Schmidt por todo o lado
Se o Benfica conquistar o título, esta Liga terá o nome de Schmidt escrito por todo o lado
SCHMIDT, dizem, é teimoso, substitui tarde, não consegue mexer com o jogo, dá férias a mais, apresenta-se passivo e demasiado silencioso no banco e até, pasme-se, mostra-se por vezes excessivamente ofensivo. Antes ainda de ser confirmado no Benfica, a sentença de muitos apontava que em Portugal havia igual ou melhor. Para mim, não sendo perfeito e ainda poder acrescentar melhores versões à atual - sobretudo um lado mais camaleónico para poder inclinar de forma mais estratégica tabuleiros mais exigentes -, o alemão é sobretudo uma ideia inegociável e um exemplo de gestão que deveria ser olhado com muita atenção.
A sua teimosia permite, paradoxalmente, que os jogadores acrescentem camadas-extra ao modelo e, na Luz, João Mário, Grimaldo, Florentino, Chiquinho, Neves e Aursnes oferecem-lhe a pausa que este não foi capaz de absorver totalmente em Eindhoven (já Rafa, apesar da tomada de decisão agonizante, explicou diante do SC Braga porque continua a cumprir praticamente todos os minutos). Obstinado, Schmidt não desiste dos jogadores, retira-lhe os rótulos e acredita neles por vezes para lá do limite da calma das bancadas. João Neves é o último rosto da gestão do técnico, que soube ter paciência, achar o momento certo - que coincide com uma fase de necessidade da própria equipa - sem olhar ao risco e confiou sempre. É inegável a importância que o jovem está a adquirir no onze e dificilmente de lá sairá.
A confiança que o treinador tem no modelo e nos jogadores tornou natural a retoma desde o empate de Milão, após o pós-pausa internacional mais traumático (e também mais exigente) da época. O SC Braga foi, confesso, o que esperava. Simplesmente, ainda não chega. Já o Benfica ainda precisa de confirmar o título, porém se o conseguir esta Liga terá o nome de Schmidt escrito por todo o lado.