Hans-Dieter Flick entrou sem medo com o Barcelona no estádio do grande rival e conseguiu uma goleada e um murro no estômago do madridismo, ainda inchado com o título de campeão europeu
Que grande clássico no Bernabéu! Que coragem de Flick! O alemão passou por tempos complicados ao comando da Mannschaft e, mesmo assim, aterrou com uma confiança inesgotável e impensável no Camp Nou, onde soube respeitar a filosofia e a identidade do clube, e o viveiro eterno de La Masia, e reagir com pensamentos positivos às más notícias que lhe apareceram no ainda curto trajeto na Catalunha.
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A certa altura, perdeu Ter Stegen, o seu número 1 e guarda-redes de classe mundial – talvez mesmo o melhor da atualidade – , com uma lesão grave. Ontem, foi Iñaki Peña quem fez defesas incríveis, ao nível do antecessor. E os problemas não se ficaram por aí. Christensen foi traído pelo tendão de Aquiles e Ronald Araújo e Eric García pelos músculos, porém terão sido poucos os que se lembraram deles, com tantos cortes de qualidade assinados por Koundé, o miúdo Cubarsí, Iñigo Martínez e Baldé. Os quatro subiram sem medo – e Flick também não o teve – até à linha de meio-campo e atraíram, jogada após jogada, Mbappé para a teia do fora de jogo, levando-o ao desespero. Já o lateral-esquerdo contribuiu ainda com muitos raides pelo seu flanco e a assistência para o segundo golo culé.
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No meio-campo, Fermín e Casadó tiveram o apoio de Pedri. Três médios de 21 anos, que lutaram como leões até ao momento em que se tornaram superiores e destroçaram o rival. O passe do segundo para o 0-1 é delicioso, uma verdadeira obra de arte. Dani Olmo, De Jong e Gavi estavam no banco, entraram depois.
Ficou 0-4 e todavia, já depois do bis, Lewandowski atirou ao poste e desperdiçou outra bola por cima, tal como Raphinha, que teve também o segundo golo no pé direito. O resultado diante do campeão europeu poderia ter sido ainda mais memorável, mesmo que a festa não deva adormecer tão cedo por toda a Catalunha.
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É verdade que a filosofia de Flick não diferia assim tanto daquela que o esperava, embora obviamente a uma outra dimensão. Se bem se recordam, e por muito surpreendente que tenha sido então e ainda o seja, Tiago Dantas foi contratado para o Bayern precisamente devido à qualidade técnica que via no jovem médio. Ou seja, o técnico sempre apontou para a posse, inspirando-se naturalmente em Guardiola na sua passagem pela Alemanha, mas também em Joachim Low, de quem foi adjunto na primeira passagem pela seleção.
Ainda é demasiado cedo, contudo Flick tem aos seus pés, até ver, a nação catalã.