Schmidt nunca mais perde?...
Vai ser preciso esperar pelo PSG para ver se os que se dão mal com o sucesso da águia poderão sentir algum alívio…
Ocalendário simpático e a sorte têm sido os argumentos mais utilizados por quem não gosta do Benfica para apoucar a sua marcha vitoriosa, sentenciada a fraquejar perante um oponente de meter medo, ao nível da Juventus, por exemplo. Nem assim, porém, vai ser preciso esperar pelo PSG para ver se os que se dão mal com o sucesso da águia poderão sentir algum alívio…
Os adeptos portugueses continuam tacanhos, os dirigentes dos clubes não ajudam, a Liga faz que manda e, por isso, vai demorar até que o ambiente nos estádios cá da terra possa apresentar algumas parecenças com o que se assiste nos ingleses, estes quase sempre cheios e os nossos, exceptuando meia dúzia de casos, desoladamente às moscas.
No primeiro ano de Rui Costa, e com o treinador por ele escolhido, pode concluir-se que foi acertada a opção por um estrangeiro, ainda por cima alemão, de poucos sorrisos e menos conversas, distante das intrigas de rua e das discussões de bairro, mas sem as ignorar.
ROGER SCHMIDT tem-se revelado uma agradável surpresa. É poupado na palavra, mas diz o que quer dizer. A mensagem passa, para dentro e para fora. Na projecção do jogo de Turim recusou o favoritismo, mas acentuou o objetivo de vitória e mandou às urtigas fantasmas táticos que tanto afligem os técnicos lusos «Podem jogar como quiserem», disse, porque o mais importante é «focarmo-nos no que podemos fazer bem e ter respeito pelo adversário, acreditando na nossa tática e na nossa estratégia».
Outro aspecto a que atribui especial cuidado prende-se com o respeito pela história. «A Juventus é uma equipa imensa a nível europeu, como o Benfica», salientou. Um frase banal, mas de enorme significado para a família encarnada, que a escutou e a leu com agradecimento, os mais velhos, por alguém lhes ter recordado os tempos de glória que durante três décadas no século passado permitiram à aguia conviver com a elite do futebol mundial, e os mais novos, por terem, finalmente, um treinador que conhece, respeita e promove, o que é mais espantoso, esse passado glorioso.
RUI COSTA teve a felicidade de encontrar a pessoa certa. Não me refiro à nacionalidade, mas sim à mentalidade. Alguém que chega humilde e agradecido por um clube com a dimensão do Benfica se ter lembrado dele. Alguém que chega para contribuir para a mudança que se impõe. Alguém que chega para oferecer conquistas ao clube e projectar-se profissionalmente. Alguém que quer deixar a sua marca, tal como Sven Goran-Eriksson, o último treinador que jogou uma final da Taça dos Campeões Europeus, em 1990.
Trinta e dois depois anos depois, Rui Costa escolheu alguém para ganhar, sem dúvida, mas, principalmente, para o ajudar a encontrar o caminho perdido.
ATENÇÃO AO BRAGA
N AS primeiras sete jornadas, este campeonato faz recordar o de 2010, em que o título foi discutido a dois, entre Benfica e SC Braga. À sétima jornada, era o clube bracarense, treinado por Domingos Paciência, quem liderava, com 21 pontos, à frente do Benfica, menos dois, e do FC Porto, menos cinco. No quarto lugar surgia o Sporting, já a dez pontos de distância.
Hoje, lidera o Benfica, também com 21 pontos, e o SC Braga é segundo, com 19. Na terceira posição mantém-se o FC Porto com os mesmos 16 pontos. No que se refere ao Sporting, está agora a onze pontos do líder, mas na classificação desceu do quarto para o oitavo lugar, abaixo de Boavista, Portimonense, Casa Pia e Estoril.
Nesse ano de 2010, o SC Braga entrou na Liga dos Campeões e António Salvador, o seu presidente, não mais se esqueceu da proeza que colocou no mapa da Europa do futebol o clube, a cidade e a região. Recordo-me de, na altura, uma emigrante portuguesa, tradutora e contratada para acompanhar grupos de políticos e empresários me ter confessado o seu orgulho quando , ao saberem que era natural de Braga, as pessoas lhe dizerem que conheciam muito bem. Ao que ela perguntava, mas conhece a cidade? Não, o clube, o que joga na Champions.
António Salvador, na minha opinião o melhor dos presidentes, pode ter mau feitio, se calhar, sim, mas quem ‘reforça’ o Sporting com Ruben Amorim, mais Paulinho e Esgaio, quem negoceia David Carmo com o FC Porto por vinte milhões e quem faz frente ao Benfica e impede a transferência de Ricardo Horta é porque não é igual aos outros. Tem um projecto, basta reparar no crescimento do seu Braga e fazer comparações entre o que era quando ele chegou e o que é hoje.
O SC Braga está forte, muito forte. Não sei se vai repetir a presença numa final da Liga Europa, mas sei que joga com alegria, marca golos que se farta e de uma coisa não tenho a menor dúvida: Salvador quer voltar à Champions . Como? Tal como em 2010, apontar aos dois primeiros lugares. O jogo FC Porto-SC Braga da próxima jornada, a 30 de Setembro, assume a importância de uma final: para os portistas… garantidamente.