muito mais descansada do que a que teve Diogo Costa. Os arsenalistas ganharam, e bem, e foram eles, depois da dança das substituições, que estiveram mais perto de marcar, contra um adversário que esteve em campo minado por limitações públicas e notórias. 

A tática (I)

Martin Anselmi armou a sua equipa num 3x4x3 que enfermava de vários males: João Mário, sem rotinas que lhe permitissem jogar por dentro e dar o corredor a Martim Fernandes, pouco produziu; Varela e Franco mostraram-se cromos repetidos, sem rasgo, assegurando apenas serviços mínimos; e sempre que Gonçalo Borges saiu da esquerda para o apoio a Samu, Francisco Moura foi presa fácil para os desdobramentos minhotos, tornando-se ineficaz.

Já Carlos Carvalhal foi mais arguto, começando por entregar El Ouazzani, que sem ter jogado bem lutou até à exaustão, à marcação dos três centrais do FC Porto, o que deixou imediatamente espaço entre linhas a Ricardo Horta, apoiado por Gorby, que teve um apagão no último quarto de hora da primeira parte e depois foi capaz de recompor-se, e João Moutinho, que encheu o campo, assinando uma das melhores exibições que se lhe viu nos últimos anos. Com os centrais contrários, manietados e a luta de meio-campo ganha (porque Horta, inteligente, garantia superioridade numérica), o problema que se seguia era travar a dupla Samu/Gonçalo Borges, sempre que este derivava para o meio. Para isso, a solução foi simples e eficaz: Victor Gómez passava a central pela direita e Gabri Martínez acompanhava Moura, fazendo de lateral-direito e passando assim a defesa a cinco.

A desorientação dos dragões perante o quadro acima descrito foi tanta que aos 17 minutos, quando Ricardo Horta fez o 1-0 (decisivas as movimentações de João Moutinho e Paulo Oliveira na direção do primeiro poste, que deixaram Diogo Costa na dúvida, até à última, sobre a direção que a bola podia tomar), já o FC Porto tinha visto três cartões amarelos.

A equipa de Carlos Carvalhal foi capaz de se aguentar em nível altíssimo até à meia-hora de jogo mas depois, progressivamente, por ter deixado de conseguir ter bola a meio-campo por baixa momentânea de Gorby, baixou linhas e os portistas tiveram um derradeiro quarto de hora aceitável, com um remate com o ombro de Samu (44) defendido por Hornicek. Pensou-se, então, que o segundo tempo traria um FC Porto decidido a dar a volta às circunstâncias. Mas foi fumo sem fogo. 

A tática (II)

O intervalo serviu para o SC Braga acalmar, reorganizar-se e reagrupar-se, e desde logo percebeu-se que os ataques rápidos minhotos tinham muito mais veneno que o ataque continuado de um FC Porto em 3x5x2.

Foi então que Martín Anselmi começou a alterar a equipa, esgotando as substituições entre os 57 e os 77 minutos, enquanto que Carvalhal mexeu pela primeira vez na equipa aos 80 minutos. E o que ganharam com isso os dragões, que só foram ameaçadores num cabeceamento de André Franco (58')? Muito pouco, ou nada, porque tendencialmente foram abdicando de qualquer tipo de elaboração do seu jogo, terminando num 4x4x2 (ou 4x2x4, escolham) ferido de previsibilidade, tornando-se presa fácil não só para a defesa minhota, mas também para os seus contra-ataques.

Carvalhal, mexeu pouco: Gorby por Racic, tudo igual; depois, já aos 83 minutos, passou a 5x4x1 com a integração de João Ferreira na defesa (abdicou de Gharbi), quando o FC Porto tinha lado a lado Samu e Deniz Gul. E fez entrar o júnior Afonso Patrão, para fazer exatamente o mesmo que El Ouazzani vinha a fazer. Com isto, depois de ter resistido com o onze inicial às trocas do FC Porto, acabou em grande estilo, obrigando Diogo Costa, aos 87 minutos, à defesa da noite. Foi a cereja no topo do bolo.