Sérgio não é de desistir
Bobos da corte falam, treinador do FCP ganha. Provam-no os 3 títulos em 5 épocas. Contra factos, nenhum argumento!
A minha história com Sérgio Conceição é curta, curtíssima, resumindo-se a um encontro (quase) ocasional no final de setembro de 1998, poucas semanas após a transferência do então futebolista para a Lazio, à época sob a liderança do técnico sueco Sven-Goran Eriksson. Apesar da relação fugaz, creio que o treinador que hoje não conheço mantém o perfil do craque que conheci: ambição, competência, determinação, personalidade, talento e vontade de ganhar! O técnico do FC Porto, homem mais maduro e sábio que o daquele tempo cada vez mais distante, não é de desistir, nem de se deixar derrotar por contrariedades momentâneas. No Dragão, tem-no demonstrado ano após ano.
O treinador de 47 anos tem hoje os conhecimentos e a experiência que não tinha o jogador de 23 que conheci em Roma, depois da mudança para a capital italiana, para integrar, com outro internacional português, Fernando Couto, equipa de sonho campeã da Serie A de 1999/2000, título conquistado depois de ganhar a Supertaça de Itália de 1998 e antes de vencer a Taça de 1999/2000. O defesa deixara o FC Porto em 1994 e passou, ainda, pelo Parma e o Barcelona antes de ingressar na Lazio. Sérgio, não…
Conceição, por empréstimo dos azuis e brancos, passou por Penafiel, Leça e Felgueiras antes de conseguir afirmar-se nos dragões. Em 2 épocas (1996/1997 e 1997/1998), 2 títulos nacionais. Depois, saída milionária para a Lazio de Roma, por montante, na altura, recorde em transferências portuguesas, a rondar os 9 milhões de euros. Co- mo hoje, também naquela época clubes e futebolistas incapazes de resistirem aos argumentos financeiros dos emblemas mais poderosos da Europa. Francisco não é diferente do pai, Sérgio, nem o Dra- gão fortaleza maior do que as Antas. Tudo o resto, digam os habituais bobos da corte o que disserem, tem de lamentar-se.
Pode o treinador Sérgio impedir o futebolista Francisco de ambicionar mais e melhor para uma carreira profissional que está só no começo? Não! E pode o pai Sérgio impedir o filho Francisco de procurar a independência financeira e o êxito desportivo? Também não!
Mais uma vez, a SAD do FC Porto ignorou (?) a emergência de renovar uma ligação contratual, neste caso a do extremo de 19 anos. Perdeu o futebolista para o Ajax, que pagou os 5 milhões de euros inscritos numa cláusula de rescisão pequena para talento tão grande… Estranha, muito mais estranha, apenas a venda de Sérgio Oliveira para o Galatasaray, da Turquia, por 3 milhões de euros. Neste episódio ainda não explicado, vá lá perceber-se bem a razão, bobos da corte em silêncio.
Regresso ao princípio da história: em setembro de 1998, entrevistei Sérgio Conceição (e Fernando Couto) para A BOLA MAGAZINE. O André Alves assinou uma reportagem fotográfica, que incluiu, necessariamente, uma passagem pelo Coliseu de Roma, com o registo de imagens dos dois craques ao lado dos legionários que protegem aquele monumento Património da Humanidade, pela importância histórica que tem. O simbolismo do momento impunha-o: os internacionais portugueses explicavam-nos as motivações por trás da mudança para Itália: ambicionavam estatutos e vitórias no futebol europeu e mundial. E foram muitíssimo bem-sucedidos.
Legitimamente, 24 anos depois de Sérgio, Francisco tem ambições iguais! Se o filho for tão bom como o pai… Os adeptos do FC Porto podem apenas questionar-se sobre os comportamentos e as qualidades de uma equipa de administradores que obriga o treinador, época após época, a construir uma equipa quase nova. Até agora, fê-lo sempre de forma muito mais capaz do que a SAD de que é funcionário. Provam-no 3 títulos em 5 temporadas na nossa Liga (2017/2018, 2019/2020 e 2021/2022), 2 Supertaças e 2 Taças de Portugal. Ambição, competência, determinação, personalidade, talento e vontade de ganhar. Goste-se ou não do estilo. O do treinador não é diferente do do jogador.