Seria bom
Um leão cada vez menos verde
Soa a estranho ver o Sporting na liderança da Liga. Mas devo confessar que, sem nunca abdicar de querer que o meu FC Porto vença sempre, sempre, seria bom para o futebol português que os leões conquistassem o título. E o mesmo se diga do seu homónimo de Braga.
Outro Dragão, o mesmo Dragão
Prosseguem as manifestações de dupla personalidade por parte dos dragões. Bem na Liga dos Campeões, mal, incrivelmente mal, na compita doméstica. Voltaremos ao assunto para examinar tal disfuncionalidade.
Esquerda volver
Depois da surpreendente, mesmo espantosa, revelação que constituiu a campanha realizada na pretérita temporada pelo canadiano Alphonso Davies ao serviço do Bayern Munique, apenas o campeão europeu em título, e que faz dele, aos 20 anos, muito provavelmente, o melhor lateral esquerdo do mundo, também em Portugal estamos à bica de exibirmos novos valores para aquela posição específica, por norma sempre pobre em talentos. E logo 3 de uma só vez, a saber, o sportinguista Nuno Mendes e o benfiquista Nuno Tavares, além do nigeriano portista Zaidu.
O Nobel e os meninos
Os norte-americanos Paul Milgrom e Robert Wilson foram recentemente agraciados com o Nobel de Economia de 2020 devido, nas palavras da Real Academia Sueca de Ciências, às «melhorias na teoria dos leilões e criação de novos formatos de leilão».
Os trabalhos dos laureados demonstram, sobremaneira, dois proeminentes ensinamentos. Assim, em primeiro lugar provam que o formato de um leilão e as assimetrias de informação são determinantes para os resultados finais. As implicações desta lição são imensas para vendedores, compradores, intermediários e outros agentes com envolvimento directo ou indirecto em leilões de qualquer natureza, nomeadamente os realizados em plataformas electrónicas utilizadas por milhões de pessoas.
Os mencionados estudos académicos mais demonstram que os resultados de um determinado leilão dependem directamente do nível de informação sobre o valor do bem leiloado. E também que os resultados de um leilão derivam igualmente do nível de incerteza que os licitantes possuem sobre o valor do respectivo objecto. Porém, o aspecto mais atraente destas teses responde por aquilo a que se chama a maldição do vencedor. Esta maldição do vencedor é um fenómeno frequente, e portanto bem conhecido do mercado, que consiste na tendência de o lance vencedor numa disputa competitiva superar (num leilão de compra) o valor justo do bem ou serviço em questão. Essa maldição decorre principalmente de assimetrias de informação, do alto nível de competição e de desvios comportamentais.
Na prática, a maldição do vencedor sucede porque este acaba por ser o único competidor a propor o preço que efetivamente será pago, tendo todo o mercado dele discordado ao avaliar o bem ou serviço leiloado por valor inferior, como resulta do facto de todas as outras ofertas do mercado terem sido mais baixas do que a oferta vencedora.
Um indício da maldição do vencedor no mercado financeiro é o facto de, logo após uma operação de aquisição bem sucedida, ser comum uma quebra na cotação dos títulos da empresa compradora, com a inerente perda de valor na bolsa. Fica desta sorte evidente o quão importante é evitar a maldição do vencedor. Mais defendem os economistas distinguidos que em disputas nas quais o valor justo é incerto (como no caso das fusões e aquisições, por exemplo), frequentemente os concorrentes apresentam propostas distantes das suas próprias estimativas, precisamente para evitar a maldição do vencedor. Neste caso, porém, o risco é o oposto: se a maldição do vencedor gera perdas financeiras, exagerar na precaução pode resultar na não concretização de negócios rentáveis. Daí que o mais avisado seria elaborar uma avaliação independente e criteriosa. E acreditar neste valor, traçando a estratégia para se chegar, no máximo, ao mesmo.
Agora, conquistado o Nobel, só falta explicarem às gentes do futebol o racional das suas teses. Tenho a leve suspeita que não faltaria quem pensasse algo como isto: «Totós. Isto não é para meninos»!