Amorim, uma história que se repete
À primeira notícia da saída de Ten Hag terão reagido os sportinguistas com desconfiança, porque, ao fim e ao cabo, sabem o que têm no banco.
Poucas coisas podiam abalar o leão como as que decorreram nas últimas horas, mas a saída de Rúben Amorim é o fator que pode mudar tudo num campeonato em que o leão tem sido avassalador.
Desde o dia em que deixou cair o microfone que Rúben Amorim teve em mente apenas e só uma coisa: ganhar a Liga de forma consecutiva para o Sporting. Aquele momento foi a antevisão clara do que se viu depois. Amorim não só ia ficar em Alvalade como desta vez não ia deixar ninguém relaxar na revalidação do título.
Aquele foi o primeiro momento de motivação para 2024/25 e para acabar com algo que a dimensão do Sporting em Portugal não devia conceber: mais de 70 anos sem um bicampeonato.
Com o clube estável e a equipa a demolir adversários internos, nem a saída de Hugo Viana, um ator importante, beliscou a campanha, pois ela só produz efeitos no final de época.
Só algo muito grande podia mudar as coisas. E o Manchester United é enorme. À primeira notícia da saída de Ten Hag terão reagido os sportinguistas com desconfiança, porque, ao fim e ao cabo, sabem o que têm no banco. E que Rúben Amorim tem o perfil de treinador que o ManUtd necessita.
Ninguém se engane: os red devils são um dos maiores clubes do mundo. Menos títulos que o Real Madrid, mas com tanta repercussão mediática e alcance nas pessoas. Com uma nova gestão, o United necessita de um treinador que saiba dar a volta às coisas. Alguém que entenda o que é um clube grande, que una na comunicação e que produza futebol com resultados. No papel, Rúben está certo.
Há demasiadas semelhanças entre dois momentos cruciais para Amorim e o Sporting. O clube leonino era um clube com problemas, cheio de dúvidas, com a grandeza em causa quando Amorim ali chegou. Vindo, já agora, de um emblema estável o que provocou a pergunta: porque trocaria o técnico a estabilidade de um SC Braga em franco crescimento pelo Sporting? Porque o Sporting é o Sporting, tinha mais poderio, financeiro também, e há oportunidades que nem um homem com coração benfiquista pode desperdiçar.
A história quase se repete, com o United a forçar para levar o treinador que se vê, de novo, com o desejo de um clube de dimensão maior. O ManUtd necessita de treinador para agora, pois, tal como Amorim fez mal chegou a Alvalade, precisa de ganhar o futuro.
Amorim viu, analisou e decidiu quem queria naqueles meses de 2019/20. Chegar a Old Trafford já seria aplicar a mesma fórmula, num clube que tem o presente para jogar, mas sobretudo o futuro para ganhar.
Os adeptos rivais terão alguma esperança em que as coisas não sejam tão suaves como estão a ser em Alvalade. A gestão do momento não passará apenas pela decisão de promover João Pereira, mas sim pelo modo como ela será feita, pois há muito em risco.
Já Rúben, para além do acento no nome, tem pouco a perder.