Valeu a pena, Otávio?

OPINIÃO02.11.202205:30

Luso-brasileiro é a expressão máxima do bom e do mau da versão 2022/2023 do FC Porto. Ora muito bem ora muito mal

OFC Porto ganhou ao Atético Madrid (2-1) e, depois de garantir o apuramento para os oitavos da Champions pela 13.ª vez desde 2003/2004, temporada da estreia do formato atual da competição, venceu o Grupo B, resultado que representa, teoricamente, mais-valia importante no sorteio de 7 novembro, por colocar os dragões a salvo de tubarões. Apenas Real Madrid (20), Bayern Munique (19), Barcelona (17), Chelsea (17 e Arsenal (14) contam com mais participações na fase a eliminar da prova da UEFA!
Para Otávio, ontem, no Dragão, o 36.º jogo na Liga dos Campeões, o 6.º esta época! O luso-brasileiro tem o estatuto de titular indiscutível nos azuis e brancos, apresenta-se como o médio mais influente nas movimentações defensivas e ofensivas, por associar agressividade à criatividade e resistência física a recursos técnicos acima da média. Para as estatísticas, considerem-se, ainda, os 4 golos e as 2 assistências na competição de clubes número 1 do futebol mundial.

Otávio Edmilson da Silva Monteiro nasceu em João Pessoa, capital do estado brasileiro de Paraíba, a 9 de fevereiro de 1995. O Internacional, o clube da cidade de Porto Alegre com que venceu os campeonatos gaúchos de 2013 e 2014, projetou-o no futebol profissional e, em setembro de 2015, por cerca de 2,5 milhões de euros, aceitou transferi-lo ao FC Porto. A mudança de país, continente e estilo de jogo obrigou a período de adaptação (bem!) cumprido no V. Guimarães, por cedência dos dragões.

À 3.ª época em Portugal, com Nuno Espírito Santo na liderança da equipa técnica do FC Porto, finalmente, Otávio fixou-se no plantel dos azuis a brancos. Em 2017/2018, Sérgio Conceição entrou no Dragão e o médio ganhou cada vez mais dimensão e estatuto. Ontem, realizou o jogo 252 com a camisola portista. Em 7 épocas, 7 títulos: 3 Ligas (2017/2018, 2019/2020 e 2021/ 2022), 2 Taças (2019/2020 e 2021/2022) e 2 Supertaças (2018 e 2020).
Otávio nunca mereceu atenção especial de qualquer selecionador brasileiro - sucedera o mesmo com Deco, Pepe, Liedson e Dyego Sousa - e, a 4 de setembro de 2021, no particular Portugal-Catar realizado em Debrecen, na Hungria, estreou-se com a camisola da Seleção. E fê-lo com golo, marcando, aos 25’, o 2-0 de um jogo que terminou com uma vitória por 3-1. A 10 de novembro, certamente, salvo situação excecional que não antecipamos, médio do FC Porto entre os 26 escolhidos por Fernando Santos para o Mundial de 2022. Muito justamente.

As qualidades do jogador Otávio, pelos muitos quilómetros que corre e, sobretudo, pelo muito que joga, não merecem discussão. Os méritos da convocatória para a Seleção também não! Já a forma como este craque luso-brasileiro se comporta em campo (quase…) sempre que o FC Porto vive fase menos positiva num jogo deve questionar-se. Recorda-me, obviamente, dos acontecimentos na partida com o Benfica, no Dragão, para a jornada 10 da Liga, que as águias venceram, por 1-0.

Otávio, qual extensão do treinador no relvado, não hesitou e despiu o fato de jogador grande para vestir o de jogador quezilento, provocador e teatral sempre mais determinado na confrontação com os adversários e a equipa de arbitragem do que no futebol. Este plano de trabalho percebe-se, após o cartão vermelho ao internacional canadiano Eustaquio, aos 27’’, que deixou 10 dragões contra 11 águias no relvado do FC Porto. As exibições excecionais contra Club Brugge e Atlético Madrid, ambas para a Champions, sustentam esta pergunta: valeu a pena, Otávio?

Em 2022/2023, como o FC Porto, Otavio ora muito bem, ora muito mal. O internacional português, aos 27 anos, é futebolista maduro. Em 2021, reconhecendo-lhe muita importância, os dragões melhoraram-lhe (muito) o contrato, que prolongaram até a junho de 2025. Cláusula de rescisão inscrita no documento: 60 milhões de euros. Otávio, o grande jogador, vale-os!