Espaço Universidade USA Basketball hexacampeão Mundial de sub-17 (artigo de Eduardo Monteiro, 78)
Terminou recentemente o VI Campeonato Mundial de Basquetebol de sub-17 Málaga-2022, organizado pela respectiva Federação Internacional (FIBA). Esta 6ª. edição da prova destinada a estes jovens talentos teve o mesmo vencedor dos 5 eventos anteriores, a seleção dos Estados Unidos.
A seleções norte-americanas, cuja preparação tem sido da inteira responsabilidade da respectiva federação (USA Basketball), não sofreram nenhuma derrota em todo este percurso competitivo durante os últimos 12 anos. É uma demonstração inequívoca do valor e superioridade do basquetebol jovem dos USA a nível internacional.
O “FIBA Sub-17 Basketball World Cup” é a competição mais importante do calendário da Federação Internacional de Basquetebol para este escalão etário. O primeiro campeonato mundial foi organizado em Julho de 2010 na cidade de Hamburgo. Ao longo destes 12 anos, a competição foi realizada 4 vezes em países do continente europeu: Alemanha (2010), Lituânia (2012), Espanha (2016 e 2022), 1 no médio oriente, Dubai (2014) e outra no continente americano, Argentina (2018). Os resultados obtidos nas finais e na atribuição do 3º e 4º lugar têm caminhado para um progressivo equilíbrio de valores:
- 2010 – Hamburgo (Alemanha)
Final: USA – 111 Polónia – 80; 3º e 4º lugar: Canadá – 83 Lituânia – 81.
- 2012 – Kaunas (Lituânia)
Final: USA – 95 Austrália – 62; 3º e 4º lugar: Croácia – 93 Espanha – 61.
- 2014 – Dubai (Dubai)
Final: USA – 99 Austrália 92; 3º e 4º lugar: Sérvia – 62 Espanha – 59.
- 2016 – Saragoça (Espanha)
Final: USA – 96 Turquia – 56; 3º e 4º lugar: Lituânia – 81 Espanha – 63.
- 2018 - Rosário/Santa Fé (Argentina)
Final: USA – 95 França – 52; 3º e 4º lugar: Porto Rico – 90 Canadá – 77.
- 2022 – Málaga (Espanha)
Final: USA – 79 Espanha – 67: 3º e 4º lugar: França – 66 Lituânia – 58.
Países medalhados:
USA (6 medalhas de ouro), Austrália ( 2 medalhas de prata), França ( 1 medalha de prata e 1 de bronze), Polónia (1 medalha de Prata), Espanha (1 medalha de prata), Turquia (1 medalha de prata), Canadá ( 1 medalha de bronze), Croácia (1 medalha de bronze), Lituânia (1 medalha de bronze), Porto Rico (1 medalha de bronze) e Sérvia (1 medalha de bronze).
Países com mais participações:
Argentina (6), Austrália (6), Canadá (6), Egipto (6), USA (6), China (5), França (5), Espanha (5), Lituânia (4), Sérvia (4), República Dominicana (3), Mali (3), Coreia do Sul (3), Croácia (2), Japão (2), Nova Zelândia (2), Filipinas (2), Polónia (2), Porto Rico (2), Turquia (2), Angola (1), Bosnia Herzegovina (1), Taiwan (1), República Checa (1), Finlândia (1), Alemanha (1), Grécia (1), Itália (1), Líbano (1), Montenegro (1), Eslovénia (1), EAU (1).
Continentes com maior número de presenças:
- Europa (32), América (23), Ásia (15), África (10) e Oceania (8).
Embora o continente europeu tenha o maior número de participações nesta competição (32), América, África e Oceania apresentam países totalistas no evento (Argentina, Canadá, USA, Egipto e Austrália). Este historial, demonstra que nestes 3 continentes existem nações que se preocupam com a formação e aperfeiçoamento dos jovens basquetebolistas neste escalão etário
Etapas da Formação Desportiva
A educação desportiva começa no ensino primário (Elementary School) com a organização de actividades diárias das quais constam os jogos pré-desportivos, as corridas, os saltos e os lançamentos e, se possível, a aprendizagem da natação. No Junior High School (ensino preparatório) o ensino-aprendizagem de diversas modalidades desportivas é considerado fundamental no desenvolvimento motor global dos jovens e na aquisição de conhecimento desportivo diversificado. O aperfeiçoamento desportivo dos jovens é uma actividade fundamental, efectuada no âmbito das competências do ensino secundário. Em cada High School existe um professor (Athletic Director) que coordena todas as actividades desportivas escolares, assim como, a seleção de professores com formação específica em diferentes modalidades, que são responsáveis pela preparação das equipas que evoluem nos quadros competitivos escolares (locais e regionais). Não se efectuam competições escolares de âmbito nacional. As provas nacionais só têm justificação quando os atletas entram na fase de especialização.
Na sequência deste processo de formação desportiva da juventude, as universidades assumem a responsabilidade pela sua especialização desportiva. Neste sistema, os e as jovens talentos podem beneficiar de formação académica gratuita, através da atribuição de bolsas de estudo na qualidade de estudantes-atletas. A preocupação principal é evitar a profissionalização desportiva precoce e proporcionar, em simultâneo, aos estudantes-atletas formação académica que assegure uma futura actividade profissional nas diversas áreas da actividade humana. As equipas representativas das universidades estão inseridades em Conferências, de âmbito regional, cujos vencedores são apurados para a competição nacional, a tradicional e famosa “March Madness”.
Na Europa, os sistemas desportivos são diferenciados, embora todos eles tenham o seu início na escola. Contudo, nalguns países a formação desportiva escolar deixa muito a desejar, a começar pela péssima organização dos horários escolares. Como a maior parte das crianças e jovens não beneficiam de uma educação desportiva adequada, a base de sustentação do sistema desportivo, assente no desporto escolar, não existe. Sistema desportivo que não for alicerçado no sistema educativo não reúne condições de sustentabilidade. Não é necessário ir muito longe para se constatar essa realidade.
Eduardo Monteiro é ex-treinador do SL Benfica e das Seleções Nacionais