Temos as melhores praias, Jurgen
Liverpool vai perder Klopp no final da época, mas não será o único a lamentá-lo
O confronto de domingo em Anfield, entre o Liverpool e o Manchester City valia liderança da liga inglesa - quem riu por último foi o Arsenal depois de 1-1 no marcador -, mas também muito mais do que isso. Depois de oito juntos, o último encontro – última dança, como agora se diz –,entre Jurgen Klopp e Pep Guardiola na Premier League, talvez aconteça ainda na Taça. No confronto direto, o alemão tinha 12 vitórias, o espanhol tinha 11, no fim deu empate e um longo abraço.
No final de janeiro Klopp chocou todos com o anúncio de que ia deixar o clube no final da época. A partir daí tudo seria o ‘último qualquer coisa’. Estava sem energia e, aos 56 anos, queria mais; «não sei como é a vida normal, por isso não sei do que tenho saudades», disse no dia em que se soube da saída. Em oito anos desgastou-se, mudou muito, trocou o cabelo meio comprido pelo boné e tirou os óculos que lhe enquadravam o sorriso quase sempre aberto. Guardiola disse estar aliviado, mas resumiu tudo assim: «Parece de que nos vai deixar a nós também.»
Na antevisão ao jogo, Pep disse ter a sensação de que ele ainda vai voltar; Klopp foi mais uma vez cavalheiro: «O Pep fez de mim um grande treinador. Sei que sou muito bom no que faço, não sou mau, mas ele é o melhor do mundo.» Que saudades vamos ter desta e de outras frases, de conferências de imprensa divertidas, zangadas, de explosões e gritos a contagiar as bancadas de Anfield no banco.
Apesar da mensagem clara que deixou – parar mesmo - continuou nos dias seguintes a ser apontado a bancos que vão ficar vagos no verão: Barcelona, ou entretanto Bayern Munique. Estaríamos todos em negação.
Mas ele não quer. Vai fazer coisas normais. Ir ao supermercado, ver museus ou saltar de paraquedas, não sei. Mas imagino-me a vê-lo no verão de cadeira ao ombro, geleira numa mão, saco de toalhas na outra, a entrar numa praia cheia de gente no Algarve, onde também nunca estará alone.