Amorim pode vir a ser o 'the one'

OPINIÃO30.10.202415:26

Há um equilíbrio difícil por encontrar em Alvalade sobre a sua saída, mas o que Rúben transportará do Sporting para a metade vermelha de Manchester poderá ser decisivo para ressuscitar o United

O Manchester United é hoje um cemitério de treinadores, mas não o será para sempre. Porque um gigante, e é preciso não esquecer o que valem os red devils em termos históricos e de globalização da marca quando comparados com outros que ostentam estatuto semelhante, reencontrará na maior parte das vezes o caminho. Só não se sabe quando.

É por isso que, de uma perspetiva apenas desportiva, Rúben Amorim poderá usar mais uma vez o tal e se corre bem para justificar a troca da hipótese de um bicampeonato histórico por se poder tornar naquele que fará o que ainda não foi feito: ressuscitar o 14.º classificado da Premier, em agonia no pós-Ferguson. Depois, há as outras: a qualidade do melhor campeonato da atualidade, a possibilidade de treinar ainda melhores jogadores e, claro, o aspeto financeiro.

Real-Barça: para ganhar assim é preciso coragem

27 outubro 2024, 10:00

Real-Barça: para ganhar assim é preciso coragem

Hans-Dieter Flick entrou sem medo com o Barcelona no estádio do grande rival e conseguiu uma goleada e um murro no estômago do madridismo, ainda inchado com o título de campeão europeu

A experiência no Sporting poderá ajudá-lo a ter sucesso em Inglaterra. A ser o the one. Não special, não happy, não o normal one, apenas o tal. A pessoa certa. Porque Rúben é, desde que chegou a Alvalade, muito mais do que um treinador com uma filosofia e um sistema bem identificados. É a figura central do sucesso leonino, assumindo papeis determinantes na definição do mercado e na comunicação, e absorvendo praticamente os dois outros rostos do triunvirato: Frederico Varandas, que tem agora a missão de defender o melhor possível o clube, talvez mesmo a apontar para a paragem das seleções, antes de ter de voltar a acertar no nome seguinte, e Hugo Viana, que ainda assim sobressaiu o suficiente para ser contratado pelo Manchester City.

Aliás, o reencontro no Etihad até parecia mais provável, todavia talvez Amorim não queira esperar por uma decisão de Guardiola sobre o seu futuro, além da pesada herança que receberia se o espanhol optasse por sair. Talvez haja mais a conquistar enquanto treinador em Old Trafford. Só ele o poderá dizer.

A situação é, obviamente, delicada. Para todos. Emocionalmente, pode ser difícil de entender. Racionalmente, é o de sempre: há comboios que só passam uma vez. E clubes que nunca se recusam. Se Amorim se serviu do Sporting para se construir enquanto técnico, também o clube deve muito ao seu talento. Basta olhar para o antes e para o que a sua entrada significou no tal triunvirato que existia e já tinha cometido erros. Por isso, tem de haver também gratidão. E o equilíbrio entre tudo isto nunca será fácil. Com o tempo gasto a poder ser contraproducente para o ambiente que rodeia a equipa.