Sporting: às vezes pode ser bom que tudo lhe aconteça
Sim, o leão conseguiu sofrer dois golos de um dos piores ataques da Liga; mas também contou com uma 'assistência' do axadrezado Pedro Gomes para Gyokeres voltar aos golos
Na sexta-feira, no lançamento do jogo com o Boavista, João Pereira, treinador do Sporting, recorreu à expressão «parece que tudo nos acontece», que A BOLA já tinha usado dois dias antes, para descrever a derrota na Bélgica, com o Club Brugge, para a Champions, um jogo em que os leões estiveram a vencer e permitiram a reviravolta, iniciada com um desvio de Eduardo Quaresma para a própria baliza, com um penálti sobre Maxi Araújo transformado em livre direto pelo VAR pelo meio (logo a seguir ao 1-1).
Agora, frente ao Boavista, em Alvalade, tudo pareceu mesmo acontecer ao Sporting. Mas isso não é necessariamente mau. É verdade que aconteceu Bozeník, ponta de lança dos axadrezados, marcar o primeiro golo da temporada, ao 15.º jogo (tem ainda mais 4 pela seleção eslovaca, também em branco). É verdade que aconteceu Onyemaechi fazer o segundo golo da época, dois golos marcados pelo Boavista em Alvalade duma equipa que somava apenas oito em 13 jornadas do campeonato. Mas também aconteceu aquela assistência de Pedro Gomes para Gyokeres inaugurar o marcador, ou um bis de Trincão que Alvalade ainda não tinha visto esta época (já tinha feito dois golos num jogo, mas na Madeira, contra o Nacional).
De facto, não há mal que sempre dure, e era difícil que a infelicidade que o Sporting foi tendo em vários momentos de vários jogos (com muitas culpas próprias, admita-se) persistisse. Com um bocadinho de felicidade, ou pelo menos sem ter o destino a pregar-lhe tantas partidas, outra expressão usada anteontem por João Pereira, o Sporting lá pôs fim a série de quatro derrotas seguidas e conseguiu uma vitória tão preciosa para as contas do campeonato como para as contas que o treinador já ia fazendo à vida.
Ficou de repente tudo bem? Não, claro que não. Este Sporting continua a anos-luz do outro, do de Ruben Amorim. Mas percebe-se porquê. A começar pelas lesões — tantas, a de Pedro Gonçalves a mais importante; além disso, por muita personalidade e por muito potencial que João Simões tenha, (ainda) não é o mesmo ter o médio de 17 anos ou Bragança (ou Morita) ao lado de Hjulmand... Mas mais que isso, a intranquilidade — dos maus resultados e também das dúvidas que inevitavelmente assaltaram os jogadores sobre a decisão da SAD de escolher João Pereira para substituir Amorim.
As lesões agravam-se, mas a vitória de ontem pode ajudar a devolver alguma tranquilidade. Talvez isso aconteça, e seria bom para o Sporting...