Sérgio Conceição durante o primeiro treino no Milan
Sérgio Conceição no Milan (Foto: Milan)

Sérgio Conceição, o domador de egos

OPINIÃO03.01.202507:30

Mais um treinador português a assumir um dos gigantes mundiais. Tarefa não é fácil, mas Sérgio Conceição já teve menos potencial com que trabalhar. Uma coisa é certa: jogadores do Milan vão correr...

Ano novo, vida nova. Para Sérgio Conceição, a expressão faz ainda mais sentido neste início de 2025, com um desafio à escala mundial. Para o Milan, a esperança é que a troca de treinador português traga um pouco de ordem a uma casa cheia de talento, mas com demasiado individualismo. A aventura começa já hoje, contra a Juventus do filho Francisco, mas só quem não souber nada da família Conceição poderá suspeitar que alguma emoção se atravessará na luta de ambos pela vitória.

Acabou, então, o período sabático. Sete épocas ao comando do FC Porto já seriam suficientemente desgastantes para qualquer um, mais ainda num período de garrote financeiro e culminando numas eleições conturbadas, mas quando se é Sérgio Conceição tudo é tão levado ao limite que não há forma de descansar. Acredito que foi essencial para ele parar durante os últimos meses, respirar e voltar a ganhar forças para - nas palavras do próprio - nem dormir por causa do trabalho.

Conceição já não terá agora mais tempo para remoer sobre a saída dos dragões e a tão badalada (e alegada) traição de Vítor Bruno, porque o Milan é uma tarefa gigante e as notícias que foram chegando de Itália mostram que não bastará um treinador competente, como era e é Paulo Fonseca. A boa notícia para os adeptos e a estrutura rossoneri é que dificilmente encontrariam melhor se o principal objetivo é domar egos e colocar a equipa como prioridade para todos. Nem imagino o pânico de alguns jogadores (e agentes...) quando viram Sérgio ao lado de Zlatan Ibrahimovic e perceberam que a correria ia começar de imediato. A relação do técnico com o diretor, admito, será uma das minhas curiosidades. Conceição agarrou durante sete anos um dos grandes clubes portugueses, estando habituado a saber de tudo, mandar em quase tudo e impor as suas ideias. Se o Milan chegou à conclusão que é disso mesmo que precisa, estranho seria que depois lhe colocassem obstáculos.

Veremos o que o futuro - e sobretudo os resultados - lhes reserva. Para já, é de saudar o regresso ao ativo de um dos melhores treinadores portugueses, e logo ao comando de outro dos melhores talentos nacionais da atualidade. Rafael Leão tem estado no centro de algumas polémicas no Milan, mas tem agora, com Sérgio Conceição, uma oportunidade única de se afirmar finalmente. Se não se adaptar às (muitas!) exigências do técnico, suponho que a porta de saída se escancare; se correr bem, quem sabe se daqui a uns tempos será um nome falado para a Bola de Ouro...

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