Sérgio, não te renegamos!
Ninguém quer que Conceição saia só por sair, mas sim que saia para que seja maior
N ÃO acredito que alguém que goste de futebol e esteja preocupado com o medíocre nível da liga portuguesa queira ver Sérgio Conceição pelas costas. Se há quem o deseja, o que é bem possível devido à inenarrável cultura desportiva que existe neste país, é porque pouco prazer sente com o jogo, a não ser com o seu desfecho e apenas com aquele que diz respeito ao clube por que torce, para que no café se possa rir mais alto do que os amigos. Essa é, infelizmente, a nossa realidade e é generalizada, não assenta em qualquer fundamentação geográfica. Não fazemos nenhum favor ao técnico do FC Porto quando o consideramos um dos melhores na sua profissão e, mesmo com um lado por vezes excessivamente emotivo e descompensado que deveria ter já conseguido atenuar, não acredito que alguma vez este país o renegue.
Todos temos consciência de que a vitimização faz parte de um discurso virado para dentro, que se alimenta a si próprio. Nem tenho dúvidas de que Sérgio Conceição ainda está em Portugal pelo amor que tem ao FC Porto. No entanto, por muito que nos custe vê-lo um dia sair, é também natural que o queiramos ver trabalhar com uma massa crítica mais evoluída e moldável, a exemplo do que se deseja ainda a Rúben Amorim e se desejou a outros nomes do passado futebol indígena. Se ambos fazem muito com pouco, o que é inegável e merecedor dos mais rasgados elogios, será expectável que façam ainda mais com muito. Não se trata de querer que saiam por sair, porém é fácil imaginar vê-los a treinar um clube de uma Big Five, com aspirações a títulos bem mais prestigiantes do que o de campeão nacional.
Conceição está muito bem onde está. Em Portugal. Tal como Amorim. Contudo, se um dia quiserem mostrar lá fora tudo o que mostraram por cá, teremos todo o gosto em apoiar com orgulho.