Jogadores do Barcelona festejam goleada ao Bayern Munique no Camp Nou, em jogo da terceira jornada da nova Liga dos Campeões
Jogadores do Barcelona festejam goleada ao Bayern Munique no Camp Nou, em jogo da terceira jornada da nova Liga dos Campeões
Foto: IMAGO

Champions: incerteza no que era quase certo, exceto no teste do algodão

OPINIÃO10:00

Aston Villa e Liverpool lideram e há tubarões a sofrer, embora a nova Champions só tenha três jornadas realizadas. A incerteza faz disparar o interesse. Para muitos é o teste do algodão

Há uma nova Liga dos Campeões mais emocionante e propensa a algumas surpresas, ainda que apenas três jornadas tenham passado. Basta olhar para um Aston Villa, em que obviamente se reconhece competência, sobretudo desde a entrada de Unai Emery e Monchi, porém sem a capacidade de sedução dos gigantes do futebol mundial no diz respeito aos melhores jogadores, a dividir o primeiro lugar com o Liverpool. Ou para um Brest, construído desde janeiro de 2023, por um Éric Roy afastado do banco há mais de 11 anos, à base de emprestados, jogadores livres ou de clubes ainda mais modestos, no grupo dos segundos, onde também se encontra o Sporting campeão português e líder incontestado da Liga.

E não é só. É preciso descer bastantes degraus, até ao 19.º, para encontrarmos o multimilionário Paris Saint-Germain de Vitinha, João Neves, Gonçalo Ramos e Nuno Mendes, com quatro pontos. Mais abaixo ainda, no 23.º, damos conta do Bayern de João Palhinha, no 25.º do Milan de Paulo Fonseca e Rafael Leão e no 27.º do Atlético Madrid, todos com três apenas. Em 31.º anda o Leipzig de André Silva, líder da Bundesliga a par dos bávaros, sem qualquer ponto conquistado.

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Embora o número de jogos represente já metade dos realizados no anterior formato da fase de grupos, embora pouco mais de um terço do atual, a consequência é uma incerteza enorme, de modo que se o Benfica tivesse ganhado ao Feyenoord seria hoje um dos líderes e assim, com a derrota, ocupa apenas o 13.º posto, um lugar de play off, antes de visitar a 6 de novembro Munique, uma cidade e, sobretudo, um adversário que escavam más memórias e alguns fantasmas nas profundezas da consciência coletiva encarnada.

A montra das fragilidades

No caso do Benfica e de muitos outros emblemas, a Liga dos Campeões é sempre a prova dos 9 à consistência e solidez dos respetivos processos e projetos desportivos. Ninguém joga para perder ou empatar, ainda mais numa competição remodelada, que acrescenta ao nível de dificuldade a falta de experimentação, e por isso, tirando um ou outro caso isolado em que alguma sobranceria possa ter aparecido, o mais provável é que todos estejam a colocar tudo o que têm, dentro do contexto do momento atual da época, em campo. É válido, por exemplo, para o Bayern, que goleou no Arena o Dínamo Zagreb (9-2), perdeu em Birmingham (1-0) e foi goleado em Barcelona (4-1), fazendo abrir naturalmente algumas fissuras na imagem de Vincent Kompany, que depois de não ter evitado a descida do Burnley chegou à Sabener Strasse com alguma estranheza, graças à recomendação do ex-treinador Pep Guardiola. O espanhol, por sua vez, tinha liderado com sucesso os bávaros antes de trabalhar com o belga em Manchester. Os resultados dos germânicos podem dar algumas esperanças a Bruno Lage, todavia continua a ser a besta negra europeia e com poder de fogo ao alcance de poucos.

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O mesmo se pode aplicar ao Atlético Madrid, goleado na Luz por 4-0, depois de ter batido o RB Leipzig e antes de agora perder, no Metropolitano, com o Lille, quarto da bem menos atrativa Ligue 1, por 3-1. Os sete pontos que separam os colchoneros do líder Barcelona numa fase ainda precoce do campeonato espanhol dizem muito do momento que atravessa a equipa de Cholo Simeone. Essas fragilidades notam-se, obviamente, no teste do algodão que é a Champions, mesmo perante equipas que dificilmente na sua história irão ser consideradas tubarões.

O Bolonha na encruzilhada lusa

De regresso ao Benfica, a derrota não coloca em causa a chegada à próxima fase, mas a estrada fica mais estreita, deixando os tais 9 pontos dependentes da receção ao Bolonha, na antepenúltima jornada, se os encarnados não garantirem pontos nas difíceis saídas a Munique e Mónaco. E talvez não chegue. Não se sabe. É apenas um palpite da UEFA. Depois, há receção a um Barcelona que aparenta transpirar saúde – antes de um El Clásico que muito promete – e a visita à Juventus. É evidente que há demasiadas condicionantes, contudo não será totalmente errado dizer que este Feyenoord, que ainda se tenta ajustar ao dinamarquês Brian Priske e só agora parece ter convencido um pouco a crítica, estava entre as equipas consideradas acessíveis e dominou os portugueses, no seu estádio repleto e entusiasmado, moralizados desde a entrada do novo treinador, durante praticamente todo o encontro. Também para o Benfica ficaram expostas fragilidades que tinham sido bem maquilhadas até aqui por Bruno Lage e que vão certamente obrigar a retoques. Se todas as equipas podem ter acidentes, cabe agora ao grupo provar que não passou disso mesmo e voltar aos bons desempenhos e ao rumo estabelecido no pós-Roger Schmidt.

O Sporting cumpriu um plano bem delineado para bater o Sturm Graz e se chegar à frente na tabela, e o percurso parece estar bem aberto para ir mais longe na competição. No entanto, as visitas de Manchester City e Arsenal no próximo mês encerram uma exigência que os austríacos, o Lille e até um PSV muito bem trabalhado por um ressuscitado Peter Bosz não apresentaram. Se os leões não conseguirem pontuar diante dos favoritos ingleses, o que seria considerado sempre um bónus e um resultado extraordinário – mesmo com o exemplo da última época na Liga Europa diante dos gunners –, têm logo a seguir a visita a Brugge e, na última jornada, a receção ao Bolonha para chegarem aos pontos necessários, ainda que Leipzig esteja entre as duas partidas e não seja descabido extrair algo diante da equipa da Red Bull.

A UEFA terá, aparentemente, encontrado aqui uma fórmula para revitalizar a competição e até criar um pouco, pelo menos durante mais tempo, a dúvida sobre quem avança para a fase a eliminar. O efeito surpresa não durará para sempre, porém para já é reclinar na cadeira e apreciar o espetáculo. Que será sempre melhor com uma boa resposta das equipas portuguesas.