‘Schmidtologia’, parte II
Roger Schmidt tem à sua frente a linha que separa um bom técnico de um excecional
Omercado não se ganha em junho nem os troféus se conquistam em tempo de transferências, porém fechar cedo alvos prioritários será sempre muito importante para dar maior solidez ao projeto desportivo. Com lacunas para suprir, mas também com dificuldades financeiras evidentes, FC Porto e Sporting apresentam-se não só mais cautelosos como também mais expectantes, assistindo-se à maior proatividade de Benfica e SC Braga. Os encarnados ainda não resolveram a questão do lateral-esquerdo e pensam também na baliza (repito: deveriam pensar num número 1 e não num suplente de Vlachodimos), mas até as eventuais saídas parecem mais ou menos controláveis, a julgar pelos nomes que surgem na Imprensa.
Roger Schmidt verá reforçada a qualidade do grupo e terá ainda mais argumentos para uma segunda época de sucesso, embora no confronto direto e na adaptação aos rivais o seu perfil ainda tenha deixado algumas dúvidas. É por aí que o alemão pode continuar a sua evolução, escrevendo ele próprio a segunda parte da sua Schmidtologia (sim, é o título do meu livro, humour me!). Se Rui Costa promete querer dar-lhe condições para que vença por KO, a resiliência que se espera na vizinhança e a norte sugere que é melhor ter desde logo boas estratégias para os outros pesos-pesados e com capacidade acentuada para ferir.
É o que depende de Schmidt. Essa poderá ser essa a linha que separa um bom treinador de um excecional: a capacidade de se colocar estrategicamente a meio-caminho sem que perca a identidade. Porque se até Guardiola reconhece que pode mudar, qualquer um é capaz de fazê-lo sem que o considerem um desertor das próprias ideias. No entanto, de nada vale pensar já na Europa. Só o Real Madrid pode fazê-lo e esquecer Espanha. Todos os demais têm de ser os maiores na sua própria rua.