Servir o futebol e o país

OPINIÃO29.09.202206:30

Há um ciclone que pensa derrubar figuras importantes do clube (para tentar dividir o que não é possível) bem como perturbar treinador e jogadores

OS acontecimentos em estádios da Liga Portugal voltam a deixar uma imagem de descontrolo, lentidão de processos e riscos que exigem rapidez e eficácia de ação. Não basta apresentar, é preciso urgência e soluções atempadas. O secretário de Estado vai introduzir novas medidas para prevenir a violência no desporto, reconhecendo a necessidade de agir célere. Como as que estão em vigor já estão ultrapassadas, é a hora (mais vale tarde do que nunca) de novas orientações para aplicar. Para isso é indispensável um novo pacote (palavra na moda mas pobre e vazia de conteúdo) legislativo de prevenção e sanção. O jogo é isso mesmo, inteligência e velocidade. Quando começam a surgir atitudes intoleráveis, a sua propagação, caso não seja veloz, pode criar por mimetismo uma situação desastrosa. Não basta os governantes darem entrevistas, na tranquilidade dos seus gabinetes, porque a situação exige celeridade. O presidente da nossa Liga afirmou que «o choro de uma criança apavorada, agarrada aos braços do seu pai, deveria ser suficiente para nos fazer parar». Mas, juntamente com o SEJD, tem de conseguir controlar e penalizar quem tiver comportamentos desse tipo. A questão tem vindo a crescer porque quer o Governo quer a Liga não criam legislação ajustada, transparente e rígida, porquanto as consequências causadas aos jovens, podem criar situações complexas e perturbadoras. E se a direção do Estoril foi rápida a criticar e a pedir desculpa, quem tem de agir e penalizar é lento em demasia. É certo que o SEJD criticou o acontecimento (como «intolerância inaceitável») mas sem mais sanções. Além da decisão rápida e exemplar do Estoril, a Liga deixou o pedido de reflexão conjunta… As decisões oficiais já deveriam ter sido tomadas e, desde o início da prova, com regulamentação adequada. Refletir com as competições em curso é sinal de falta de previsão e de antecipação. A pausa para os jogos da Liga das Nações poderia servir para reuniões rigorosas e com especialistas competentes, sem dependências clubísticas. O que está em causa é um tema muito importante. Não basta lamentar, é preciso mecanismos e penalizações que evitem momentos de violência porque, durante a semana, nascem constantes focos de ódio que carecem de enquadramento institucional com consequências graves; por isso é preciso decisões para alguns serem inibidos de frequentar durante algum tempo os estádios. As autoridades estão a actuar e esperemos que tudo seja esclarecido… É imprescindível agir preventivamente, mas temos muitas dúvidas em termos de eficácia. O importante é evitar o desnorte emocional e passar rapidamente da prostração ao equilíbrio. É indispensável mudar as mentalidades! Hoje correm-se riscos por sistemáticos desacordos. São reacções com alguma semelhança com as eleições: votam num partido que até pode vencer e, no dia seguinte, passam a criticá-lo com violência verbal. Em função do ocorrido no Estoril, a Liga Portugal solicitou reunião com caráter de urgência com a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto, para análise conjunta das conclusões da reunião dos diretores de segurança dos clubes das competições profissionais. Afirmar que a segurança dos adeptos e o regresso do público é essencial não basta, é urgente criar soluções eficazes e menos desperdício de tempo. A paragem por causa dos dois jogos da Seleção poderia ter sido suficiente para apresentar um novo quadro regulamentar, para funcionar no regresso da Liga. Basta definir com rigor as prioridades e as sanções adequadas. As palavras só ganham sentido quando se tornam práticas efetivas. Não basta prometer, é urgente cumprir: unir para vencer!
 

TEMPO DE SELEÇÕES

NO grupo A1, a Croácia conseguiu o primeiro lugar com 13 pontos e apurou-se para fase final; nesse grupo a Áustria desceu para o grupo B, com 4 pontos e a França conseguiu manter-se apenas com 5 pontos (equipa desilusão). No grupo A2, a Espanha alcançou o primeiro lugar com 11 pontos, e a Rep. Checa desceu para o grupo B, com 4 pontos. No grupo A3, a Itália conseguiu o primeiro lugar com 11 pontos; nesse grupo, a Inglaterra desceu ao grupo B, com 3 pontos. No grupo A4, os Países Baixos apuraram-se para a fase final, com 16 pontos e o País de Gales desceu para o grupo B, com apenas 1 ponto. Os Países Baixos vão organizar a Final Four da Liga das Nações entre 14 e 18 de julho de 2023; Enschede e Roterdão foram as cidades escolhidas: duas meias-finais, final e terceiro e quarto lugar.

1. Em Praga, Portugal contra a Rep. Checa entrou bem, com posicionamento certo, circulação eficaz e uma ligação muito segura. Dois golos em cada parte, com Dalot a bisar (jogo para nunca esquecer) e Portugal a mostrar os valores individuais e a capacidade coletiva. A primeira parte foi melhor mas tivemos sempre o jogo seguro. Mesmo com aquele choque do guarda-redes adversário, que o deixou abalado, a presença de Cristiano Ronaldo, sem estar nas melhores condições, foi decisiva porquanto dá confiança à nossa Seleção e provoca receio ao adversário. A vitória por 4-0 foi justa e animou a equipa para o jogo decisivo com a Espanha.

2. Em Braga, Portugal recebeu a Espanha para o jogo decisivo de apuramento para a Final Four. Espanha teve mais posse e Portugal criou mais perigo. A nossa Seleção conseguiu libertar-se mas faltou eficácia. A este nível não se pode desperdiçar oportunidades de golo. Ao intervalo 0-0. Na segunda parte criámos oportunidades mas falhámos lances foi decisivos. A Espanha, na última meia hora, avançou, criou perigos, marcou o golo de apuramento e Portugal não conseguiu organizar-se, desperdiçando oportunidades, o que, em alta competição, se paga caro. A gestão das substituições demorou muito tempo. O jogo é assim e agora importa refletir nas alterações metodológicas indispensáveis.
 

GESTÃO DO TEMPO

R AFA, o excelente jogador do Benfica, a viver fase de grande forma, constando inicialmente da lista de convocados por Fernando Santos, informou o selecionador da sua indisponibilidade para representar a equipa nacional. Afirmou que se trata de decisão honesta e acertada. Quanto às razões de foro pessoal, serão sempre acatadas mas nunca compreendidas pelo momento escolhido. A FPF afirmou respeitar a decisão com reconhecimento e agradecimento. Concentrar o esforço nas competições do clube e, por isso, não ir para a Seleção, para lá de não integrar a equipa de todos nós, não estará a desvalorizar a Equipa de Todos Nós, esquecendo os direitos e deveres para com o país? No ano passado em Dublin, ocorreu um momento mais infeliz, que terá eventualmente causado problemas internos. Tudo fica claro, menos o momento escolhido para o fazer! Portugal merece sempre o máximo respeito e a humildade em servir o país e, por isso, deveria ter falado com Fernando Santos com maior antecedência. Terá ficado triste por não ter sido convocado em alguns jogos e ter ficado no banco em outros? Integrar a nossa Seleção, quer jogue ou não, é um privilégio para o atleta e para o seu clube. Se a sua ausência tem como objetivo poupar o jogador para as competições nacionais e logo neste momento decisivo para a Liga das Nações, deixa muito a desejar… Alexandre Mestre escreveu: «A participação dos praticantes desportivos nas seleções nacionais é obrigatória (…) Como pode um jogador já convocado renunciar a um dever, manifestar indisponibilidade para cumprir esse dever?» A renúncia de Rafa deveria servir para aperfeiçoar regulamentos e criar normas específicas, caso contrário pode constituir um atropelo às regras.
 

A VOZ DO PRESIDENTE

NOS momentos significativos e importantes, há uma voz que tem de servir de farol e orientação. Na Liga, o campeão em título, atravessou uma fase atípica, com cinco pontos de atraso do líder, sucedendo-se jornadas muito exigentes. E se os adversários dos Dragões têm estado com boas prestações, nada garante que após a Liga das Nações não se possam inverter as tendências… Curiosamente, há um ciclone que pensa derrubar figuras importantes do clube (para tentar dividir o que não é possível) bem como perturbar o treinador e os jogadores: enganam-se, independentemente dos adversários, pois os azuis e brancos têm uma raça ancestral que nunca se derruba e que é visível nos ataques inqualificáveis contra Taremi e o clube. Afirmou o presidente do FC Porto: «Nenhum campeonato está ganho ou perdido a 27 jornadas do fim.» O tempo é de união, sempre mais forte!
 

REMATE FINAL

— Taremi mantém confiança e utilizou as redes sociais para deixar mensagem importante: «Estamos sempre juntos e focados nos nossos objetivos e vamos lutar até ao fim. Nunca desistimos.»

— Fábio Vieira marcou um golo fantástico pelo Arsenal, na vitória fora o Brentford por 3-0. O treinador do Arsenal referiu-se sobre Fábio: «Tem progredido bem. É um criativo que precisa de pôr em prática a intuição e o instinto. Mas também gosto de ver a forma como compete.»

— Dos 13 minutos e 32 segundos cronometrados, no Estoril, após o minuto 90 do jogo, só se jogaram 2 minutos e 17 segundos (desperdiçando-se 11 minutos e 15 segundos parados mas a contar no tempo total: o árbitro deveria ser penalizado por exagerada perda de tempo: onde está a tolerância zero?)

— Na primeira edição da prova de Futsal organizada entre a UEFA e a Conmebol, que colocou frente a frente as duas melhores equipas europeias e as duas melhores da América do Sul, a equipa de Portugal venceu o troféu da Finalíssima de Futsal - Taça Intercontinental - ao derrotar a Espanha no desempate por penáltis.

— Abel Ferreira, pelo magnífico trabalho desenvolvido no Palmeiras, foi distinguido pela Câmara Municipal de São Paulo com o título e diploma de «Cidadão Paulistano». Muitos parabéns.

— O presidente da Liga Portugal afirmou que vai internacionalizar a Taça da Liga, porque considera essa prova «uma competição com um retorno estratosférico». Pés assentes no solo, é sempre momento para reflexão!
Francisco Seixas da Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus, foi condenado pelo Tribunal do Bolhão, no Porto, pelo crime de difamação agravada a Sérgio Conceição. O treinador vai doar o dinheiro da indemnização a uma instituição de solidariedade social da cidade do Porto.