Destaques de Portugal: um Leão faminto, o aniversariante e o homem que resolve sempre
Cristiano Ronaldo marcou o golo que deixou Portugal isolado na liderança. Foto MIGUEL NUNES

Destaques de Portugal: um Leão faminto, o aniversariante e o homem que resolve sempre

SELEÇÃO08.09.202423:30

Ninguém conseguiu travar Rafael Leão pela esquerda, só o guarda-redes Angus Gunn lhe negou o golo, uma duas, três vazes. Bruno Fernandes assinou o tento do empate e fez Portugal acreditar. CR7 já vai com 901 e empolgou companheiros e também o público

A figura: Rafael Leão (nota 8)

Foi desde o primeiro minuto um verdadeiro pesadelo para Anthony Ralston, que nunca o conseguiu travar. O primeiro momento de empolgamento aconteceu aos 9', quando foi campo fora, entrou na área e rematou à malhas laterais. Com Portugal em desvantagem, foi procurando o empate e pouco depois teve disparo fortíssimo travado por Gunn. Se a finalização não resultava, procurou resolver com uma assistência, mas Diogo Jota rematou um pouco ao lado (23'). Até que a inteligência o levou a fazer passe atrasado para Bruno Fernandes, que empatou a partida (54'). Saiu aos 68 minutos e durante uns minutos a equipa sentiu a sua falta.

Diogo Costa (6) — Aos sete minutos não tinha ainda tocado na bola e já tinha sofrido um golo. Exibição positiva, principalmente pela forma como evitou que os altos escoceses finalizassem na sequência dos muitos cantos e livres que levaram a bola à área portuguesa.

Nélson Semedo (6) — De regresso à titularidade, subiu muito no terreno e foi preciosa muleta para Pedro Neto na primeira parte. Deu o lugar a Diogo Dalot quando Roberto Martínez sentiu que precisava de ainda mais agressividade na lateral direita.

Rúben Dias (5) — Acaba por ser o culpado no lance do golo da Escócia, ficando nas costas de McTominay, que sem marcação marcou no primeiro remate da formação visitante. Com novo parceiro no centro, foi tendo uma atuação em crescendo, com autoridade em missão defensiva e alguma capacidade de assustar a defesa escocesa quando subiu no terreno para alguns livres e cantos.

António Silva (6) — Num momento de incerteza em que não se sabe quem é o melhor para Rúben Dias, o jovem do Benfica foi ontem titular e em alguns momentos demonstrou algum nervosismo. Mesmo assim, teve exibição segura e aproveitando o pouco trabalho defensivo na maior parte do tempo ainda teve dois remates perigosos de cabeça, aos 16 e 29 minutos.

Nuno Mendes (8) — Ofensivamente muito agressivo, o lateral-esquerdo do PSG voltou a encontrar o caminho para a vitória de Portugal com um cruzamento perfeito para o golo 901 de Cristiano Ronaldo. Nuno Mendes nunca deixou de acreditar e e enquanto teve Rafael Leão à sua frente provocou muitas dores de cabeça à defesa escocesa, com a saída do avançado do Milan foi ainda mais desequilibrador. Mais uma exibição de grande nível.

Bernardo Silva (5) — É uma raridade ver jogo que não tenha marca importante de Bernardo Silva, mas ontem o criativo do Manchester City nunca teve arte para romper a sólida defesa da Escócia. O dia foi especial porque sem Cristiano Ronaldo no onze teve a responsabilidade de ser capitão, mas a inspiração nunca esteve lá.

João Palhinha (5) — O mais recuado dos médios teve muitas vezes de baixar e entre os centrais ajudar a travar os avançados escoceses. Mas sem muito trabalho defensivo para fazer, faltou-lhe capacidade para fazer a diferença nos muitos lances de ataque de Portugal. Acabou por ficar no balneário ao intervalo porque era altura de arriscar e lançar Rúben Neves, alguém com mais critério na hora de fazer o último passe para os homens da frente.

Bruno Fernandes (8) — O dia não poderia ser mais especial para o médio do Manchester United. Em dia de celebrar o 30.º aniversário, fez também o jogo 600 na carreira. E como fez durante toda a carreira foi decisivo. Com um golo graças a remate forte e colocado de fora da área chegou ao empate (54') e permitiu a Portugal embalar para a conquista dos três pontos. Teve ainda um punhado de passes que poderia ter dado golo e foi encontrando espaços onde eles pareciam não existir.

Pedro Neto (5) — No início do encontro, a Seleção foi privilegiando os ataques pela esquerda, mas no lado contrário o extremo do Chelsea conseguiu também romper pela defesa da Escócia. Exemplo disso a bola redondinha que quase permitia a Bruno Fernandes marcar o primeiro de Portugal, mas também o cruzamento para António Silva rematar de cabeça por cima da trave, aos 29 minutos. Mesmo assim, não conseguiu segurar Robertson à junto da área da Escócia e com Portugal em desvantagem Roberto Martínez abdicou dele para lançar Cristiano Ronaldo.

Diogo Jota (6) — Foi deambulando pelo campo, nunca ficando preso no coração da área. Mesmo assim, a defesa da Escócia teve-o sempre bem vigiado e raramente permitiu que o avançado do Liverpool causasse dano com a sua velocidade. Aos 23 minutos teve espaço para rematar, mas a bola saiu por cima da trave, ficando a ideia de que poderia ter sido mais eficaz. Aos 31' finalizou de cabeça, mas Angus Gunn ia defendendo tudo, até o que parecia impossível. 

Cristiano Ronaldo (8) — Não são só os 901 golos na carreira, é a capacidade que o capitão que parece eterno tem de decidir jogos quando as situações parecem destinadas ao fracasso. Ficou no banco, o que já não aconteceu desde o Mundial do Catar, em 2022, com Fernando Santos, mas mal entrou foi ao meio-campo recuperar bolas, apareceu na área para finalizar. Contagiou companheiros e os adeptos na bancada. E marcou o golo da vitória respondendo a cruzamento de Nuno Mendes e no mesmo lance, aos 82 minutos, rematou ao poste direito na recarga a remate de João Félix e logo a seguir teve finalização de cabeça com a bola a ser devolvida pela poste esquerdo. Decisivo.

Rúben Neves (6) — Deu à Seleção o que João Palhinha não tinha conseguido, mais critério nas transições ofensivas.

João Neves (6) — Com a qualidade habitual, deu solidez ao jogo de Portugal. Muito bem a encontrar espaços para servir os atacantes.

João Félix (7) — Boa entrada. Aos 78 minutos, isolado pelo calcanhar de Cristiano Ronaldo, rematou e só não foi golo porque Gunn fez defesa fantástica. Aos 82 foi o poste a devolver o remate de cabeça. Mexeu com o jogo.

Diogo Dalot (6) — Cumpriu na íntegra o que lhe foi pedido. Mais acutilância a subir pela direita. Resultado? Portugal ganhou e é líder isolado.