Qualidade e consistência  na final mais desejada
Argentina venceu (2-1) Brasil nas meias-finais do Mundial de 2021 e o escrete vingou-se na última Copa América, levando a melhor por 2-0. Foto: Imago

Qualidade e consistência na final mais desejada

FUTSAL08:00

Brasil e Argentina reeditam última Copa América. Alviceleste, que está pela terceira vez consecutiva no jogo decisivo do Mundial, tem sede de vingança. Canarinha tem sido sempre coesa e muito ofensiva

Tashkent — A final anunciada promete entreter o mundo, mais logo, na Humo Arena, em Tashkent. Brasil e Argentina foram traçando o seu caminho no Mundial de modo seguro, embora com crescentes dificuldades impostas por adversários que, no limite, provam a imensa evolução da modalidade nos aspetos técnico-táticos, na dimensão e exigência física do jogo e na capacidade única de volatilidade e imprevisibilidade.

Um Brasil dominador, no seu grupo, disputado em Bukhara (com 10-0 a Cuba, 8-1 à Croácia e 9-1 à Tailândia), não teve, é bem verdade, adversário à altura, nem sequer quando, nos oitavos de final, ultrapassou com 5-0 a Costa Rica.

Mas foi sempre, mesmo nesses momentos de goleada, uma equipa coesa, muito ofensiva, com combinações mágicas e que tudo resolveram. A equipa de Marquinhos Xavier chega à final depois de dois testes bem mais complexos (3-1 a Marrocos e 3-2 à Ucrânia), onde a dimensão de espetáculo do seu jogo deu lugar a uma consciência competitiva inabalável, que resultou em pleno.

Já a Argentina foi menos consistente nos resultados. Começando por golear a Ucrânia (7-1), sentiu imensas dificuldades perante o jogo físico e matreiro do Afeganistão. A equipa de Lucuix ganhou apenas por 2-1 ao conjunto asiático, e mesmo frente a Angola teve de puxar dos galões na segunda parte, para bater por 9-5 os Palancas Negras, que nesse encontro realizaram a sua melhor exibição no torneio.

Mas, verdadeiramente, o Mundial começaria nos oitavos de final, onde qualquer deslize seria fatal — que o diga Portugal, o campeão do mundo em título, nessa fase eliminado pelo Cazaquistão. Os argentinos, que nunca saíram da capital uzbeque, começaram a fase eliminatória com 2-0 à Croácia (resultado magro para tanto domínio…), e frente aos cazaques souberam aproveitar a debilidade física do adversário, na segunda parte, prosseguindo com uma goleada (6-1) para as meias-finais, onde os franceses fizeram a vida muito difícil à Argentina, sucumbindo apenas à sexta falta, e já próximo do final do encontro.

Eis os rivais sul-americanos a discutir o título mundial, depois de, já este ano, o Brasil ter ganho, na final da Copa América, a uma Argentina com sede de vingança. E se a dúvida persiste em relação à possibilidade brasileira de utilização do melhor do Mundo, Pito (a recuperar de lesão), já o incontornável Borruto é, aos 37 anos, a face mais visível da vontade alviceleste de, à terceira final consecutiva, conseguir o segundo título, depois do da Colômbia, há oito anos.

É a final mais desejada, vista por 150 países, e a piscar o olho aos Jogos Olímpicos.

Desilusão, evolução, confirmação

Portugal caiu nos oitavos de final frente ao Cazaquistão, com o 1-2 a surgir a 14 segundos do fim

Portugal, eliminado nos oitavos de final pelo Cazaquistão (1-2, com o último golo a surgir a apenas 14 segundos do fim), é a grande deceção, em termos competitivos, do torneio realizado no Uzbequistão.

Sendo campeão do mundo em título, uma parte importante dos holofotes iluminavam o conjunto orientado por Jorge Braz, que, para aqui chegar, fez um trabalho longo, competente e dedicado. Mas, no momento em que era verdadeiramente necessário puxar dos galões, Portugal perdeu, e não há como contornar esta evidência competitiva.

Fica a lição da Ásia Central, na certeza de que novos desafios irão surgir aos bicampeões europeus, começando, justamente, com o Campeonato da Europa de 2026.

Do lado positivo, Angola, Brasil e Argentina. Se os angolanos, mau grado não terem conseguido vencer nenhum dos encontros, demonstraram sob o comando técnico do português Marcos Antunes uma evolução assinalável no seu jogo e no seu processo competitivo (prometendo muito para uma terceira presença, dentro de quatro anos), os gigantes sul-americanos não oscilaram nos seus objetivos.

Com jogos duros e muito apertados nos resultados, brasileiros e argentinos confirmaram expectativas, foram conseguindo ultrapassar todos os obstáculos, e discutem entre si esta tarde o título mundial. Não se podia esperar muito mais…