Tudo o que disse Vitinha: das memórias do Euro-2016 com 16 anos à vontade de jogar e conquistar o troféu

SELEÇÃO14.06.202412:30

Médio do PSG foi o porta-voz do desejo português: «Queremos estar lá, na final!»

A euforia de cerca de 5.000 adeptos na chegada da Seleção esta quinta-feira ao quartel-general de Portugal no Euro, em Marienfeld, é um combustível «muito importante» para sublinhar ainda mais a vontade de conquista do grupo, como destacou Vitinha, o jogador escolhido, esta sexta, para dar voz ao sonho lusitano.

- É na força da comunidade emigrante, como aconteceu aqui em 2006 e em França em 2016 que está a chave para o sucesso de Portugal?

- Sim. É de ressalvar, de agradecer, de elogiar e de mencionar que é importante esta receção que tivemos, no aeroporto em Lisboa, no caminho para cá, na chegada a Marienfeld. Foi maravilhoso. Nós a gravarmos com os telemóveis de dentro para fora e milhares de adeptos de fora para dentro. Foi importante como foi na Alemanha em 2006 e em 2016 em França, onde há uma comunidade emigrante grande. E aqui é igual. Foi incrível a euforia. Agradecemos o apoio, mas agora é hora de nos focarmos no Euro. Mas é um apoio muito importante.

Começou a festa!

13 junho 2024, 22:53

Começou a festa!

Loucura total com mais de cinco mil adeptos na chegada de Portugal a Marienfeld; mas nem tudo correu bem

- Pode Portugal repetir o trajeto de 2016 e chegar à final do Europeu?

- Espero bem que sim. Mas este não é o local para fazer futurologia. Claro que tudo faremos para estar lá. Mas não convém pensar no fim, mas sim no presente, no próximo jogo. No futuro próximo: o jogo com a República Checa, no qual vamos focar-nos nos próximos três ou quatro dias.

- Muitos consideram que esta é a Seleção mais forte de sempre e tem tudo para conquistar o Europeu. Sentem isso?

- Já tive opprtunidade de o dizer, mas posso reforçar: temos uma grande Seleção, com grandes jogadores, a jogar em grandes clubes. Torna-se, de facto, difícil lembrarmo-nos de quando tivemos algo assim. Mas… as grandes seleções tem é de provar que o são em campo, nos jogos e é isso que temos de fazer neste Europeu. É importante mostrar dentro de campo o valor. E é importante gerir bem as expectativas, que sabemos que são altas pela nossa qualidade, mas garantindo que na nossa cabeça está bem presente o que temos de fazer, sem deslumbres.

- Portugal é apontado como favorito no grupo. Lidam bem com isso e com a pressão?

- Passa tudo por isto: é uma questão de gerir bem as expectativas. Fora do grupo, na imprensa e entre adeptos, são muito altas e isso é normal pela nossa qualidade. Mas nós, mesmo os que vão para o banco, temos de ter bem presente o nosso valor e o que fazer. Sem pensar no futuro. Temos de pensar no próximo jogo, com a República Checa, depois o próximo e o próximo. A chave é gerir expectativas.

- Foi alvo de muitos elogios no PSG, fez grande época, mas também foi muito desgastante. Está no momento ideal?

- Foi de facto uma época brutal. Para mim foi muito boa a nível pessaol e também coletivo. E não havia melhor forma de chegar aqui. Estou motivado, preparado e sinto ansiedade de começar a ver a bola a rolar, de ajudar a Seleção e participar no meu primeiro Euro.

Vitinha tem um desejo: «Sim, queremos estar lá, na final!» (foto Miguel Nunes)

- Integrou o melhor onze da Champions. O que significa esta distinção para si e o que pode acrescentar à Seleção?

- Foi muito importante para mim, não escondo isso, estaria a mentir se o fizesse. É sempre importante receber estas distinções e eu recebi-a com todo o gosto e assinalei-o nas redes sociais como algo muito importante na carreira. Mas queria mais falar do coletivo, da Seleção, pensar em ganhar à Repúbica Checa, preparar bem esse jogo. Tudo o que dei no PSG, espero dar aqui, contribuindo para a equipa. Já sabem como jogo, a minha forma de estar em campo e o que posso dar. Sempre que for chamado à ação, é o que pretendo fazer.

- Houve notícias que deram conta de que esteve perto de desistir do futebol. Mas evoluiu até hoje, até um grande momento de forma. É o pico da sua forma, o seu melhor momento?

- A minha mãe também me perguntou se eu tinha tido vontade de desistir [risos]. Sinceramente, não me recordo disso, de ter dito isso, foi a minha mãe que me enviou quando viu. Mas sim, chego no meu melhor momento, a fazer grandes jogos na maior competição de clubes, a Champions, e na liga francesa, que conquistámos. Não sei se é o melhor momento da minha carreira, porque pode ser ainda melhor. Mas, até agora, é o melhor, sim.

Estava no Padroense em 2016, quando Portugal foi campeão europeu. Quem era esse Vitinha?

- Era um Vitinha muito jogem, era sub-16 – é fácil fazer as contas porque nasci em 2000 [risos]. Vi a final de 2016 com a minha família e foi difícil ver até ao fim, porque a tensão era muita, estava um título inédito em jogo. Mas, depois, foi a festa total, nesse dia e nos seguintes. Foi incrível. E saber que podemos e temos o poder de dar essa alegria uma vez mais… Se já havia ambição e vontade, ter essa adição de poder de dar felicidade a todos o portugueses, aos amigos e família é algo que rebenta a escala em termos de motivação e vontade.

- Imaginemos Vitinha no onze titular: que jogadores do meio-campo mais gostaria de ter ao seu lado?

- Sabem que não vou responder a isso… Quero jogar, óbvio, todos querem e eu não sou exceção. Mentiria se dissesse o contrário. Quero jogar e poder ajudar a Seleção. Não me importo com quem seja.

- Já escolheram a alcunha para esta Seleção?

- Eu faço como o mister e deixo essa escolha para vocês e para os adeptos. Não falámos disso entre nós, fica o repto para os adeptos.

- É possível jogar com João Neves e Bruno Fernandes e ter equilíbrio ou é preciso Palhinha atrás para equilibrar?

Vitinha (foto Miguel Nunes)

- Importante é ressalvar que temos muita quantidade e qualidade. Às vezes tens mais uma do que outra, mas esta Seleção reúne tudo. Fizemos três jogos particulares e viram três meio-campos, sempre com boa resposta, apesar da Croácia, jogo no qual não foi tudo mau. Cabe ao mister decidir, dependendo do jogo, do contexto. E nós temos de dar resposta.

- O primeiro jogo é o mais difícil, também por ser contra a Rep. Checa?

- O jogo mais impotrante é sempre o próximo, ainda para mais por ser o primeiro, no qual é importante mostrar logo ao que viémos, mostrar que queremos ganhar, que somos fortes. Em termos indidividuais de equipas, a verdade é que ainda não analisámos as três. Estamos a fazer isso jogo a jogo e o foco é na República Checa.

- Teve excelente época, quase como todos os jogadores portugueses. Podem ganhar?

- Podemos agarrar-nos a isso, sim, mas é um jogo coletivo. Claro que o momento individual é importante para melhorar o coletivo. E, sim, que o momento individual positivo dê resultados no coletivo.

- No ebay há bilhetes a 500 euros para o treino. Vale isso ver-vos treinar? Vão ver Ronaldo? Como é jogar com ele?

- Importante é refroçar o quanto as pessoas querem ver-nos, estar connosco, estar perto de nós. Agradecemos e recebemos isso de braços abertos. E o Cris tem influência nisso, claro. Vemos isso nas receções que temos em todo o lado, a importância que ele tem em todo o Mundo. Para mim é um privilégio partilhar balneário, treinos, jogos e estágios com ele.

- O que mudou para si esta época para ter uma explosão como a que teve?

- O contexto. Toda a equipa (PSG) jogou de forma diferente, outros jogadores, outro treinador. É importante ver o contexto, que muda tudo. Foi mais favorável para mim e fui crescendo à medida que a época foi avançando.

- Integrou o melhor onze da Champions. O que significa esta distinção para si e o que pode acrescentar à Seleção?

- Foi muito importante para mim, não escondo isso, estaria a mentir se o fizesse. É sempre importante receber estas distinções e eu recebi-a com todo o gosto e assinalei-o nas redes sociais como algo muito importante na carreira. Mas queria mais falar do coletivo, da Seleção, pensar em ganhar à Repúbica Checa, preparar bem esse jogo. Tudo o que dei no PSG, espero dar aqui, contribuindo para a equipa. Já sabem como jogo, a minha forma de estar em campo e o que posso dar. Sempre que for chamado à ação, é o que pretendo fazer.

Vitinha (IMAGO)

- Têm de manter o Cristiano sempre feliz, tendo em conta o feitio dele?

- O Cristiano é inacreditável. O reconhecimento por todo o Mundo deve-se ao que cotinua a fazer. Que ele seja importante para a Seleção! E também estamos aqui para ajudá-lo a conseguir dar o seu melhor, para o bem de Portugal.

- Cristiano Ronaldo, Pepe e outros já lhe falaram de como foi aqui em Marienfeld em 2006?

- Eu tinha seis anos, não me lembro de quase nada. O Cristiano, o Ricardo (treinador de guarda-redes) já nos contaram como era, como está agora e é bom estar num sitio onde já fomos felizes antes. Que volte a ser um verdadeiro quartel-general.

- Só foi titular na Eslováquia na qualificação. Agora tem outro estatuto. Ficará desiludiudo se não for titular na estreia no Euro?

- Obviamente qualquer jogador que não jogue ficará triste e desiludido. Cabe-nos a nós lidar com a frustração e a tristeza de não jogar. Mas espero começar e ajudar a equipa. Sinto-me importante no grupo e espero continuar a sentir-me.