Sporting-Boavista, 3-2 Apoio, importância da vitória e a (real) posição de Quenda: tudo o que disse João Pereira
Treinador do Sporting «tira o chapéu» aos jogadores por todo o esforço e empenho. Destacou domínio do jogo e apontou os erros que têm de ser corrigidos
- A equipa pareceu bem organizada ofensivamente, mas hoje mais importante do que exibição era o resultado para o grupo voltar a ter confiança?
- O mais importante eram os três pontos para sair desta fase negativa das derrotas. Voltámos a entrar bem no jogo, a criar muitas oportunidades e ao intervalo o resultado podia estar mais avolumado para o nosso lado. Sofremos, voltámos a reagir, voltámos a sofrer e reagimos de novo, foi um trabalho fantástico destes jogadores a jogar de três em três dias sem nunca desistirem, tiro-lhes o chapéu.
- Foi um jogo muito instável do Sporting. Mesmo a vencer uma equipa como o Boavista esta vitória sabe a pouco?
- A mim convenceu-me pela atitude do jogadores e não acho que tenha sido um jogo assim tão equilibrado, é verdade que o Boavista no primeiro remate faz um golo, mas o controlo foi do Sporting, tirando os últimos vinte minutos, porque as pernas começam a pesar. É uma vitória importante para o nosso futuro.
- O que se passa com Gyokeres? Depois do golo parece que desapareceu. Disse que era preciso uma vitória para os resultados começarem a aparecer. É isso que os adeptos podem esperar?
- Os sportinguistas podem esperar trabalho máximo para ganharmos todos os jogos. Foi uma vitória e queremos mais já na quarta-feira, temos um jogo para a Taça [de Portugal] e queremos ganhar. Gyokeres? O ponta de lança não serve só para marcar golos. O Viktor tem muitos minutos nas pernas, faz muitos sprints, pressiona muito, tenho de valorizar outras coisas além dos golos.
- A sua equipa teve muitas oportunidades desperdiçadas e na defesa, nos lances em que sofreu golo, Debast e Catamo perderam a bola. É sinal de instabilidade?
- Não senti nada a equipa instável. Domínio completo do jogo, temos de ir passo a passo. Ao princípio era porque não criávamos oportunidades, depois era porque não marcávamos, agora é que é instável... A equipa esteve ao nível do clube.
- Num dia em que o Sporting precisava de ganhar após quatro derrotas surgiram notícias a falar em Abel Ferreira como seu sucessor e adeptos a pedirem Sérgio Conceição. Fica incomodado?
- Nada incomodado. É normal falarem. É normal haver críticas, mas eu e os jogadores temos de nos focar e continuar a trabalhar.
- Em três jogos o Sporting sofreu cinco golos na Liga. Não vê intranquilidade sempre que o adversário vai à baliza?
- Não notei intranquilidade dos adeptos, notei apoio do primeiro ao último minutos, juntos torna tudo mais fácil. Tivemos muito apoio desde o início ao final. O Boavista criou duas ocasiões de perigo e marcou, acontece, mas não pode acontecer a uma equipa tãoo dominadora como fomos. Vamos melhorar esse aspeto, é o próximo passo.
- Esteve muito irrequieto no banco. O que se passa com a equipa que depois de marcar parece que baixa o ritmo até sofrer?
- Não concordo com falta de ritmo. Depois de marcar tivemos mais duas ou três oportunidades, mas em vantagem tem de haver controlo do jogo e não deixar quebrar, sabemos que os adversários em Alvalade querem contra-atacar. Tivemos muitas oportunidades a jogar bem e a empolgar os adeptos. Vamos trabalhar para não voltar a cometer erros.
- Não há falta de consistência no jogo do Sporting?
- Não. Temos cometido alguns erros, mas conseguimos voltar a estar na frente do marcador, mais um passo que conseguimos. Passo a passo, jogo a jogo, trabalhando arduamente vamos ganhando confiança.
- Pediu aos jogadores para jogarem mais por fora do que por dentro, isso é para continuar? Quaresma pareceu estar a coxear, algum problema?
- Isso depende sempre da tática que o adversário usa contra nós, se calhar se jogasse com linha de cinco teria de ser de outra maneira, mas identificámos este espaço que podíamos explorar, por isso criámos tantas oportunidades na primeira parte. Não gosto de falar nos jogadores que estão de fora, é uma vitória não muda nada, mas sim estamos mais contentes. A verdade é que temos muitos lesionados, temos de gerir muitos deles que estão a fazer muitos minutos, as pessoas parece que se esquecem de coisas importantes. Hoje tivemos miúdos a jogar, além de Morten, Viktor, Catamo e o próprio Quenda com muitos minutos nas seleções, sem me querer repetir, tiro-lhes o chapéu por todo o sacrifício.
- Tem colocado Quenda a avançado, numa posição onde já por lá passaram outros. É uma aposta que deu frutos?
- Conheço bem o Quenda, esteve muito tempo comigo nos sub-23 e a posição dele era a do Trincão, nunca foi utilizado como ala, sem ser por recurso. Sei que tem características para jogar ali, tem bom passe e boa definição, falta-lhe um pouco de golo, mas está a corresponder ao que lhe foi pedido.